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Rússia: 550 opositores detidos em protestos contra Putin

Policiais detêm manifestante durante protesto, em São Petersburgo, contra a vitória de Vladimir Putin nas presidenciais russas

A coalizão de opositores, surgida de protestos sem precedentes nestes três últimos meses, pediu a anulação das eleições (AFP / Fred Dufour)

A coalizão de opositores, surgida de protestos sem precedentes nestes três últimos meses, pediu a anulação das eleições (AFP / Fred Dufour)

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Da Redação

Publicado em 5 de março de 2012 às 19h13.

Moscou - Pelo menos 550 manifestantes e vários líderes da oposição foram detidos esta segunda-feira em Moscou e em São Petersburgo em protestos contra a vitória, na véspera, de Vladimir Putin em eleições presidenciais classificadas como "farsa" pela oposição.

O conhecido blogueiro Alexei Navalny, o chefe da Frente de Esquerda, Serguei Udaltsov, a militante ecologista Evguenia Tshrikova e o dirigente do movimento Solidariedade, Ilia Iachin, foram detidos pela polícia ao fim de uma manifestação autorizada na praça Pushkin, em Moscou.

Estes e outros 2.000 opositores tinham se recusado a se dispersar, ao fim do protesto que reuniu umas 20.000 pessoas, segundo a oposição, e 14.000 segundo as autoridades.

A polícia antidistúrbios interveio. "No total, em toda a cidade, 250 pessoas foram detidas, entre elas Ilia Iachin, Alexei Navalny e Sergeui Udaltsov. Todas estas pessoas foram levadas para a delegacia", informou a polícia moscovita em um comunicado.

"Olá a todos de dentro do carro da polícia", escreveu Navalny em sua conta no microblog Twitter.

Udaltsov tinha dito antes que sairia da praça quando Vladimir Putin deixasse o poder. "Não irei embora enquanto Putin estiver aqui. Aos que ficarem comigo, obrigado!", acrescentou.

Durante o protesto, Navalny provocou a multidão: "Quem é o poder? Nós somos o poder!". "Vamos tomar as ruas e praças de Moscou, não sairemos!", afirmou.

Navalny e Udaltsov já passaram quinze dias na prisão, após terem sido detidos em condições similares, em 5 de dezembro, no dia seguinte às eleições legislativas.

Antes, em Moscou, uma centena de manifestantes, entre eles o escritor Eduard Limonov, foi detida em frente à Comissão Eleitoral, onde pretendiam protestar contra a eleição do premier e homem forte do país com 64% dos votos.


Limonov foi libertado à noite.

A polícia informou ter detido 14 militantes nacionalistas que tinham, segundo a declaração, dado uma surra em um jornalista da rádio independente Eco de Moscou.

Trezentos opositores também foram detidos quando 1.500 pessoas tentavam se reunir no centro de São Petersburgo, segunda maior cidade russa, em um protesto não autorizado, informou a polícia, citada pela agência oficial Itar-Tass.

A coalizão de opositores, surgida de protestos sem precedentes nestes três últimos meses, pediu a anulação das eleições.

"Exigimos o fim das repressões políticas, a investigação de fraudes maciças, a reforma política e eleições legislativas e presidenciais antecipadas", disse um dos líderes do protesto, Vladimir Ryjkov, ao ler uma resolução do comitê organizador, que tachou a eleição de "farsa".

Segundo a agência Interfax, à noite várias centenas de opositores protestaram em Nijni-Novgorod (centro).

Por outro lado, 15.000 pessoas se reuniram perto do Kremlin para apoiar Putin, segundo a polícia.

A Comissão Eleitoral divulgou, nesta segunda-feira, os resultados definitivos das eleições presidenciais de domingo.

Putin, que já foi presidente entre 2000 e 2008, obteve 63,60% dos votos, seguido do comunista Guennadi Ziuganov com 17,18%, e do milionário Mikhail Projorov, recém-chegado à política com o consentimento do Kremlin, com 7,98%.

A Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) denunciou nesta segunda-feira, em Moscou, várias irregularidades, particularmente a contagem dos votos "em cerca de um terço dos colégios eleitorais" e tachou de "claramente tendenciosas" as condições da campanha favorável a um candidato.

No domingo, observadores e a oposição asseguraram que tinham constatado numerosas fraudes.

As autoridades russas não responderam ao veredito da OSCE, mas Tatiana Voronova, da comissão eleitoral, citada pela Interfax, denunciou uma visão "politizada" e "inadequada" da situação na Rússia.

O portal control2012.ru, criado para contar os votos, registrou nesta segunda-feira cerca de 6.000 casos de violação da legislação eleitoral, em particular casos de "transporte maciço de eleitores", uma técnica que permite a um grupo votar várias vezes em diferentes seções com autorizações fraudulentas.

A ONG russa Golos afirmou, nesta segunda-feira, que segundo suas próprias estimativas, Putin obteve 50,26% dos votos no primeiro turno e não 64%.

A situação garantiu a realização de eleições democráticas, depois da onda de protestos sem precedentes a partir das denúncias de fraude por parte da oposição e dos observadores independentes nas legislativas de dezembro passado.

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