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Renzi está pronto para Itália, mas desafios são imensos

Político está a um passo de se tornar o primeiro-ministro mais jovem da Itália, depois de derrubar rapidamente Enrico Letta

Matteo Renzi, líder do centro-esquerdista Partido Democrático (PD), durante um encontro político em Turim, em dezembro de 2013 (Giorgio Perottino/Reuters)

Matteo Renzi, líder do centro-esquerdista Partido Democrático (PD), durante um encontro político em Turim, em dezembro de 2013 (Giorgio Perottino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2014 às 18h19.

Roma - Matteo Renzi está a um passo de se tornar o primeiro-ministro mais jovem da Itália, depois de derrubar rapidamente Enrico Letta em um golpe intrapartidário, mas o modo como conseguiu seu triunfo político pode tornar difícil a realização das ousadas reformas necessárias para ressuscitar a economia italiana.

Depois que Renzi, de 39 anos, e o restante da liderança do centro-esquerdista Partido Democrático (PD) forçaram Letta a renunciar, ao lhe retirarem apoio em uma reunião especial na quinta-feira, o primeiro-ministro entregou o pedido de renúncia ao presidente Giorgio Napolitano.

Napolitano manterá dois dias de consultas para a escolha do sucessor. O PD é o maior partido no Parlamento e Renzi poderá ser nomeado primeiro-ministro já no fim de semana.

Renzi, que deve se tornar o terceiro primeiro-ministro seguido a ser indicado sem vencer uma eleição, enfrentará intensa pressão para pôr em prática reformas estruturais das quais a Itália vem se esquivando há anos.

Embora há muito tempo ele venha defendendo uma mudança drástica na política italiana e tenha conquistado uma vitória avassaladora na disputa pela liderança do partido em dezembro, poucos esperavam que Renzi tirasse o poder de Letta tão rapidamente.

A decisão de Renzi de derrubar o primeiro-ministro foi amadurecida nos últimos 15 dias, de acordo com pessoas próximas a ele, depois de crescente pressão de sindicatos e do lobby empresarial da Itália, que criticavam o governo de Letta por não fazer o bastante para melhorar o panorama do setor corporativo do país.

"A mudança veio após uma peça de pirotecnia anormal, mas eu não perderia muito tempo com os porquês e comos de tdo isso. O problema é este: ele pode ajudar a fazer o país se mexer de novo?", perguntou Carlo De Benedetti, um dois mais proeminentes empresários da Itália, em um evento em Turim.


"Se ele puder, o modo como a mudança aconteceu será esquecido. Se ele não puder, isso é tudo o que será lembrado." Renzi mostrou ser um estrategista político resoluto, até mesmo cruel, mas os problemas estruturais que tornaram a Itália uma das economias de crescimento mais lento no mundo nas duas últimas décadas são muito mais desafiadores do que marginalizar rivais políticos.

Dados do escritório de estatísticas Istat mostraram nesta sexta-feira crescimento de 0,1 por cento do Produto Interno Bruto italiano no último trimestre de 2013, a primeira expansão desde 2011.

O crescimento ínfimo indica como a Itália está emergindo lentamente de sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial e o quanto foi ultrapassada por outras economias europeias, como França e Espanha, sem falar da campeã continental, a Alemanha.

A economia da Itália, a terceira maior entre os 18 países da zona do euro, encolheu 1,9 por cento no ano passado, depois de contração de 2,6 por cento em 2012.

Nos últimos cinco anos, o PIB encolheu cerca de 7 por cento e a produção industrial caiu por volta de 25 por cento. Centenas de milhares de empresas foram fechadas e na parte sul do país menos de metade da população economicamente ativa está empregada.

A dívida pública da Itália de 2 trilhões de euros equivale a mais de 130 por cento do PIB, e a taxa de desemprego de 12,7 é a mais alta desde os anos 1970.

"O que a Itália precisa neste momento não é um reformador, é de um revolucionário", disse um alto funcionário do lobby empresarial Confindustria.

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