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Renúncia deixa Reino Unido sem representante no Conclave

O cardeal católico Keith O'Brien renunciou após ser acusado por outros sacerdotes de assédio nos anos 1980

Cardeal Keith O'Brien na Praça de São Pedro no Vaticano em 2005: com duas renúnciais, serão 115 clérigos responsáveis pela escolha do novo papa (Vincenzo Pinto/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2013 às 14h01.

Londres - A renúncia do cardeal católico Keith O"Brien como arcebispo de St. Andrews e Edimburgo nesta segunda-feira, após ser acusado por outros sacerdotes de assédio nos anos 1980, deixa o Conclave sem representação britânica.

O clérigo, de 74 anos, abandonou hoje a liderança da Igreja Católica Escocesa, da qual era a máxima autoridade desde 1985, depois que três sacerdotes e um ex-padre se queixaram ao Vaticano de seu "comportamento inadequado" há mais de três décadas.

Em comunicado divulgado hoje pela Igreja Católica Escocesa, o cardeal britânico esclareceu que não vai participar do Conclave que vai eleger o sucessor de Bento XVI em março, pois deseja evitar que "a atenção midiática em Roma" esteja focada sobre ele.

"Avaliei a oportunidade de servir o povo da Escócia e do estrangeiro de várias maneiras desde que me ordenei sacerdote", disse o clérigo. Sua ausência se soma a de outro cardeal, que por motivo de doença não participará do Conclave. Com isso, serão 115 clérigos responsáveis pela escolha do novo papa.

Na nota, o cardeal também fez um balanço dos seus anos de Ministério: "Pelo bem que pude fazer, dou graças a Deus. Por qualquer falha, me desculpo diante de todos que ofendi", apesar de não fazer referência às acusações.

Segundo a Igreja escocesa, O"Brien tinha apresentado sua renúncia por motivos de idade em novembro de 2012. O pontífice aceitou o pedido no dia 18 de fevereiro e tornou público hoje, um dia depois da revelação das acusações de assédio.

Como norma, os cardeais entregam sua renúncia ao pontífice ao completarem 75 anos (O"Brien os completará em 17 de março) e, geralmente, o papa mantém o sacerdote à frente de sua arquidiocese por mais alguns anos ou a aceita imediatamente.


A saída de O"Brien por conta de acusações de "comportamento inadequado" em relação a outros padres gera uma crise na Igreja escocesa e abre uma brecha em uma instituição que está prestes a realizar uma inesperada eleição papal.

O próximo Conclave será realizado após a renúncia do papa Bento XVI, num período em que o Vaticano passa por momentos delicados ao enfrentar supostos casos de corrupção interna e má gestão.

A renúncia do cardeal representa também uma derrota pessoal para O"Brien, cuja participação em Roma ia ficar marcada como um de seus últimos atos antes da aposentadoria.

A notícia "entristeceu" o ministro principal para a Escócia, o nacionalista Alex Salmond, que descreveu o cardeal como "um bom homem para a sua Igreja e seu país".

"Todas as vezes que tratei com o cardeal, foi um líder considerado para a Igreja Católica Escocesa, incondicional em sua fé, mas construtivo em suas abordagens", destacou o político.

As acusações contra o cardeal partem de três sacerdotes e um ex-padre que foram supostamente vítimas da conduta indevida do cardeal quando se encontravam sob sua tutela nos anos 1980.

Um deles, hoje casado, relatou à publicação "The Observer" que sofreu assédio sexual por parte do clérigo na época em que era seminarista, com 20 anos. O"Brien era seu "diretor espiritual" e o submeteu a abordagens "inapropriadas" após suas orações noturnas, o que lhe causou depressão e mudanças de personalidade.

Nascido em Ballycastle (Irlanda do Norte), além de arcebispo em St. Andrews e Edimburgo, o cardeal é presidente da Conferência de Bispos da Escócia, apesar de ter renunciado a algumas das tarefas dentro da Igreja escocesa no mês passado devido a sua idade.

