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Reverendo Moon, líder messiânico e magnata empresarial

Moon, que morreu aos 92 anos, fundou uma igreja que proclama contar com três milhões de membros em todo o mundo e que inclui dezenas de empresas em diversos setores

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2012 às 10h50.

Seul - O polêmico fundador da Igreja da Unificação, o sul-coreano Sun Myung Moon, mais conhecido no Brasil como Reverendo Moon, ergueu seu primeiro local de culto há 60 anos com materiais reciclados e acabou construindo um vasto império religioso e econômico em escala planetária.

Moon, que morreu aos 92 anos, fundou uma igreja que proclama contar com três milhões de membros em todo o mundo e que inclui dezenas de empresas nos setores da construção, maquinaria pesada, alimentação, educação, meios de comunicação e, inclusive, um clube de futebol profissional.

O império de Sun Myung Moon, que se reuniu em 1991, em Pyongyang, com o então líder da Coreia do Norte, Kim Il-Sung, tem interesses econômicos neste país comunista, onde estabeleceu, em 1999, uma empresa afiliada à igreja, a Pyeonghwa (Paz) Motors.

Moon, que nasceu em uma família de agricultores no que hoje é a Coreia do Norte, disse que viu Jesus aos 15 anos e que isso o inspirou a continuar com a missão messiânica interrompida pela crucificação.

Por pregar na comunista Coreia do Norte depois da Segunda Guerra Mundial, Moon foi torturado e enviado a um campo de trabalho, segundo a biografia publicada em seu site. Ele teria deixado o campo com a chegada dos soldados americanos durante a Guerra da Coreia.

Depois de ter caminhado até a cidade de Busan, como refugiado de guerra foi rejeitado pelas igrejas protestantes coreanas e, por isso, decidiu construir sua primeira igreja, recuperando objetos jogados fora pelo exército.

Em 1954, fundou a Igreja da Unificação, em Seul, e definiu como a "Associação do Espírito Santo para a Unificação do Cristianismo Mundial".

Desde então, a igreja enviou missionários ao Japão e aos Estados Unidos e seu fundador fez sua primeira turnê mundial em 1965. Na década de 1970, instalou-se nos Estados Unidos.


Neste período, Moon se reuniu com Richard Nixon na Casa Branca e desatou uma polêmica ao pedir aos americanos que perdoassem seu presidente depois do escândalo de Watergate.

No ano seguinte, enviou missionários a 120 países.

Em 1981, Moon foi condenado por evasão fiscal nos Estados Unidos, uma decisão motivada pelo desejo de tirá-lo desse país, segundo a igreja, e pela qual passou mais de um ano na prisão.

No Brasil, comprou mais de 40 terrenos no Mato Grosso do Sul. Em 2000, foi alvo de uma investigação por parte de uma comissão parlamentar depois de ter adquirido 80.000 hectares de terras nos arredores de Jardim, uma comunidade de 24.000 habitantes a 200 km de Campo Grande.

No mesmo ano, comprou o clube de futebol Atlético de Sorocaba e também fundou uma escola primária em Jardim, onde um terço dos estudantes é de membros de sua igreja.

Os críticos da igreja denunciaram a lavagem cerebral à qual submetia seus fieis, os chamados "Moonies", no mundo anglo-saxão.

Os ensinamentos do culto de Moon se baseiam na Bíblia, mas são interpretados a seu modo e chamados de heresia por outras organizações cristãs.

"Moon vê Deus numa perspectiva essencialmente coreana, combinando em uma forma cristã a paixão xamânica e o modelo confuciano da família", explicou Michael Breen em seu livro "Os coreanos".

"Seu Deus é um pai pobre e solitário que sofre em um mundo de filhos ingratos e malvados", diz ainda.

A Igreja da Unificação é famosa pelos casamentos em massa de seus membros.

Moon presidia com frequência estas cerimônias e unia pessoalmente os casais, formados por pessoas de nacionalidades diferentes, sem um idioma ou uma cultura comuns.

Moon teve 14 filhos, vários dos quais ocupam cargos em seu império.

Hyung Jin Moon, o mais jovem de seus sete filhos homens, sucedeu o pai na liderança da igreja em 2008.

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