Destroços do voo MH17 da Malaysia Airlines, em 26 de julho de 2014 (Bulent Kilic/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de setembro de 2014 às 21h03.
Nações Unidas - A Rússia criticou nesta sexta-feira uma investigação internacional sobre a derrubada do avião da Malaysia Airlines na Ucrânia, dizendo que ela só pode ser transparente com um maior envolvimento das Nações Unidas, embora o organismo mundial tenha considerado que o inquérito cumpre as normas internacionais.
O Conselho de Segurança da ONU se reuniu, a pedido da Rússia, para discutir um relatório preliminar do Comitê de Segurança holandês que disse que o voo MH17 caiu devido a um "grande número de objetos de alta energia" que penetraram na fuselagem.
A conclusão sustenta a teoria de que o avião tenha sido abatido por um míssil baseado em terra.
"O relatório preliminar do DSB (Comitê de Segurança Holandês) não é muito informativo e não contém informações convincentes sobre as circunstâncias do acidente", disse o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, ao conselho de 15 membros.
Ele afirmou que Moscou acredita que uma investigação transparente e objetiva só poderia ser realizada "com a ajuda e participação da ONU na investigação", sugerindo que uma missão diplomática e assistencial da ONU deve ser considerada.
O avião caiu na Ucrânia, em território controlado pelos rebeldes pró-Rússia em 17 de julho, matando 298 pessoas, dois terços dos quais provenientes da Holanda.
A Ucrânia e os países ocidentais acusam os rebeldes de abatê-lo com um míssil de fabricação russa. A Rússia tem rejeitado as acusações de que forneceu aos rebeldes sistemas de mísseis antiaéreos SA-11 Buk.
"A Rússia deixou claro que sua intenção real não é saber sobre a investigação, mas desacreditá-la", disse a embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power, ao conselho.
"A Rússia está lutando na Ucrânia. A Rússia tem fornecido artilharia e mísseis superfície-ar para os separatistas na Ucrânia. Ela tem treinado separatistas nesses mísseis superfície-ar. Ela tem movido soldados para a Ucrânia. A Rússia não tem legitimidade para dar conselhos nesta investigação", disse ela.
Churkin rejeitou as acusações de que a Rússia estava tentando desacreditar a investigação. Ele disse aos repórteres que tais alegações eram "injustificadas e provocadoras".
O chefe para assuntos políticos da ONU, Jeffrey Feltman, informou ao conselho sobre os resultados preliminares do inquérito liderado pela Holanda.
"A Organização das Nações Unidas está segura de que a investigação internacional liderada pelos holandeses foi conduzida em acordo com o Anexo 13 da Convenção Internacional sobre Aviação Civil e Investigação de Acidentes Aéreos", disse, referindo-se a padrões internacionais para tais investigações.
Em 21 de julho, o Conselho de Segurança aprovou uma resolução exigindo que grupos rebeldes armados permitissem "o acesso seguro, amplo e irrestrito" ao local do acidente e que os culpados sejam "responsabilizados e que todos os Estados cooperem plenamente com os esforços para determinar a responsabilidade".
Apesar de um pequeno número de inspetores da Malásia e especialistas holandeses em recuperação de corpos terem chegado ao local, os combates entre os rebeldes e as forças ucranianas mantiveram os investigadores holandeses distantes do local do acidente.
Feltman disse que o cessar-fogo de 5 de setembro no leste da Ucrânia foi "em grande parte mantido", mas "as condições ainda não são favoráveis para os investigadores terem acesso total e irrestrito ao local".