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Sarajevo lança mensagem de paz centenária da Primeira Guerra

A comemoração em Sarajevo culminou com um concerto da Orquestra Filarmônica de Viena

Monumento de Gavrilo Princip inaugurado em Sarajevo (Dado Ruvic/Reuters)

Monumento de Gavrilo Princip inaugurado em Sarajevo (Dado Ruvic/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2014 às 08h42.

Sarajevo - Sarajevo lançou neste sábado uma mensagem de paz e unidade na Europa nos atos para comemorar o centenário do atentado que começou a Primeira Guerra Mundial, embora a Bósnia e Hezergovina tenha lembrado dividida e de forma muito diferente a data fatídica.

No dia 28 de junho de 1914, o servo-bósnio Gavrilo Princip assassinou a tiros na capital bósnia os herdeiros do Império Austro-Húngaro, o arquiduque Francisco Ferdinando e sua esposa Sofia.

A comemoração em Sarajevo culminou com um concerto da Orquestra Filarmônica de Viena, que começou com o hino bósnio e concluiu com o da União Europeia e a valsa 'As Palmas da Paz' de Joseph Strauss, como mensagem simbólica musical pela paz e pelo futuro comum europeu.

O presidente austríaco, Heinz Fischer, os chefes de Estado croata, macedônio e montenegrino e outros convidados de vários países da Europa, assim como altos cargos bósnios assistiram à cerimônia, na qual não houve representantes sérvios nem servo-bósnios.

Fischer declarou antes do concerto que era um 'sinal de esperança para o futuro' e de unidade para a Europa que essa data fatídica pudesse ser lembrada junto a tantos outros altos líderes.

O ex-eurodeputado austríaco Carlos de Habsburgo-Lorena, neto de Carlos I, o último imperador da Áustria-Hungria, que também foi ao ato solene, defendeu diante da imprensa uma Europa unida e forte para evitar futuros conflitos.

'Precisamos de uma Europa unida, e uma coisa é certa: a Europa nunca estará completa sem a Bósnia', disse.

Os secretários de Estado francês e alemão encarregados de Assuntos Europeus, Harlem Désir e Michael Roth, respectivamente, também defenderam durante uma conferência uma Europa unida, com a Bósnia e outros países balcânicos fazendo parte dela.

A Biblioteca de Sarajevo, na época Prefeitura, foi o último lugar visitado por Francisco Ferdinando e sua esposa antes do atentado.

A famosa orquestra interpretou ali obras de compositores austríacos, alemães e franceses (Joseph Haydn, Franz Schubert, Alban Berg, Johannes Brahms e Maurice Ravel), sob a batuta do mestre Franz Welser-Möst.

'Com nossa música desejamos mostrar o profundo respeito pela unidade da Europa, porque acreditamos que representa uma missão visionária pela paz', destacou o diretor austríaco no início do recital.

Quando o concerto começou, se reuniu de forma pacífica perto do prédio um protesto com cerca de 20 pessoas - usando máscaras com a imagem de Princip e cartazes com inscrições como 'Estamos novamente ocupados' e 'Eu sou Gavrilo Princip'.

O concerto foi o ponto alto de um dia intenso de exposições, conferências, obras de teatro e atos culturais pelo centenário do magnicídio que deu início à Grande Guerra, um conflito que deixou dez milhões de mortos.

O destaque, no entanto, foi a ausência de representantes sérvios, que lembram neste sábado a data em cerimônia paralela na cidade servo-bósnia de Visegrad, na qual Princip foi homenageado.

A figura de Princip é uma mostra mais das grandes diferenças entre os políticos e povos bósnios, e enquanto os sérvios o veem com um herói e lutador pela liberdade, a maioria dos muçulmanos e croatas o percebem como um terrorista.

Em Sarajevo, vários cidadãos e turistas vindos de todas as partes percorriam galerias do centro da capital para ver exposições de fotógrafos, pintores e desenhistas de histórias em quadrinhos bósnios e estrangeiros com temas como a guerra, a dignidade humana e a paz.

Um dos lugares mais visitados foi o Museu do Atentado, o único lugar de Sarajevo que guarda a lembrança do magnicida e de outros membros da organização à qual pertenceu, a Jovem Bósnia.

O espetáculo musical e cênico 'Um século de paz após um século de guerras', do diretor bósnio Haris Pasovic e protagonizado por cerca de 300 participantes de 12 países, encerrou a jornada comemorativa.

As autoridades sérvias e servo-bósnias, por sua vez, lembraram o centenário com a inauguração de 'Andricgrad', uma cidade dedicada às artes e criada pelo cineasta Emir Kusturica.

Esta comemoração inclui um espetáculo de teatro em que participaram 500 figurantes e 20 atores, e que reconstruirá o atentado, assim como homenagens aos membros da organização Jovem Bósnia que participaram dele e às vítimas da Primeira Guerra Mundial.

Muitos sérvios acusam políticos muçulmanos e croatas de tentativas de revisionismo histórico, ao pretender responsabilizar apenas os sérvios pela Primeira Guerra Mundial e pelos conflitos da antiga Iugoslávia na década de 1990. EFE

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