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Renúncia evidencia fracasso da reconciliação palestina

A anunciada renúncia do governo de unidade palestino pôs sobre a mesa o fracasso da reconciliação palestina

O presidente palestino Mahmoud Abbas: Abbas pediu para que a renúncia seja adiada até segunda-feira (Abbas Momani/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2015 às 16h19.

Jerusalém - A anunciada renúncia do governo de unidade palestino, que o presidente, Mahmoud Abbas, pediu para que seja adiada até segunda-feira, pôs sobre a mesa o fracasso da reconciliação palestina.

O primeiro-ministro, Rami Hamdala, apresentou nesta quarta-feira a renúncia do gabinete, mas Abbas lhe pediu que se mantenha por enquanto em seu posto.

Por enquanto se desconhece se o Hamas integrará o próximo gabinete, que será debatido na segunda-feira em Ramala na reunião do Comitê Executivo da Organização para a Libertação Palestina (OLP), da qual o movimento islamita não faz parte.

"Abbas deu sinal verde a Hamdala para que vá pensando em propostas de nomes para o novo governo, que seguirá sendo liderado por ele", explicou à Agência Efe uma fonte próxima da presidência palestina sob condição de anonimato.

Durante os próximos quatro dias o presidente debaterá a situação com os diferentes partidos aglutinados sob o guarda-chuva da OLP, mas também com o Hamas , parceiro na formação do governo de reconciliação agora à beira da dissolução.

Após o anúncio ontem da dissolução em 24 horas do Executivo, o Hamas expressou sua rejeição à criação unilateral de um novo governo sem coordenação com seu grupo ou outras formações.

"Por meio das consultas, o presidente decidirá que tipo de governo será, se apenas um novo ou um de consenso nacional que inclua todos os poderes políticos palestinos, incluindo o Hamas", disse à imprensa Amin Maqbul, secretário-geral do Conselho Revolucionário do Fatah, partido de Abbas.

Em abril do ano passado, o movimento islamita e o nacionalista Fatah anunciaram o fim da divisão interna iniciada em 2007 com a tomada de controle do Hamas sobre Gaza pela força.

A reconciliação se materializou na posse em junho de 2014 de um Executivo de união nacional temporário formado por tecnocratas que, com o apoio de ambas facções, tinha como objetivos prioritários convocar eleições gerais em sete meses e reconstruir Gaza, que um mês depois ficou ainda mais arrasada pela ofensiva israelense "Limite Protetor".

No entanto, desde o começo de sua caminhada, o governo se viu incapaz de cumprir suas metas sob críticas mútuas de entorpecer a convocação eleitoral e acusações do Hamas contra Ramala de ignorar a Faixa.

Agora se abre um cenário de incerteza perante a prevista dissolução do ineficaz governo, que poderia levar a um novo episódio de ruptura de relações entre as duas principais forças palestinas.

"Não tem por que significar que acabou a reconciliação", opinou à Agência Efe um funcionário palestino que prefere ocultar sua identidade e que pensa que, daqui até segunda-feira, muitas coisas podem acontecer.

"Pode ser um sintoma, uma chamada de atenção, algo que ainda pode ser resolvido (...) Durante muito tempo houve reivindicações para que este governo de tecnocratas se transformasse em um político. O estopim pode ter sido que o Hamas esteja negociando com Israel", avaliou.

Hoje foi divulgado que o Hamas mantém um diálogo indireto com Israel através de delegações europeias para uma trégua de longo prazo, horas depois que se anunciasse também que o movimento islamita estuda uma proposta catariana sobre o tema.

Estas iniciativas podem ter causado incômodo em Ramala, que não ofereceu nenhuma explicação de por que Abbas anunciou ontem à noite que se produziria a dissolução do governo em um prazo de 24 horas, por enquanto prorrogado.

Alguns analistas apontam que um motivo poderia ser que, até agora, o Hamas não deu respostas a como permitir ao governo que administre Gaza.

"As circunstâncias são apropriadas para criar um novo governo de unidade com a condição de que todos que façam parte assumam responsabilidade. Foi um ano de Executivo de unidade e fracassou ", explicou à Efe o analista político residente em Gaza, Talal Oukal, que não considera "útil" remodelar o gabinete atual.

"Agora é o momento de formar um governo maior e mais amplo, que inclua o Hamas e outras facções políticas, mas sobre um programa político estipulado", comentou.

Zahira Kamal, secretária-geral da União Palestina Democrática, integrada na OLP e presumivelmente uma das forças que participarão do encontro de segunda-feira, vê nesta reviravolta política um novo espaço para a inclusão e a tomada de forças.

