Romney opta por não confrontar Obama sobre política externa
Apesar de muito esperado, o último debate entre os dois presidenciáveis terá um impacto limitado entre o eleitorado
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2012 às 11h17.
Washington - Apesar de muito esperado, o último debate entre Barack Obama e Mitt Romney, centrado principalmente em política externa e onde o candidato republicano evitou confrontar o presidente, terá um impacto limitado entre o eleitorado, e os dois candidatos agora deverão se concentrar em conquistar os eleitores de uma dezena de estados decisivos a duas semanas das eleições de 6 de novembro.
Embora Obama tenha tirado proveito de sua condição de comandante-em-chefe e tenha ridicularizado Romney dizendo que "toda vez que ele opina, se equivoca", o aspirante republicano não disse nada que o desclassificasse como eventual presidente.
Dotty Lynch, professora de Comunicação Pública na American University, disse à AFP que "Romney teve uma estratégia interessante, que consistiu em se mostrar de acordo com Obama em vários pontos (...) para tentar deslocar o tema da política externa para a política interna".
"Não acredito ter ouvido nada nesta noite que sugira diferenças fundamentais em suas estratégias militares ou políticas", disse, por sua vez, Charles Franklin, cofundador da Pollster.com e professor da Universidade de Wisconsin-Madison.
"E assim, com posições parecidas, tiraram os temas de política externa da mesa", acrescentou.
Todos os olhares se voltam agora para nove ou dez estados decisivos, particularmente Flórida, Ohio e Virgínia, que oferecem o maior número de votos no colégio eleitoral.
A eleição presidencial nos Estados Unidos é indireta: cada estado representa uma determinada quantidade de votos no colégio eleitoral, que é o que finalmente elege o presidente. São necessários 270 votos do colégio para chegar à Casa Branca.
Depois de destruir Obama no primeiro debate, no dia 3 de outubro, as pesquisas impulsionaram Romney, que supera o presidente na Flórida, o alcançou na Virgínia, embora siga atrás em Ohio.
"Acredito que estamos, neste momento, tão próximos que o suspense pode chegar ao ponto de depender dos votos eleitorais de apenas um estado", disse Franklin.
Dotty Lynch considerou que é esperada uma luta feroz nos estados cruciais nas duas semanas que restam para as eleições.
"A publicidade vai ser extremamente intensa e dirigida a grupos específicos, como eleitores mulheres e da classe trabalhadora", disse Lynch.
Agora "tudo dependerá da mobilização dos eleitores e da capacidade de cada parte, nestas últimas duas semanas, de bater em cada porta", considerou, por sua vez, Christopher Arterton, professor da Universidade George Washington.
"Frequentemente, uma pessoa que fala com alguém que conhece, de seu bairro, ou com alguém em uma situação muito similar pode ter uma influência muito grande para que esta pessoa decida, em primeiro lugar, votar, e em quem votar", disse Arterton à AFP.
Os dois partidos investiram enormes recursos nos últimos quatro anos para construir redes de eleitores e se esforçaram para identificar quem são seus apoios, e podem dar um impulso em suas áreas de influência.
"Estaremos presenciando uma batalha de forças terrestres", disse Franklin, que acrescentou que decifrar o que realmente ocorrerá nos estados indecisos até a eleição será muito difícil.
"Vemos o vórtice de esforços das duas campanhas na última semana", disse. "Vemos a publicidade, vemos que lugares os candidatos visitam, mas é muito mais difícil monitorar o número de chamadas telefônicas que são feitas", indicou.