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Sánchez permanecerá no cargo de primeiro-ministro da Espanha após ameaçar renúncia

"Decidi continuar, continuar com ainda mais força, se possível", afirmou Sánchez em uma mensagem ao país no Palácio da Moncloa

Pedro Sánchez: primeiro ministro da Espanha desiste de renúncia (AFP/AFP)

Pedro Sánchez: primeiro ministro da Espanha desiste de renúncia (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 29 de abril de 2024 às 09h01.

O primeiro-ministro da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, anunciou nesta segunda-feira, 29, que permanecerá à frente do Executivo, depois de ameaçar renunciar devido ao assédio pessoal que afirma sofrer da oposição.

"Decidi continuar, continuar com ainda mais força, se possível", afirmou Sánchez em uma mensagem ao país no Palácio da Moncloa.

O anúncio acaba com o cenário de incerteza que começou na quarta-feira, 24, da semana passada, quando Sánchez disse que teria alguns dias para refletir sobre a renúncia, depois de criticar o "assédio" da direita e da extrema-direita contra sua família, após a divulgação da abertura de uma investigação judicial contra sua esposa, Begoña Gómez, por suposta "corrupção".

Adepto das ações de grande efeito político, Sánchez cancelou sua agenda pública até esta segunda. Ele não participou nos comícios durante o primeiro fim de semana de campanha para as eleições regionais cruciais de 12 de maio na Catalunha, onde os socialistas tentam retirar os independentistas do poder.

"Mostraremos ao mundo como se defende a democracia, acabemos com esta sujeira da única forma possível, com a rejeição coletiva, serena e democrática, que vai além das siglas e das ideologias, que eu me comprometo a liderar com firmeza como presidente do Governo de Espanha", acrescentou.

Regenerar a democracia

As manifestações em Madri e outras regiões da Espanha no fim de semana "influenciaram decisivamente a minha reflexão", declarou Sánchez, que criticou as "farsas deliberadas" apresentadas pela oposição.

"Assumo diante de vocês o meu compromisso de trabalhar sem descanso, com firmeza e com serenidade pela regeneração pendente da nossa democracia", acrescentou em seu discurso o líder socialista, que permaneceu em total silêncio nos últimos dias, sem revelar pistas sobre a sua decisão.

Em caso de renúncia de Sánchez, a Espanha teria novas eleições gerais, apenas um ano após as legislativas de julho de 2023.

A investigação contra a esposa de Sánchez, que está sob sigilo, foi aberta após uma denúncia da associação 'Mãos Limpas', próxima da extrema-direita.

O Ministério Público pediu o arquivamento da ação. A 'Mãos Limpas' admitiu que se baseou exclusivamente em informações da imprensa.

Segundo o portal 'El Confidencial', a investigação envolve os vínculos de Begoña Gómez com o grupo turístico espanhol Globalia, proprietário da companhia aérea Air Europa, quando esta última estava em negociações com o governo para obter um resgate durante a pandemia de covid-19, o que acabou conseguindo.

"Um espetáculo de adolescente"

Em sua carta aos cidadãos divulgada na quarta-feira, Sánchez, que governa em aliança com a extrema-esquerda e com o apoio dos partidos nacionalistas e independentistas bascos e catalães, repudiou as "denúncias tão escandalosas quanto falsas", que na opinião dele emanam de uma campanha organizada por "interesses da direita e da ultradireita (...) que não aceitam o veredito das urnas".

"É uma estratégia de perseguição e demolição", acrescentou o primeiro-ministro, cujas medidas, como uma lei de anistia para os independentistas que participaram na tentativa de secessão da Catalunha em 2017, enfrentaram a rejeição frontal da oposição de direita.

O conservador Partido Popular, maior legenda de oposição, ridicularizou a mensagem de Sánchez de cogitar uma renúncia e afirmou que era apenas táctica política, para fazer o papel de vítima e reagrupar suas fileiras.

Um chefe de Governo "não pode montar um espetáculo adolescente para que venham atrás e digam que ele não deve sair e que não fique irritado", ironizou na quinta-feira, 25, o líder do PP, Alberto Núñez Feijóo.

O socialista "já representa o passado e não haverá nada épico na renúncia, nem haverá heroísmo na resistência caso permaneça no poder", afirmou Feijóo no domingo, em uma referência ao livro de Sánchez "Manual da Resistência".

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