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Rituais viram rotina em aeroporto de onde decolou avião

Cerimônias e rituais de magia para ajudar a encontrar o avião malaio desaparecido com 239 pessoas a bordo acontecem a todo momento no aeroporto de Kuala Lampur

Ibrahim Mat Zin (C), um bomoh, xamã na tradição da cultura malaia, durante culto: "objetivo desses rituais é enfraquecer os maus espíritos" (Damir Sagolj/Reuters)

Ibrahim Mat Zin (C), um bomoh, xamã na tradição da cultura malaia, durante culto: "objetivo desses rituais é enfraquecer os maus espíritos" (Damir Sagolj/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de março de 2014 às 13h50.

Kuala Lumpur - Cerimônias tradicionais e rituais de magia para ajudar a encontrar o avião malaio desaparecido com 239 pessoas a bordo acontecem a todo momento no aeroporto de Kuala Lumpur desde segunda-feira.

Ibrahim Mat Zin, um famoso "bomoh" - o xamã na tradição da cultura malaia - realiza esses cultos acompanhado por vários ajudantes sobre um tapete onde se veem cocos, uma cesta de vime e uma varinha mágica.

"O objetivo desses rituais é enfraquecer os maus espíritos de modo que as equipes de resgate possam encontrar o avião, se houver caído", disse o feiticeiro, segundo o jornal "Malaysia Today".

O xamã, também conhecido como rajá Bomoh Sedunia Nujum VIP, manifestou a seus fiéis que acredita que "o avião está ainda no ar ou se chocou contra o mar".

Ibrahim Mat Zin deve virar habitué do aeroporto com suas preces e rituais enquanto não se solucione o mistério do avião da Malaysia Airlines.

O voo MH370 decolou em Kuala Lumpur à 0h41 local do sábado 8 de março (14h41 GMT de sexta-feira) e deveria aterrissar em Pequim após seis horas de voo, mas desapareceu do radar uma hora depois da decolagem.

O Boeing 777-200 levava combustível para 7,5 horas de voo e transportava 227 passageiros, incluindo sete menores, e 12 tripulantes.

A última posição da qual se tem certeza o situa no golfo da Tailândia entrando no espaço aéreo do Vietnã.

Seis dias de busca, envolvendo pelo menos 12 nações, 43 navios, 39 aviões e centenas de pessoas, não encontraram a aeronave, qualquer rastro de seu paradeiro ou restos.

Os modernos radares e os vários satélites que rastreiam a região em procura do Boeing não estão tendo sucesso, assim como o binóculo de bambu de Ibrahim Mat Zin.


O "bomoh" ou "chikun" é um santeiro que provém da cultura ancestral malaia e cujas funções sociais são de curandeiro, o profundo conhecimento das ervas medicinais e o "Tajulmuluk" e a geomancia (adivinhação utilizando punhados de terra) malaia.

A palavra "bomoh" aparece mencionada pela primeira vez no Hikayat Aceh, livro escrito no alfabeto árabe jawi, entre 1600 e 1625.

Em suas cerimônias, com influências hindu e budistas, os "bomoh" convocam espíritos para curar doentes, atrair boa sorte e encontrar pessoas desaparecidas.

As práticas dos "bomoh" se mantiveram ativas na Malásia, durante séculos, inclusive depois da chegada do islã.

Só a partir do renascimento islamita dos anos 1970 e 1980, suas práticas começaram a ser coagidas, por serem consideradas um desvio da autêntica fé muçulmana.

Atualmente, uma parte da sociedade malaia ainda confidencia todo tipo de problema pessoal a essas entidades na busca de ajuda.

O rajá Bomoh, que faz suas preces no aeroporto de Kuala Lumpur, está ativo há mais de 50 anos e confia que seus ritos ajudarão a localizar o avião desaparecido, mas o Departamento de Assuntos Religiosos é de outro parecer.

O departamento se pronunciou hoje contra os "bomohs" ou feiticeiros que fizerem rituais contrários às doutrinas do islã para localizar o avião.

"Qualquer um que atentar contra os princípios da sharia, ou lei islâmica, será convidado a se retirar e, caso se negue, será detido", advertiu o diretor do escritório da Sepang desse departamento, Zaifulah Jaafar Shidek, segundo o jornal local "The Star".

"Isso acontece para evitar que as pessoas se desviem do caminho", acrescentou Zaifulah.

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