A Rússia ordenou que suas tropas recentemente enviadas a região próxima à fronteira com a Ucrânia retornassem às bases nesta quinta-feira, 22, depois de uma demonstração de força que provocou preocupação em Kiev e em países ocidentais.

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Nas últimas semanas, o governo russo deslocou para a realização do que afirmou ser um exercício militar uma quantidade estimada pela União Europeia de mais de 100 mil soldados munidos de tanques, aviões militares e navios de guerra para sua fronteira com a Ucrânia, gerando temores de uma potencial invasão.

O recuo deve diminuir os temores imediatos de um conflito e reduzir as tensões com o Ocidente, afirma o jornal inglês Financial Times. O governo russo havia dito que o exercício não representava ameaça, porém a movimentação provocou reação dos EUA e da aliança militar da Otan.

O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, afirmou nesta quinta que os exercícios foram concluídos as tropas devem começar a deixar a região a partir desta sexta. Segundo ele, todas as tropas devem estar de volta às bases originais até 1º de maio.

“Acredito que os objetivos da verificação surpresa foram totalmente alcançados”, disse Shoigu em um comunicado. “As tropas demonstraram capacidade de fornecer uma defesa confiável do país. A este respeito, tomei a decisão de completar [os exercícios]. ”

O oficial, no entanto, afirmou que as tropas russas devem permanecer "em estado de prontidão para uma resposta imediata em caso de desenvolvimento desfavorável" dos exercícios militares do programa da Otan Defender Europe, que ocorrem em países do leste europeu até junho.

Antes da notícia o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, havia convidado o presidente russo, Vladimir Putin, para uma reunião de debate da crise, informou o Kremlin de Moscou.

No twitter, Zelensky afirmou que a redução das tropas da fronteira "reduz proporcionalmente a tensão”. “A Ucrânia está sempre vigilante, mas agradece toda medida para diminuir a presença militar e a tensão da região de Donbass. A Ucrânia busca a paz. Grato aos parceiros internacionais por seu apoio ”, acrescentou.

Mais cedo nesta quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores ucraniano exortou aliados ocidentais a mostrarem que estão preparados para punir Moscou com novas sanções, inclusive expulsar a Rússia do sistema global de pagamentos bancários Swift, para impedir que o Kremlin recorresse a mais força militar.

A Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia em 2014, e precipitou uma guerra entre separatistas pró-russos e o exército ucraniano pelo controle de Donbass, a parte oriental da Ucrânia que faz fronteira com a Rússia.

A decisão de conduzir os recentes exercícios militares ocorreu em meio a um aumento acentuado nas violações do cessar-fogo em Donbass.