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Sandy leva primeira ação dos Médicos Sem Fronteiras aos EUA

Depois da supertempestade Sandy, os Médicos Sem Fronteiras (MSF) estabeleceram a primeira clínica da sua história nos EUA

MSF estabeleceu clínicas temporárias em Rockaways --uma remota parte do Queens voltada para o Atlântico-- para atender moradores de prédios que ainda estão sem energia (Stan Honda/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2012 às 09h31.

Nova York - A médica Lucy Doyle, de Manhattan, já passou temporadas colaborando com a entidade Médicos Sem Fronteiras na República Democrática do Congo e no Quênia. Sua nova missão foi surpreendente: Nova York.

Depois da supertempestade Sandy , os Médicos Sem Fronteiras (MSF) estabeleceram a primeira clínica da sua história nos EUA, e Doyle está na linha de frente do desastre, a poucos quilômetros do seu emprego habitual.

"Muitos de nós dizem que parece bastante com estar no campo em um país estrangeiro", disse Doyle, que normalmente trabalha no Hospital Bellevue, de Nova York, atualmente fechado por causa dos danos causados pela tempestade.

Uma semana depois da passagem de Sandy, que paralisou os transportes e o fornecimento elétrico em partes da cidade durante vários dias, o MSF estabeleceu clínicas temporárias em Rockaways --uma remota parte do Queens voltada para o Atlântico-- para atender moradores de prédios que ainda estão sem energia e calefação, e que ficaram isolados pela tempestade.

"Não acho que nenhum de nós esperasse ver esse nível de falta de acesso ao atendimento médico", disse Doyle.

Na quarta-feira, as autoridades registraram mais uma morte em Rockaways, elevando a 121 o total de vítimas fatais por causa da tempestade nos EUA e no Canadá. Estima-se que ainda haja dezenas de milhares de desabrigados em Nova York.


A situação em Rockaways é complicada: os prédios estão sem elevadores funcionando, as ruas ficam às escuras, e até um ou dois dias atrás as farmácias que não haviam sido destruídas continuavam fechadas. A ausência quase completa da polícia, somada à escuridão, deixou os moradores temerosos de saírem dos seus apartamentos.

"Suas farmácias estão fechadas. Seus consultórios médicos estão fechados. Eles precisam de um jeito de repor os remédios de uso constante", disse a médica Danya Reich, do Grupo Médico Beth Israel, em Manhattan, que esperava para dar consultas num ambulatório improvisado dentro de uma lavanderia, no primeiro andar de um prédio.

Num esquálido edifício à beira-mar, sem energia nem calefação há 11 dias, a escadaria fedia a vômito e urina. Apesar disso, um fluxo constante de moradores subia e descia, e alguns brincavam que pelo menos estão podendo se exercitar.

Um caso especialmente preocupante para os médicos é o de um casal que mora no 15o andar. Victor Ocasio, de 46 anos, tem bronquite crônica, asma e tem vomitado sangue. Sua esposa, Lorraine Bryant, 42 anos, é diabética, obesa e usa um andador. Ambos se queixam de tonturas e dores no peito.

"Estou assustada de descer esses degraus. Já caí antes e estou assustada de cair de novo", disse a mulher, que reluta em ir para um albergue, onde ela e o marido teriam atendimento médico regular. "Estou com medo de ir para um albergue. Coisas ruins acontecem lá", afirmou.

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Nova York - A médica Lucy Doyle, de Manhattan, já passou temporadas colaborando com a entidade Médicos Sem Fronteiras na República Democrática do Congo e no Quênia. Sua nova missão foi surpreendente: Nova York.

Depois da supertempestade Sandy , os Médicos Sem Fronteiras (MSF) estabeleceram a primeira clínica da sua história nos EUA, e Doyle está na linha de frente do desastre, a poucos quilômetros do seu emprego habitual.

"Muitos de nós dizem que parece bastante com estar no campo em um país estrangeiro", disse Doyle, que normalmente trabalha no Hospital Bellevue, de Nova York, atualmente fechado por causa dos danos causados pela tempestade.

Uma semana depois da passagem de Sandy, que paralisou os transportes e o fornecimento elétrico em partes da cidade durante vários dias, o MSF estabeleceu clínicas temporárias em Rockaways --uma remota parte do Queens voltada para o Atlântico-- para atender moradores de prédios que ainda estão sem energia e calefação, e que ficaram isolados pela tempestade.

"Não acho que nenhum de nós esperasse ver esse nível de falta de acesso ao atendimento médico", disse Doyle.

Na quarta-feira, as autoridades registraram mais uma morte em Rockaways, elevando a 121 o total de vítimas fatais por causa da tempestade nos EUA e no Canadá. Estima-se que ainda haja dezenas de milhares de desabrigados em Nova York.


A situação em Rockaways é complicada: os prédios estão sem elevadores funcionando, as ruas ficam às escuras, e até um ou dois dias atrás as farmácias que não haviam sido destruídas continuavam fechadas. A ausência quase completa da polícia, somada à escuridão, deixou os moradores temerosos de saírem dos seus apartamentos.

"Suas farmácias estão fechadas. Seus consultórios médicos estão fechados. Eles precisam de um jeito de repor os remédios de uso constante", disse a médica Danya Reich, do Grupo Médico Beth Israel, em Manhattan, que esperava para dar consultas num ambulatório improvisado dentro de uma lavanderia, no primeiro andar de um prédio.

Num esquálido edifício à beira-mar, sem energia nem calefação há 11 dias, a escadaria fedia a vômito e urina. Apesar disso, um fluxo constante de moradores subia e descia, e alguns brincavam que pelo menos estão podendo se exercitar.

Um caso especialmente preocupante para os médicos é o de um casal que mora no 15o andar. Victor Ocasio, de 46 anos, tem bronquite crônica, asma e tem vomitado sangue. Sua esposa, Lorraine Bryant, 42 anos, é diabética, obesa e usa um andador. Ambos se queixam de tonturas e dores no peito.

"Estou assustada de descer esses degraus. Já caí antes e estou assustada de cair de novo", disse a mulher, que reluta em ir para um albergue, onde ela e o marido teriam atendimento médico regular. "Estou com medo de ir para um albergue. Coisas ruins acontecem lá", afirmou.

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