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Resolução da ONU sobre Jerusalém: como votaram os países?

Sob ameaças diretas dos Estados Unidos, 128 estados aprovaram uma resolução que considera nula decisões sobre o status de Jerusalém

Vista geral de Jerusalém: disputa pela cidade é um ponto fundamental no conflito árabe-israelense (Ammar Awad/Reuters)

Vista geral de Jerusalém: disputa pela cidade é um ponto fundamental no conflito árabe-israelense (Ammar Awad/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 22 de dezembro de 2017 às 12h24.

Última atualização em 22 de dezembro de 2017 às 12h39.

São Paulo – A Assembleia Geral da ONU realizada na última quinta-feira deixou um recado claro para que o presidente americano Donald Trump recue na decisão de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e que não mude a embaixada americana de Tel Aviv, capital comercial, para a cidade.

O texto aprovado nesta semana pontua que “todas as decisões que pretendam modificar o caráter, o status ou a composição demográfica da Cidade Santa de Jerusalém não tem efeito jurídico algum, são nulas e sem valor, e devem ser revogadas”.

Em uma votação quase unânime, 128 estados aprovaram a resolução sobre o status da cidade. Entre eles, Brasil, Alemanha, França, China e Japão.

Apenas 9 se manifestaram contra texto, cuja aplicação não é obrigatória do ponto de vista legal, como os Estados Unidos e Israel, evidentemente, além de Palau e Togo. Ao todo, 35 estados se abstiveram de votar. Argentina, Colômbia, México e o Haiti, por exemplo.

Abaixo, como a votação terminou. Os países em verde são os favoráveis ao texto, os marcados em vermelho são os contrários e os amarelos são os que se abstiveram.

A votação em âmbito da Assembleia Geral da ONU, composta por 139 membros, acontece depois de os EUA terem vetado o texto no Conselho de Segurança, na qual a aprovação teria um caráter vinculativo. Na ocasião, o documento recebeu o apoio de 14 membros. A ação americana fez com que autoridades palestinas e aliados recorressem ao outro órgão da entidade.

Repercussão

Agora, o tom dos Estados Unidos é de ameaça. Antes de os países registrassem seus votos, a embaixadora americana, Nikki Haley, ameaçou abertamente aqueles que votassem a favor do texto. “Este dia será lembrado”, disse ela sobre possíveis pedidos de ajuda financeira ou política aos EUA.

“Os Estados Unidos vão colocar sua embaixada em Jerusalém. Isso é o que os americanos querem que façamos. E é a decisão correta. Nenhum voto na ONU fará qualquer diferença”, continuou a embaixadora, que reforçou as palavras de Trump sobre o tema.

Nesta sexta-feira, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou à rede de notícias CNN que, para seguir os passos dos EUA, muitos países estão considerando mudar suas embaixadas para Jerusalém, mas não citou nenhum especificamente.

Impasse

No último dia 6 de dezembro, Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel, ponto fundamental do conflito árabe-israelense e uma de suas principais promessas de campanha.

A decisão, no entanto, vai de encontro ao consenso da comunidade internacional que preza que a questão seja resolvida por meio de um processo de paz entre os atores desse conflito, Palestina e Israel.

O anúncio feito pelo republicano foi criticado por líderes do mundo árabe e na União Europeia. Além disso, reacendeu o conflito nessa região. Desde então, palestinos vem se manifestando e embates com tropas de Israel passaram a se tornar ainda mais frequentes.

À luz dos EUA, a questão é delicada e especialmente sensível. Tanto o reconhecimento quanto a transferência de embaixada estão previstas em uma lei aprovada pelo Congresso do país nos anos 90, durante a gestão do democrata Bill Clinton.

Embora esse texto estipulasse uma data final para que as medidas fossem colocadas em prática, previa, também, a possibilidade de adiamento das mudanças por “ameaças de segurança”. E é isso que todos os líderes vinham fazendo. Pelo menos até agora.

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