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Rússia tacha de "parcial" investigação da queda de avião

Para diplomata, "são evidentes as tentativas de apresentar conclusões parciais e, em resumo, de cumprir com uma determinada encomenda política"


	Membros de equipe forense holandesa: "O voo MH17 caiu como resultado de uma detonação de um míssil fora do aparelho na parte esquerda da cabine de comando"
 (Maxim Zmeyev/Reuters)

Membros de equipe forense holandesa: "O voo MH17 caiu como resultado de uma detonação de um míssil fora do aparelho na parte esquerda da cabine de comando" (Maxim Zmeyev/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2015 às 11h48.

Moscou - A Rússia qualificou nesta terça-feira de "parcial" e "política" a investigação realizada pelas autoridades holandesas sobre a queda em julho de 2014 de um avião da Malaysia Airlines com quase 300 pessoas a bordo na região ucraniana de Donetsk.

"A Rússia está disposta a apresentar todos os dados em seu poder (...), já que consideramos que a investigação, cujos resultados foram divulgados hoje, tem um caráter parcial", disse o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, à imprensa local.

O diplomata considerou "lamentável" que, apesar dos vários pedidos russos por uma investigação "imparcial", a parte holandesa não levou em conta em nenhum momento a informação de primeira mão fornecida pela Rússia.

Em sua opinião, "são evidentes as tentativas de apresentar conclusões parciais e, em resumo, de cumprir com uma determinada encomenda política".

O Conselho de Segurança da Holanda concluiu hoje que o avião foi derrubado por um míssil Buk de fabricação russa disparado de uma região controlada pelos rebeldes pró-Rússia no meio do conflito no leste da Ucrânia.

No avião viajavam 298 pessoas, das quais 193 eram holandesas, além de 27 australianas, 44 malaias, 12 indonésias, nove britânicas, quatro belgas, quatro alemãs, três filipinas, uma canadense e uma neozelandesa.

"O voo MH17 caiu como resultado de uma detonação de um míssil fora do aparelho na parte esquerda da cabine de comando", afirmou em entrevista coletiva o presidente do Conselho de Segurança da Holanda, Tjibbe Joustra.

Joustra detalhou que o míssil foi um Buk, de fabricação russa, concretamente do tipo 9N314M, disparado de uma área de 320 quilômetros na zona leste da Ucrânia, controlada por rebeldes russos.

Em resposta, o consórcio russo de defesa antiaérea Almaz-Antei, fabricante dos mísseis Buk, garantiu hoje que o míssil que derrubou o Boeing malaio foi lançado de uma cidade controlada pelas forças ucranianas.

"Podemos dizer sem dúvida nenhuma que, se o Boeing foi derrubado com um sistema antiaéreo Buk, recebeu o impacto de um míssil 9M38 lançado da cidade de Zaroschenkoye, controlada pelas forças ucranianas", comentou um funcionário da Almaz-Antei, Mikhail Malishevski.

Esta conclusão se baseia nos resultados de uma simulação realizada com um Il-86, o que levou a Almaz a assegurar que, analisando a trajetória do míssil, o Boeing foi derrubado por um míssil lançado de uma região controlada pelas forças governamentais.

Além disso, informaram que o último míssil Buk 9M38 foi fabricado pela União Soviética em 1986 e sua vida útil era de 25 anos, razão pela qual sua utilização foi proibida nas fileiras do exército russo.

"Pessoalmente, eu não tenho nenhuma dúvida que esta foi uma operação para derrubar o avião MH17 da companhia aérea malaia planejada pelos serviços secretos russos", disse por sua parte Arseni Yatseniuk, primeiro-ministro ucraniano, durante uma reunião do governo.

Yatseniuk ressaltou que o ataque "foi realizado de território controlado exclusivamente pelos guerrilheiros russos, e não há dúvida alguma que separatistas bêbados não sabem conduzir os sistemas Buk".

"Isto significa que esses sistemas foram manuseados exclusivamente por militares russos", comentou, antecipando que a Ucrânia apresentará hoje os resultados de sua investigação sobre a catástrofe.

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, abordou hoje este assunto por telefone com o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, em reunião na qual se tratou a criação de um mecanismo para que os culpados da catástrofe se apresentam à Justiça.

A Ucrânia e as chancelarias ocidentais defendem a criação de um tribunal internacional para julgar os responsáveis da tragédia, ao que se opõem terminantemente tanto o Kremlin como os separatistas.

Desde o início, a Ucrânia acusa os separatistas pró-Rússia de abater o avião com um míssil Buk, de fabricação russa, algo que negam tanto os insurgentes como Moscou, que acusam Kiev de atacar a aeronave com um de seus caças.

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