Sanaa e Cairo tem manifestações contra filme anti islã
A polícia, disparando para o ar e fazendo uso de jatos de água, conseguiu dispersar os manifestantes rapidamente
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2012 às 17h05.
Sanaa - As manifestações contra o filme ofensivo ao Islã se tornaram violentas nesta quinta-feira com a morte em Sanaa de um manifestante durante um ataque à embaixada dos Estados Unidos e confrontos no Cairo.
Os protestos contra o filme produzido nos Estados Unidos também se espalharam pelo Iraque, Irã e Faixa de Gaza, enquanto vários países muçulmanos da Ásia reforçaram a segurança nas missões diplomáticas americanas devido à possíveis manifestações na sexta-feira, dia da grande oração semanal.
Estes protestos continuaram no dia seguinte a uma manifestação em frente ao consulado dos Estados Unidos em Benghazi, na Líbia, em que homens armados atacaram o edifício, matando o embaixador Chris Stevens e três outros diplomatas americanos.
O filme "Inocência dos muçulmanos", do qual trechos foram difundidos na internet, provocou reações, às vezes violentas, em países muçulmanos, como aconteceu com a publicação das caricaturas de Maomé por um jornal dinamarquês em 2006.
Feito por um cineasta que se apresenta como um americano-israelense, o filme de baixo orçamento descreve a vida do Profeta e discute os temas da homossexualidade e pedofilia. Os atores falam inglês com um sotaque americano e apresentam os muçulmanos como imorais e violentos.
Aos gritos de "Ó Profeta, Ó Maomé" e "Khaybar Khaybar (nome da primeira batalha entre muçulmanos e judeus) ó judeus, o exército de Maomé está de volta", jovens enfurecidos invadiram na manhã desta quinta-feira a embaixada dos Estados Unidos em Sanaa e atearam fogo em três carros.
A polícia, disparando para o ar e fazendo uso de jatos de água, conseguiu dispersar os manifestantes rapidamente, de acordo com um correspondente da AFP no local.
Mas os manifestantes voltaram a se reunir um pouco mais tarde e um deles foi morto e cinco ficaram feridos pela polícia, que os impediram de voltar a entrar nas instalações da chancelaria, de acordo com os Serviços segurança.
O presidente iemenita Abd Rabbo Mansour Hadi declarou que estava "extremamente triste" e ofereceu suas "desculpas ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e ao povo americano". Ele deu a ordem para formar uma comissão de inquérito para punir os culpados.
No Cairo, confrontos continuam de maneira esporádica nas proximidades da embaixada dos Estados Unidos entre manifestantes e policiais, que usaram gás lacrimogêneo. De acordo com o ministério da Saúde, 16 pessoas ficaram feridas na violência que começou à noite.
O presidente egípcio, o islâmico Mohamed Mursi, condenou os "ataques" ao Profeta Maomé, rejeitando também a violência, enquanto a Irmandade Muçulmana convocou protestos pacíficos na sexta-feira na saída das mesquitas.
"É nosso dever proteger os nossos hóspedes e aqueles que vêm do exterior. Peço a todos que levem em consideração, que não transgridam a lei no Egito e não ataquem as embaixadas", disse o presidente em um discurso televisionado.
No Irã, inimigo jurado dos Estados Unidos, onde o filme foi descrito como "vergonhoso", cerca de 500 pessoas marcharam sob os gritos de "Morte à América" e "Morte a Israel", perto da embaixada da Suíça em Teerã, que representa os interesses dos Estados Unidos no Irã.
Mais de 200 policiais e bombeiros impediram os manifestantes de se aproximar da chancelaria, que foi evacuada por precaução.
No vizinho Iraque, centenas de partidários do líder xiita Moqtada Sadr marcharam na cidade sagrada de Najaf, gritando palavras de ordem contra os Estados Unidos e Israel.
Em um comunicado, o influente clérigo xiita Moqtada Sadr pediu ao governo para proibir o acesso ao território iraquiano de cidadãos americanos e pediu ao Parlamento que aprove uma lei que proíba relações do Iraque com países onde "o Profeta e o islã são insultados ".
E na Faixa de Gaza, centenas de palestinos protestaram pelo segundo dia consecutivo contra os Estados Unidos. Um ministro do governo do Hamas convocou novos protestos para sexta-feira.
Com medo de tumultos em Cabul, o presidente afegão, Hamid Karzai, adiou uma visita à Noruega, enquanto as autoridades paquistanesas disseram que esperam manifestações na sexta-feira.
A Indonésia, país muçulmano mais populoso do mundo, juntou-se ao Afeganistão para pedir ao YouTube para bloquear o acesso ao filme controverso. A Índia deixou em alerta seus efetivos destacados em torno dos edifícios americanos.
Manifestações de protesto contra o filme também aconteceram nas representações americanas em Casablanca, Túnis e Cartum, ainda na quarta-feira.
O presidente Barack Obama pediu para reforçar a proteção das embaixadas dos Estados Unidos no mundo, após o ataque e os protestos na Líbia.
Segundo um funcionário americano, os extremistas se aproveitaram de uma manifestação contra o filme em Benghazi, como "pretexto" para atacar o consulado.
As autoridades líbias anunciaram a prisão de suspeitos, sem informar seus nomes ou aparência.