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Rússia afirma que não recuará diante de ameaças de sanções dos EUA

As tensões entre os dois países aumentaram nas últimas semanas com as acusações americanas de que a Rússia planeja invadir a Ucrânia

Rússia: o presidente americano Joe Biden advertiu Putin sobre grandes sanções coordenadas pelos países ocidentais em resposta a uma invasão da Ucrânia (Brendan Hoffman/Getty Images)

Rússia: o presidente americano Joe Biden advertiu Putin sobre grandes sanções coordenadas pelos países ocidentais em resposta a uma invasão da Ucrânia (Brendan Hoffman/Getty Images)

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AFP

Publicado em 1 de fevereiro de 2022 às 07h01.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2022 às 07h04.

A Rússia não vai recuar diante da ameaça de sanções dos Estados Unidos motivadas pelas tensões na Ucrânia, afirmou a embaixada russa em Washington, horas antes da conversa telefônica prevista para esta terça-feira (1) entre os chefes da diplomacia das duas potências.

"Não vamos recuar e ficar quietos, ouvindo as ameaças de sanções dos Estados Unidos", afirmou a embaixada em um texto publicado em sua página do Facebook. "É Washington e não Moscou que gera tensões", completa a nota.

A nota foi divulgada poucas horas de uma conversa por telefone entre o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, e o secretário de Estado americano, Antony Blinken, para abordar a questão da Ucrânia.

As tensões entre os dois países aumentaram nas últimas semanas com as acusações americanas de que a Rússia planeja invadir a Ucrânia.

A Casa Branca afirmou na segunda-feira que está preparada para impor sanções contra pessoas próximas do presidente russo, Vladimir Putin, em caso de um ataque.

O presidente americano Joe Biden advertiu Putin sobre grandes sanções coordenadas pelos países ocidentais em resposta a uma invasão da Ucrânia.

A Rússia concentrou mais de 100.000 soldados na fronteira com a Ucrânia, o que provocou temores no Ocidente sobre a preparação de uma ofensiva.

A embaixada russa afirmou que os soldados "não ameaçam ninguém" e que o país tem o "direito soberano" de mobilizar suas Forças Armadas em seu território.

Rússia e EUA trocam farpas na ONU por crise na Ucrânia

A Rússia afirmou nesta segunda-feira (31) no Conselho de Segurança da ONU que os Estados Unidos querem provocar "histeria", após ser acusada de querer aumentar sua presença militar na fronteira com a Ucrânia. Londres e Washington ameaçaram impor sanções a oligarcas russos se a ex-república soviética for atacada.

O presidente francês, Emmanuel Macron, e o colega russo, Vladimir Putin, conversaram por telefone pela segunda vez em quatro dias, em meio a intensos esforços dos aliados da Otan para dissuadir a Rússia de invadir a Ucrânia.

Com mais de 100.000 soldados russos posicionados na fronteira do país vizinho, a tensão aumentou quando a embaixadora de Washington na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse no Conselho de Segurança que a Rússia irá reforçar suas tropas na fronteira entre Belarus e Ucrânia nos próximos dias.

"Temos evidências de que a Rússia pretende reforçar sua presença com mais de 30.000 soldados perto da fronteira de Belarus com a Ucrânia, a menos de duas horas ao norte de Kiev já no início de fevereiro", acusou Thomas-Greenfield.

Histeria

Mas o embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, rejeitou as acusações e disse que os Estados Unidos provocam "histeria" ao convocarem a reunião do Conselho de Segurança para debater a situação da Ucrânia.

O diplomata assegurou que nenhuma autoridade russa ameaçou invadir a ex-república soviética e que os ucranianos sofreram "lavagem cerebral" com a "russofobia" do Ocidente. As tropas estão em Belarus para realizar exercícios conjuntos, disse.

Os Estados Unidos, segundo Nebenzya, "estão provocando tensões e retórica e causando uma escalada". "As discussões sobre uma ameaça de guerra são provocativas em si mesmas. Eles estão praticamente pedindo por isso, eles querem que isso aconteça", concluiu Nebenzya.

Isolada na ONU

A Rússia nega que seja uma ameaça à Ucrânia, mas pede garantias de que Kiev não entrará para a aliança militar transatlântica Otan, e de que os Estados Unidos não estabelecerão novas bases militares nos países da antiga órbita soviética.

Macron e Putin trocaram expressaram seus pontos de vista sobre a situação, "bem como aspectos relacionados a fornecer à Rússia garantias de longo prazo sobre segurança juridicamente vinculantes".
O presidente francês não deu detalhes sobre o conteúdo da conversa, que ocorreu na véspera do encontro, também por telefone, entre o secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o colega russo, Sergei Lavrov.

A Rússia deixou esta noite os Estados Unidos a par de sua posição sobre a Ucrânia, horas antes da conversa, embora um porta-voz do Departamento de Estado tenha se negado a divulgar detalhes.

A Rússia tentou impedir a reunião do Conselho de Segurança, mas 10 dos 15 membros votaram a favor do encontro.

A maioria dos membros acredita que a presença de tropas russas na fronteira com a Ucrânia seja por si só uma ameaça.

"Esta é a maior (...) mobilização de tropas na Europa em décadas", disse a embaixadora. "E enquanto falamos, a Rússia segue enviando mais efetivos e armas" para reforçá-las.

Desescalada

O embaixador ucraniano na ONU, Sergiy Kyslytsya, pediu uma desescalada das tensões, no intuito de retomar as negociações sobre o conflito em território ucraniano com os secessionistas apoiados por Moscou na região leste de Donbas.

"Meu presidente reiterou recentemente que está pronto para se encontrar com seu colega russo", disse Kyslytsya ao Conselho de Segurança."Para a Ucrânia, a primeira prioridade hoje é alcançar um cessar-fogo sustentável e incondicional em Donbas."

O premier britânico, Boris Johnson, viajará amanhã a Kiev para discutir a tensão com o presidente da Ucrânia.

O Reino Unido, um dos destinos preferidos dos oligarcas russos para investir, também anunciou nesta segunda-feira que vai reforçar seu arsenal de possíveis sanções contra indivíduos e empresas russas.

Moscou acusou nesta segunda-feira autoridades britânicas de prepararem um "ataque aberto contra as empresas" russas, afirmando que "os anglo-saxões estão intensificando tremendamente as tensões no continente europeu".

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