Exame Logo

Romênia registra mais de 200 denúncias de violência policial em protesto

Os manifestantes pediram a renúncia da primeira-ministra, que não pode ser chefe do Executivo por estar condenado por fraude eleitoral

O número de denúncias registradas chega a 206 e foram realizados 81 interrogatórios, disse o governo (Adriana Neagoe/Reuters)
E

EFE

Publicado em 16 de agosto de 2018 às 10h28.

Bucareste - O Ministério Público Militar (MPM) da Romênia recebeu mais de 200 denúncias contra a polícia do país por uso excessivo da força durante o grande protesto da última sexta-feira, no qual 450 pessoas ficaram feridas.

"O número de denúncias registradas chega a 206, e foram realizados 81 interrogatórios", afirmou nesta quinta-feira a instituição judicial em comunicado.

Veja também

O MPM disse que solicitou informação dos 160 agentes que trabalharam durante a violenta intervenção e que está revisando os vídeos do protesto, ao qual compareceram mais de 100 mil pessoas, difundidos pelas redes sociais e meios de comunicação.

Em entrevista ontem à imprensa, o promotor da Justiça Militar Ionel Corbu disse que "a violência das forças da ordem não se justifica já que outras medidas poderiam ter sido tomadas".

Por outro lado, 16 organizações da sociedade civil e a Plataforma Romania 100, um partido fundado recentemente pelo ex-primeiro-ministro Dacian Ciolos, apresentaram uma denúncia conjunta na Alta Corte de Cassação e Justiça (Suprema Corte) contra a ministra de Interior, Carmen Dan, e a responsável de autorizar a ação policial, Speranta Cliseru, por abuso de poder.

Dan, por sua vez, justificou a ação da polícia em uma entrevista coletiva no sábado, um dia depois dos incidentes, ao afirmar que a violência se dirigiu contra grupos organizados e ligados a torcidas organizadas de futebol que atacaram as forças da ordem.

Além disso, o comandante da gendarmaria, Laurentiu Cazan, defendeu a polícia ao afirmar nesta quinta-feira à emissora pública de televisão "TVR" que "havia centenas de pessoas violentas" no protesto, mas, ao mesmo tempo, reconheceu que havia gente que "sofreu de maneira gratuita" e pediu perdão a estas pessoas.

Para o presidente romeno, Klaus Iohannis, "a ação cívica foi reprimida de maneira violenta com gás lacrimogêneo".

Enquanto o chefe de Estado pediu às autoridades que identifiquem os culpados e os leve à Justiça, o governante Partido Social Democrata (PSD), alvo das críticas dos manifestantes, acusa Iohannis de incitar a "anarquia social" e ser o "principal responsável" por esta crise social.

A grande manifestação de 10 de agosto foi um protesto contra a corrupção da classe política e, sobretudo, contra as polêmicas reformas do governo no âmbito da Justiça que, segundo os seus críticos, foram feitas para dificultar o combate à corrupção.

Os manifestantes pediram a renúncia da primeira-ministra, a social-democrata Viorica Dancila, que consideram uma marionete de Liviu Dragnea, presidente do PSD que não pode ser investido como chefe do Executivo por estar condenado por fraude eleitoral.

Os protestos voltaram a acontecer no fim de semana, nos dias 11 e 12 de agosto, e incorporaram a rejeição generalizada da população à violenta repressão policial de sexta-feira, que também atingiu turistas e jornalistas de veículos de imprensa estrangeiros.

Acompanhe tudo sobre:Protestos no mundoRomênia

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame