Mundo

Rússia considera acusações de May um "espetáculo circense"

Theresa May disse que é "altamente provável" que o governo russo seja responsável pelo envenenamento do ex-espião Sergei Skripal no Reino Unido

Rússia: "As conclusões são claras: uma nova campanha de propaganda informativa baseada em provocações", declarou Maria Zakharova, a porta-voz da Chancelaria russa (Richard Heathcote/Getty Images)

Rússia: "As conclusões são claras: uma nova campanha de propaganda informativa baseada em provocações", declarou Maria Zakharova, a porta-voz da Chancelaria russa (Richard Heathcote/Getty Images)

E

EFE

Publicado em 12 de março de 2018 às 16h44.

Moscou - A Rússia considerou um "espetáculo circense" as acusações feitas nesta segunda-feira pela primeira-ministra britânica, Theresa May, que disse no Parlamento que é "altamente provável" que o governo russo seja responsável pelo envenenamento do ex-espião Sergei Skripal no Reino Unido.

"Isto é um espetáculo circense no Parlamento britânico. As conclusões são claras: uma nova campanha de propaganda informativa baseada em provocações", declarou Maria Zakharova, a porta-voz da Chancelaria russa.

Zakharova recomendou a Londres que, "antes de inventar outras histórias", informe os resultados das investigações sobre a morte - também no Reino Unido - do ex-espião Alexander Litvinenko, em 2006, e do oligarca Boris Berezovsky, em 2013. "Esses e muitos outros morreram em estranhas circunstâncias em território britânico", lembrou.

Skripal, de 66 anos, e a filha Yulia, de 33, permanecem em estado crítico, embora estável, desde que no dia 4 de março foram achados inconscientes no banco de um parque em Salisbury, no sul da Inglaterra.

Há algumas horas o presidente russo, Vladimir Putin, insistiu para que o Reino Unido esclarecesse o que aconteceu com Skripal antes de fazer declarações sobre a possível culpa da Rússia.

"Averiguem no seu país, e depois conversarei com você", disse Putin a um jornalista da emissora britânica BBC que fazia perguntas ao governante.

O deputado e ex-agente da KGB Andrey Lugovoy, acusado por Londres de ter envenenado Litvinenko com polônio radioativo, também desqualificou as afirmações de May, ao dizer que eram, "pelo menos, irresponsáveis".

No Senado russo, as declarações da primeira-ministra britânica foram vinculadas às eleições presidenciais russas de domingo, nas quais Putin buscará a reeleição para um quarto mandato, e à Copa do Mundo.

"Considero isto uma provocação às vésperas das eleições e da Copa do Mundo. Para que eliminar Skripal? Se era um agente tão valioso, então não era necessario ter sido trocado", apontou Vladimir Dzhabarov, subchefe do comitê de Relações Internacionais do Senado.

O senador assegurou que ninguém pode achar que a Rússia decidiu assassinar um antigo agente dos serviços segretos antes das eleições presidenciais.

"Agora está claro que o senhor Skripal e a sua filha foram envenenados com um agente nervoso de natureza militar de um tipo desenvolvido pela Rússia. Faz parte de um tipo de agentes nervosos conhecidos como 'Novichok'", disse May durante um comparecimento na Câmara dos Comuns.

May ressaltou que só há "duas possibilidades" para explicar o envenenamento: ou é "um ataque direto" da Rússia, ou Moscou "perdeu o controle" da substância e deixou que caísse em mãos inadequadas.

Além disso, revelou que o embaixador russo havia sido chamado na Chancelaria para esclarecer se o envenenamento de Skripal é "uma ação direta do Estado russo".

Skripal, ex-agente da inteligência militar russa, foi processado por Moscou em 2004 por ter colaborado com os serviços segretos britânicos do MI6, mas, após vários anos preso, foi libertado em uma troca de espiões e se instalou no Reino Unido.

Acompanhe tudo sobre:EspionagemReino UnidoRússiaTheresa May

Mais de Mundo

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru

Alta tecnologia e inovação global: destaques da exposição internacional em Shenzhen