Fumaça em refinaria russa: Mais do que discordar de Rússia, Polônia e Ucrânia, os outros países que serão signatários da segunda fase de Kyoto estão voltando atrás nas metas (GettyImages)
Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2012 às 15h32.
São Paulo - Com vencimento em 31/12 deste ano, o Protocolo de Kyoto precisa ter sua segunda fase definida nesta COP de Mudanças Climáticas para que entre em vigor já em janeiro de 2013. No entanto, alguns países que já eram signatários do primeiro período do tratado – sobretudo Rússia, Polônia e Ucrânia – estão atrapalhando o andamento das negociações.
O grande protagonista do impasse é o hot air – nome dado às “sobras” das emissões da primeira fase de Kyoto. Isso porque, por conta de fatores como a recessão econômica, os três países localizados no continente europeu integram o grupo das nações que emitiram menos do que poderiam até o final de 2012 – ou que, em outras palavras, foram além das metas estabelecidas por Kyoto. Por conta disso, agora eles se acham no direito de usar o excedente dessas emissões no segundo período do Protocolo.
A maioria das nações, no entanto, não concorda com o pedido. “É consenso que esses países têm que ter algum benefício por terem contribuído mais do que precisavam para a redução das emissões globais de gases do efeito estufa, mas ainda está se discutindo qual a melhor maneira de fazer isso sem aumentar as emissões desses países. Afinal, seria um grande contrassenso”, explicou Tasso Azevedo, conselheiro do Planeta Sustentável e consultor para florestas e clima do Ministério do Meio Ambiente, durante o workshop “Os Desafios e Ambições de Doha”, promovido pelo nosso movimento. (Saiba mais em: “Negociação do pacto climático global e extensão de Kyoto serão excelentes desfechos para COP18”, diz Tasso Azevedo)
Mais do que discordar de Rússia, Polônia e Ucrânia, os outros países que serão signatários da segunda fase de Kyoto estão voltando atrás nas metas de redução de emissões de CO2e que haviam proposto e apresentando compromissos mais tímidos, por conta da postura das “nações do hot air” – que, para muitos, é vista como descomprometimento com a causa das mudanças climáticas.
“Com a urgência do problema das alterações do clima, aceitar o pedido desses países tornaria praticamente impossível evitar que o aquecimento global passasse dos 2°C, o que traria consequências catastróficas para todos os países”, explicou Carlos Rittl, coordenador do programa de mudanças climáticas e energia do WWF Brasil, que está acompanhando os debates no Qatar. “O risco maior na negociação é de termos um segundo período muito pouco efetivo em termos de redução de emissões. Mas não dá para saber o que acontecerá. Negociação só termina no último minuto”, completou, em tom de otimismo.
Na próxima semana, começa a reunião de Alto Nível da COP18, que contará com a presença dos ministros dos 193 países-membros da ONU que estão participando da Conferência.