"Não queremos só mudanças nas pessoas, mas um governo responsável por implementar os objetivos dos palestinos como o fim da ocupação, a manutenção de nossa estratégia diplomática e a redefinição das relações com Israel, além de convocar eleições", declarou à Efe.

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Jerusalém - A anunciada renúncia do governo de unidade palestino, que o presidente, Mahmoud Abbas, pediu para que seja adiada até segunda-feira, pôs sobre a mesa o fracasso da reconciliação palestina.

O primeiro-ministro, Rami Hamdala, apresentou nesta quarta-feira a renúncia do gabinete, mas Abbas lhe pediu que se mantenha por enquanto em seu posto.

Por enquanto se desconhece se o Hamas integrará o próximo gabinete, que será debatido na segunda-feira em Ramala na reunião do Comitê Executivo da Organização para a Libertação Palestina (OLP), da qual o movimento islamita não faz parte.

"Abbas deu sinal verde a Hamdala para que vá pensando em propostas de nomes para o novo governo, que seguirá sendo liderado por ele", explicou à Agência Efe uma fonte próxima da presidência palestina sob condição de anonimato.

Durante os próximos quatro dias o presidente debaterá a situação com os diferentes partidos aglutinados sob o guarda-chuva da OLP, mas também com o Hamas , parceiro na formação do governo de reconciliação agora à beira da dissolução.

Após o anúncio ontem da dissolução em 24 horas do Executivo, o Hamas expressou sua rejeição à criação unilateral de um novo governo sem coordenação com seu grupo ou outras formações.

"Por meio das consultas, o presidente decidirá que tipo de governo será, se apenas um novo ou um de consenso nacional que inclua todos os poderes políticos palestinos, incluindo o Hamas", disse à imprensa Amin Maqbul, secretário-geral do Conselho Revolucionário do Fatah, partido de Abbas.

Em abril do ano passado, o movimento islamita e o nacionalista Fatah anunciaram o fim da divisão interna iniciada em 2007 com a tomada de controle do Hamas sobre Gaza pela força.

A reconciliação se materializou na posse em junho de 2014 de um Executivo de união nacional temporário formado por tecnocratas que, com o apoio de ambas facções, tinha como objetivos prioritários convocar eleições gerais em sete meses e reconstruir Gaza, que um mês depois ficou ainda mais arrasada pela ofensiva israelense "Limite Protetor".

No entanto, desde o começo de sua caminhada, o governo se viu incapaz de cumprir suas metas sob críticas mútuas de entorpecer a convocação eleitoral e acusações do Hamas contra Ramala de ignorar a Faixa.

Agora se abre um cenário de incerteza perante a prevista dissolução do ineficaz governo, que poderia levar a um novo episódio de ruptura de relações entre as duas principais forças palestinas.

"Não tem por que significar que acabou a reconciliação", opinou à Agência Efe um funcionário palestino que prefere ocultar sua identidade e que pensa que, daqui até segunda-feira, muitas coisas podem acontecer.

"Pode ser um sintoma, uma chamada de atenção, algo que ainda pode ser resolvido (...) Durante muito tempo houve reivindicações para que este governo de tecnocratas se transformasse em um político. O estopim pode ter sido que o Hamas esteja negociando com Israel", avaliou.

Hoje foi divulgado que o Hamas mantém um diálogo indireto com Israel através de delegações europeias para uma trégua de longo prazo, horas depois que se anunciasse também que o movimento islamita estuda uma proposta catariana sobre o tema.

Estas iniciativas podem ter causado incômodo em Ramala, que não ofereceu nenhuma explicação de por que Abbas anunciou ontem à noite que se produziria a dissolução do governo em um prazo de 24 horas, por enquanto prorrogado.

Alguns analistas apontam que um motivo poderia ser que, até agora, o Hamas não deu respostas a como permitir ao governo que administre Gaza.

"As circunstâncias são apropriadas para criar um novo governo de unidade com a condição de que todos que façam parte assumam responsabilidade. Foi um ano de Executivo de unidade e fracassou ", explicou à Efe o analista político residente em Gaza, Talal Oukal, que não considera "útil" remodelar o gabinete atual.

"Agora é o momento de formar um governo maior e mais amplo, que inclua o Hamas e outras facções políticas, mas sobre um programa político estipulado", comentou.

Zahira Kamal, secretária-geral da União Palestina Democrática, integrada na OLP e presumivelmente uma das forças que participarão do encontro de segunda-feira, vê nesta reviravolta política um novo espaço para a inclusão e a tomada de forças.

"Não queremos só mudanças nas pessoas, mas um governo responsável por implementar os objetivos dos palestinos como o fim da ocupação, a manutenção de nossa estratégia diplomática e a redefinição das relações com Israel, além de convocar eleições", declarou à Efe.

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