Risco de fome aumenta em Aleppo, sitiada pelo Exército sírio
"Não sei o que será de nós", declarou Mohamed Rukbi, desempregado e pai de quatro crianças, que vive no bairro rebelde de Bustan al Qasr
Da Redação
Publicado em 18 de julho de 2016 às 11h57.
O risco de fome e escassez generalizada aumenta para os mais de 200.000 habitantes dos bairros controlados pelos rebeldes em Aleppo (norte da Síria ), atualmente sitiada pelo Exército sírio.
"Não sei o que será de nós", declarou à AFP Mohamed Rukbi, desempregado e pai de quatro crianças, que vive no bairro rebelde de Bustan al Qasr. "Todas as rotas estão fechadas, e há dias falta pão, os alimentos em geral, praticamente tudo", acrescenta este homem de 38 anos.
A escassez de alimentos e combustível é sentida nos bairros localizados no leste da segunda cidade da Síria desde que as forças do regime de Bashar al-Assad bloquearam no dia 7 de julho a rota do Castello, última via de abastecimento do setor controlado pelos insurgentes.
Neste fim de semana, as tropas governamentais tomaram o controle da totalidade da rota, isolando completamente Aleppo leste do mundo exterior e aumentando os temores de um longo cerco.
Em breve, a fome
"Tenho medo do futuro (...) O regime não se contentará sitiando os bairros do leste (da cidade), mas também os atacará", teme Mohamad.
Em Mashad, outro bairro rebelde, o mecânico Mohama Zaytun afirma não ter mais trabalho devido à falta de gasolina.
"Pensar no cerco me impede de dormir", afirma à AFP este homem de 44 anos, com cinco filhos. "Tenho provisões para apenas uma semana. Se todos os produtos alimentícios começarem a faltar no mercado, em breve significará a fome", afirma.
"Tento fugir da cidade, mas não há nenhuma rota segura", declara.
A ex-capital econômica da Síria é uma das cidades mais afetadas pela guerra. Em 2010 ficou dividida em dois setores, um controlado pelo regime no oeste e outro pelos rebeldes no leste.
Para os especialistas, o avanço do exército, apoiado pela aviação russa, é um golpe muito duro para os insurgentes e pode dar uma guinada no conflito que deixou mais de 280.000 mortos.
"Além da catástrofe humanitária, os recentes acontecimentos de Aleppo são muito importantes politicamente falando", ressalta Karim Bitar, diretor de pesquisas do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS). "Privados de oxigênio, os rebeldes enfrentam uma missão impossível", explica.
O presidente sírio, por sua vez, se sente "consideravelmente mais confortável que há alguns meses" e suas forças "podem consolidar ainda mais suas posições", em sua opinião.
Ajuda urgente
Segundo as Nações Unidas, quase 600.000 pessoas vivem nas zonas sitiadas na Síria, na maioria dos casos por parte do regime, sem acesso a alimentos ou ajuda médica, o que provoca muitos casos de desnutrição. Dezenas de pessoas morreram de fome nestas zonas.
Os bairros do leste de Aleppo ainda não estão definidos como "sitiados" pela ONU, mas esta última se declarou "muito preocupada pela escalada de violência" que "coloca em risco centenas de milhares de pessoas" nesta cidade.
Convocou "todas as partes a autorizar a entrega de ajuda humanitária" e "a evacuação dos civis que desejarem".
O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) ressaltou uma situação "particularmente inquietante devido à forte concentração de habitantes nesta zona".
Segundo a OCHA, há alimentos suficientes para 145.000 pessoas para apenas um mês, enquanto Aleppo leste não recebe ajuda desde 7 de julho. "Há uma ajuda vital que é urgente entregar", acrescenta.
Enquanto o regime fecha seu cerco sobre Aleppo, o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, anunciou recentemente que é preciso retomar as negociações de paz.
Duas sessões precedentes de negociações interssírias ocorreram em Genebra desde o início do ano, mas sem conseguir aproximar os grupos adversários.