O religioso manifestou abertamente sua rejeição à proposta de legalização do casamento entre homossexuais, ao aborto e à ordenação de mulheres, mas recentemente se mostrou a favor do fim do celibato.

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Londres - A renúncia do cardeal católico Keith O"Brien como arcebispo de St. Andrews e Edimburgo nesta segunda-feira, após ser acusado por outros sacerdotes de assédio nos anos 1980, deixa o Conclave sem representação britânica.

O clérigo, de 74 anos, abandonou hoje a liderança da Igreja Católica Escocesa, da qual era a máxima autoridade desde 1985, depois que três sacerdotes e um ex-padre se queixaram ao Vaticano de seu "comportamento inadequado" há mais de três décadas.

Em comunicado divulgado hoje pela Igreja Católica Escocesa, o cardeal britânico esclareceu que não vai participar do Conclave que vai eleger o sucessor de Bento XVI em março, pois deseja evitar que "a atenção midiática em Roma" esteja focada sobre ele.

"Avaliei a oportunidade de servir o povo da Escócia e do estrangeiro de várias maneiras desde que me ordenei sacerdote", disse o clérigo. Sua ausência se soma a de outro cardeal, que por motivo de doença não participará do Conclave. Com isso, serão 115 clérigos responsáveis pela escolha do novo papa.

Na nota, o cardeal também fez um balanço dos seus anos de Ministério: "Pelo bem que pude fazer, dou graças a Deus. Por qualquer falha, me desculpo diante de todos que ofendi", apesar de não fazer referência às acusações.

Segundo a Igreja escocesa, O"Brien tinha apresentado sua renúncia por motivos de idade em novembro de 2012. O pontífice aceitou o pedido no dia 18 de fevereiro e tornou público hoje, um dia depois da revelação das acusações de assédio.

Como norma, os cardeais entregam sua renúncia ao pontífice ao completarem 75 anos (O"Brien os completará em 17 de março) e, geralmente, o papa mantém o sacerdote à frente de sua arquidiocese por mais alguns anos ou a aceita imediatamente.


A saída de O"Brien por conta de acusações de "comportamento inadequado" em relação a outros padres gera uma crise na Igreja escocesa e abre uma brecha em uma instituição que está prestes a realizar uma inesperada eleição papal.

O próximo Conclave será realizado após a renúncia do papa Bento XVI, num período em que o Vaticano passa por momentos delicados ao enfrentar supostos casos de corrupção interna e má gestão.

A renúncia do cardeal representa também uma derrota pessoal para O"Brien, cuja participação em Roma ia ficar marcada como um de seus últimos atos antes da aposentadoria.

A notícia "entristeceu" o ministro principal para a Escócia, o nacionalista Alex Salmond, que descreveu o cardeal como "um bom homem para a sua Igreja e seu país".

"Todas as vezes que tratei com o cardeal, foi um líder considerado para a Igreja Católica Escocesa, incondicional em sua fé, mas construtivo em suas abordagens", destacou o político.

As acusações contra o cardeal partem de três sacerdotes e um ex-padre que foram supostamente vítimas da conduta indevida do cardeal quando se encontravam sob sua tutela nos anos 1980.

Um deles, hoje casado, relatou à publicação "The Observer" que sofreu assédio sexual por parte do clérigo na época em que era seminarista, com 20 anos. O"Brien era seu "diretor espiritual" e o submeteu a abordagens "inapropriadas" após suas orações noturnas, o que lhe causou depressão e mudanças de personalidade.

Nascido em Ballycastle (Irlanda do Norte), além de arcebispo em St. Andrews e Edimburgo, o cardeal é presidente da Conferência de Bispos da Escócia, apesar de ter renunciado a algumas das tarefas dentro da Igreja escocesa no mês passado devido a sua idade.

O religioso manifestou abertamente sua rejeição à proposta de legalização do casamento entre homossexuais, ao aborto e à ordenação de mulheres, mas recentemente se mostrou a favor do fim do celibato.

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