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Sacolinhas estão em rota de extinção, diz Helio Mattar

Para diretor presidente do Instituto Akatu, não há o que discutir: o fim das sacolinhas plásticas é essencial na sociedade do século XXI

"Não há espaço para os produtos descartáveis em uma sociedade que ruma para o desenvolvimento sustentável." (Getty Images)

"Não há espaço para os produtos descartáveis em uma sociedade que ruma para o desenvolvimento sustentável." (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2012 às 12h39.

São Paulo - A população brasileira consome, todos os anos, cerca de 14 bilhões de sacolinhas plásticas descartáveis. Se fossem empilhadas, segundo cálculo feito pelo Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, elas chegariam a 750 km de altura. Trata-se de uma quantidade absurda de lixo, que, para Helio Mattar, diretor presidente da organização, é totalmente desnecessária e, mais do que isso, inadmissível na sociedade do século XXI, que ruma para o desenvolvimento sustentável.

“Não há como construir uma sociedade sustentável com produtos descartáveis. As sacolinhas estão em rota de extinção, dando lugar a alternativas mais duráveis”, afirma Mattar, que questiona o atual padrão de consumo da sociedade: “Você utiliza uma porção de recursos naturais, água e energia para produzir uma sacola que é usada uma ou duas vezes e, depois, vai para o lixo e ocupa espaço nos aterros por anos. Qual a lógica? Não faz o menor sentido”.

Para ele, todos os protestos contra o fim da distribuição das sacolas plásticas descartáveis nos supermercados teriam fundamento, se não existisse uma outra alternativa para armazenar e transportar as compras. Mas não é o caso. “Qual é a função da sacolinha? Por que ela foi inventada? Para levarmos produtos de um lugar para o outro. Para este fim, há várias opções muito melhores, como sacolas reutilizáveis, carrinhos de feira e caixas de plástico e papelão. As pessoas precisam incorporar os produtos duráveis ao seu dia a dia”, diz o especialista.

Para aqueles que afirmam que, com o fim da distribuição das sacolinhas, não terão onde armazenar seu lixo, Mattar tem a resposta na ponta da língua. “A maioria das pessoas sempre colocou o lixo para fora de casa em sacos de lixo e não em sacolas descartáveis. Nada mudou. Mas quem utiliza as sacolinhas para este fim, realmente, vai ter que se reeducar. É uma mudança de hábito necessária. A sacola plástica descartável não foi criada para descartar resíduos", afirma o especialista, que considera positiva a sugestão que a Apas fez ao governo do Estado de São Paulo para reduzir, temporariamente, o ICMS para as sacolas reutilizáveis e sacos de lixo produzidos com material reciclado. “Qualquer medida que ajude o consumidor a se adaptar à nova realidade é válida”, completa.

Já para quem incorporou o discurso de que os supermercados estão lucrando com o fim da distribuição das sacolas descartáveis porque seu preço está embutido no custo dos produtos, Mattar explica: “O setor varejista é extremamente competitivo. Se os supermercados realmente estão se apropriando dos lucros, isso durará por, no máximo, três meses. Se está sobrando dinheiro, a tendência é que eles baixem o preço de determinados produtos para ganhar vantagem sobre os concorrentes, que, em resposta, também diminuírão os preços. No final das contas, o benefício econômico virá para o próprio consumidor”, esclarece.

Mattar também ressalta os benefícios ambientais do fim da distribuição das sacolas descartáveis: “Redução de emissões, já que lançamos muito CO2 na atmosfera para produzir as sacolinhas, diminuição das enchentes, cidades mais limpas e economia de dinheiro”.

Sabe por quê? Com o fim das sacolas plásticas, a quantidade de lixo produzido pela população diminui – lembra da pilha de 750 km de altura? – e, consequentemente, o espaço ocupado nos aterros sanitários também. “Criar essas áreas para armazenar lixo custa dinheiro. Ao reduzir a produção de resíduos, economizamos dinheiro que, se não houver corrupção, pode ser investido em setores como saúde e educação. A sociedade só tem a ganhar com o fim da distribuição das sacolas plásticas”, conclui o especialista.

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