Para Basma Kadamani, membros da oposição síria no exílio, o "castigo coletivo" imposto aos civis em Aleppo "impõe um grande ponto de interrogação sobre Genebra".
O risco de fome e escassez generalizada aumenta para os mais de 200.000 habitantes dos bairros controlados pelos rebeldes em Aleppo (norte da Síria ), atualmente sitiada pelo Exército sírio.
"Não sei o que será de nós", declarou à AFP Mohamed Rukbi, desempregado e pai de quatro crianças, que vive no bairro rebelde de Bustan al Qasr. "Todas as rotas estão fechadas, e há dias falta pão, os alimentos em geral, praticamente tudo", acrescenta este homem de 38 anos.
A escassez de alimentos e combustível é sentida nos bairros localizados no leste da segunda cidade da Síria desde que as forças do regime de Bashar al-Assad bloquearam no dia 7 de julho a rota do Castello, última via de abastecimento do setor controlado pelos insurgentes.
Neste fim de semana, as tropas governamentais tomaram o controle da totalidade da rota, isolando completamente Aleppo leste do mundo exterior e aumentando os temores de um longo cerco.
Em breve, a fome
"Tenho medo do futuro (...) O regime não se contentará sitiando os bairros do leste (da cidade), mas também os atacará", teme Mohamad.
Em Mashad, outro bairro rebelde, o mecânico Mohama Zaytun afirma não ter mais trabalho devido à falta de gasolina.
"Pensar no cerco me impede de dormir", afirma à AFP este homem de 44 anos, com cinco filhos. "Tenho provisões para apenas uma semana. Se todos os produtos alimentícios começarem a faltar no mercado, em breve significará a fome", afirma.
"Tento fugir da cidade, mas não há nenhuma rota segura", declara.
A ex-capital econômica da Síria é uma das cidades mais afetadas pela guerra. Em 2010 ficou dividida em dois setores, um controlado pelo regime no oeste e outro pelos rebeldes no leste.
Para os especialistas, o avanço do exército, apoiado pela aviação russa, é um golpe muito duro para os insurgentes e pode dar uma guinada no conflito que deixou mais de 280.000 mortos.
"Além da catástrofe humanitária, os recentes acontecimentos de Aleppo são muito importantes politicamente falando", ressalta Karim Bitar, diretor de pesquisas do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS). "Privados de oxigênio, os rebeldes enfrentam uma missão impossível", explica.
O presidente sírio, por sua vez, se sente "consideravelmente mais confortável que há alguns meses" e suas forças "podem consolidar ainda mais suas posições", em sua opinião.
Ajuda urgente
Segundo as Nações Unidas, quase 600.000 pessoas vivem nas zonas sitiadas na Síria, na maioria dos casos por parte do regime, sem acesso a alimentos ou ajuda médica, o que provoca muitos casos de desnutrição. Dezenas de pessoas morreram de fome nestas zonas.
Os bairros do leste de Aleppo ainda não estão definidos como "sitiados" pela ONU, mas esta última se declarou "muito preocupada pela escalada de violência" que "coloca em risco centenas de milhares de pessoas" nesta cidade.
Convocou "todas as partes a autorizar a entrega de ajuda humanitária" e "a evacuação dos civis que desejarem".
O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) ressaltou uma situação "particularmente inquietante devido à forte concentração de habitantes nesta zona".
Segundo a OCHA, há alimentos suficientes para 145.000 pessoas para apenas um mês, enquanto Aleppo leste não recebe ajuda desde 7 de julho. "Há uma ajuda vital que é urgente entregar", acrescenta.
Enquanto o regime fecha seu cerco sobre Aleppo, o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, anunciou recentemente que é preciso retomar as negociações de paz.
Duas sessões precedentes de negociações interssírias ocorreram em Genebra desde o início do ano, mas sem conseguir aproximar os grupos adversários.
Para Basma Kadamani, membros da oposição síria no exílio, o "castigo coletivo" imposto aos civis em Aleppo "impõe um grande ponto de interrogação sobre Genebra".