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Revenda de entradas: uma nova crise para o presidente do COI

O COI afirmou que não há até agora agora uma solicitação oficial que indicie Bach ou algum dos responsáveis do organismo


	Thomas Bach: membro do COI desde 1995, Hickey, de 71 anos, foi preso e logo liberado por motivos de saúde
 (Bloomberg/Akio Kon)

Thomas Bach: membro do COI desde 1995, Hickey, de 71 anos, foi preso e logo liberado por motivos de saúde (Bloomberg/Akio Kon)

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Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2016 às 15h29.

O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, já em apuros pela gestão do caso de doping russo, enfrenta agora uma nova crise, a questão da revenda ilegal de entradas para os Jogos do Rio, e por isso deve ser indiciado como testemunha pela polícia brasileira.

O alemão, que assumiu o posto há três anos e não assistiu a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos, não pensa em viajar "em breve" para o Brasil.

O COI afirmou que não há até agora agora uma solicitação oficial que indicie Bach ou algum dos responsáveis do organismo.

"Queremos ouvir Thomas Bach como testemunha, pois seu nome aparece citado em dois e-mails e queremos esclarecer algumas dúvidas", disse Ronaldo Oliveira, oficial da Polícia Civil do Rio, em coletiva de imprensa na quinta-feira.

Essa convocação chega em um momento delicado para o chefe do COI, que havia terminado os Jogos do Rio com um suspiro de alívio após semanas agitadas pela exclusão dos atletas russos pelo caso de doping de Estado. O evento no Brasil, porém, não teve os problemas que alguns temiam, em um país sacudido por uma crise econômica e política.

O sucessor de Jacques Rogge, eleito em setembro de 2013, se vê agora diante de um escândalo que surgiu em 17 de agosto com a prisão de um dos membros de maior destaque do COI, o irlandês Patrick Hickey, suspeito de pertencer a uma rede de venda ilegal de ingressos para os Jogos de 2016.

Bach não tem, por enquanto, cogitado falar sobre o assunto. O chefe máximo do COI deve visitar durante o final de semana a Croácia, pelos 25 anos do Comitê Olímpico nacional, segundo uma porta-voz do COI.

"Isso não o torna um suspeito"

Membro do COI desde 1995, Hickey, de 71 anos, foi preso e logo liberado por motivos de saúde. Porém, teve que entregar seu passaporte e foi proibido de abandonar o território brasileiro.

O caso relembra, de certa maneira, o que custou o posto do francês Jérôme Valcke, ex-secretário-geral da Fifa, demitido por suposto envolvimento em uma rede de revenda de ingressos para a Copa do Mundo do Brasil, em 2014.

No total, o tráfico ao redor dos Jogos Olímpicos do Rio gerou uma conta de "pelo menos 10 milhões de reais" segundo a polícia, que confiscou 781 ingressos destinados a serem revendidos em grandes quantidades, sobretudo das cerimônias de abertura e encerramento.

"Se ele (Thomas Bach) entrar no Brasil, vamos convocá-lo para testemunhar, mas isso não o torna um suspeito", afirmou na quinta-feira, no Rio, o delegado Aloysio Falcão.

De acordo com o COI, Bach "por enquanto não tem a intenção de viajar para o Brasil". Sua ausência na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos, que não eram inaugurados sem o presidente do COI desde 1984, já alimentou todo tipo de especulações.

296 ingressos adicionais

Concretamente, a polícia brasileira quer ouvir o chefe do COI por alguns e-mails trocados com Hickey sobre os ingressos do Rio-2016.

Em julho de 2015, Hickey enviou um e-mail para Bach pedindo mais ingressos do que os inicialmente oferecidos, alegando que já havia obtido mais para os Jogos de Londres-2012.

"Bach não respondeu, mas sabemos que Hickey conseguiu 296 ingressos adicionais para os Jogos do Rio, e por isso queremos ouvir o presidente do COI", afirmou o delegado Ricardo Barbosa de Souza.

A troca de e-mails foi encontrada no disco rígido do computador de Martin Burke, outro membro do Comitê Olímpico Irlandês, durante uma revista efetuada pela polícia do Rio no hotel da delegação irlandesa.

No caso de não viajar para o Brasil, poderia testemunhar diante da justiça suíça, país onde fica a sede do COI? O Ministério Público da Confederação (MPC), questionado pela AFP, esclareceu que esse caso não é de sua competência.

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