Mundo

Romney vai bem no debate, mas será suficiente?

Republicano pode estar sem tempo para assumir a liderança. Embora debates sejam relevantes, há poucos indícios de que possam alterar o resultado da eleição

Candidato republicano à presidência dos EUA, Mitt Romney, acena ao lado de seus filhos e de sua esposa ao final do primeiro debate presidencial em Denver, Colorado (Jim Urquhart/Reuters)

Candidato republicano à presidência dos EUA, Mitt Romney, acena ao lado de seus filhos e de sua esposa ao final do primeiro debate presidencial em Denver, Colorado (Jim Urquhart/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2012 às 10h19.

Washington - Após várias semanas difíceis, o republicano Mitt Romney re-encontrou o rumo na noite de quarta-feira, com uma boa atuação no debate contra o presidente Barack Obama. A questão agora é se já não é tarde demais para virar o jogo.

Romney poderá receber mais doações, despertar o interesse dos indecisos e entusiasmar a militância republicana depois de surgir como claro vencedor no primeiro confronto direto com o democrata Obama. Ele provavelmente vai se beneficiar também da cobertura positiva na imprensa.

Mas, faltando pouco mais de um mês para a eleição de 6 de novembro, Romney pode estar sem tempo para assumir a liderança. Em 35 estados, eleitores já podem votar antecipadamente, e 6 por cento dos eleitores já votaram nesses lugares, segundo pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na quarta-feira.

E, embora os debates estejam entre os fatos mais memoráveis de qualquer campanha presidencial, há poucos indícios de que possam alterar o resultado da eleição.

Obama pode ter sido dominado, mas evitou uma atuação desastrosa que levaria seus eleitores a rever o voto.

"Ninguém vai trocar de lado com base nesse debate", disse Samuel Popkin, professor de ciência política da Universidade da Califórnia, em San Diego.

Dividindo um cenário com Obama pela primeira vez, Romney aproveitou ao máximo a chance de convencer o eleitorado de que está capacitado para comandar a nação.

Romney foi ao debate armado com frases curtas e afiadas, concebidas para ganharem uma vida útil adicional nos canais de TV a cabo e no YouTube.

"Você tem direito a ter sua casa e ter seu avião, mas não a ter seus próprios fatos', disse Romney a Obama num determinado momento.

O presidente, por outro lado, parecia infeliz na bancada. Suas respostas foram tortuosas e professorais, repletas de fatos, mas sem uma visão abrangente. Ele argumentou que as contas de Romney sobre política tributária e orçamento não fechavam, mas evitou outras linhas de ataque que já se provaram eficazes.

"Romney venceu. A verdadeira surpresa é que ele tenha vencido tão claramente", disse Paul Sracic, professor de Ciência Política da Universidade Estadual de Youngstown.


O eleitorado pareceu estar de acordo.

Numa "pesquisa-relâmpago" feita pela CNN após o debate, dois terços dos entrevistados consideraram Romney o vencedor. Na bolsa eletrônica de apostas Intrade, a probabilidade de que Obama ganhe um novo mandato caiu de 74 para 66 por cento.

Obama, no entanto, continua à frente na maioria das pesquisas, com uma margem confortável inclusive em Estados politicamente divididos, que tendem a decidir a eleição.

No levantamento diário Reuters/Ipsos, o presidente aparece com 47 por cento das intenções de voto entre prováveis eleitores em nível nacional, contra 41 por cento de Romney.

Debates importam?

Muitos especialistas em pesquisas preveem que a vantagem de Obama irá encolher no próximo mês, mas os debates raramente têm muito impacto. Nos 16 confrontos entre candidatos realizados desde 1988, a oscilação média nas pesquisas é inferior a 1 ponto percentual, segundo estudo realizado por Tom Holbrook, professor de Ciência Política da Universidade de Wisconsin, em Milwaukee.

A maior mudança aconteceu em 2004, quando o desafiante democrata John Kerry cresceu 2,3 pontos percentuais após um dos debates. Mas isso não impediu que o republicano George W. Bush obtivesse a reeleição.

Popking, autor de um livro intitulado "The Candidate: What It Takes to Win - and Hold - the White House" ("O candidato: o que é preciso para ganhar - e manter - a Casa Branca"), disse que a boa atuação no debate não basta para dissuadir um eleitor que já esteja decidido a não votar em Romney.

"Se você achar que ele é uma pessoa egoísta que defende os ricos, você pode continuar achando que ele é um executivo confiante, confortável e cordial, que demite você com um sorriso", afirmou.

E alguns eleitores podem ter realmente prestado atenção nas palavras dos dois candidatos, e não na forma como elas foram ditas.

Enquanto Romney minimizou suas posições conservadoras, num esforço para alcançar o eleitorado centrista, Obama enfatizou temas como educação e redução do déficit, que também interessam a esse grupo, segundo vários observadores. Sua nova ênfase na ampliação das oportunidades, ao invés de prometer oportunidades mais justas, também pode agradar eleitores ideologicamente mais moderados e ainda indecisos.

"Com frequência, os eleitores estão procurando mais substância do que estilo", disse Dotty Lynch, professor de Comunicação da Universidade Americana.

Acompanhe tudo sobre:EleiçõesEleições americanasEstados Unidos (EUA)Mitt RomneyPaíses ricosPartido Republicano (EUA)Políticos

Mais de Mundo

Crise política afeta economia da Coreia do Sul

Geórgia se prepara para a posse de um presidente com posições ultraconservadoras e antiocidentais

Ataques israelenses matam ao menos 48 pessoas na Faixa de Gaza nas últimas 24h

Yoon autorizou exército sul-coreano a atirar para impor a lei marcial, segundo MP