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Renúncia de Bento XVI abre etapa para escolha do novo papa

Um dos nomes mais citados é o de Marc Ouellet, presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina, junto com dois italianos, Angelo Scola e Gianfranco Ravasi


	O papa Bento XVII: as palavras de Bento XVI em sua carta de renúncia geraram um debate sobre a idade do novo papa
 (Franco Origlia/Getty Images)

O papa Bento XVII: as palavras de Bento XVI em sua carta de renúncia geraram um debate sobre a idade do novo papa (Franco Origlia/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2013 às 18h12.

Cidade do Vaticano - O anúncio da renúncia de Bento XVI abriu nesta segunda-feira uma nova etapa na Igreja Católica e dá início a um complexo processo de escolha de seu sucessor, no qual vários nomes de cardeais despontam com mais possibilidades de serem escolhidos, entre eles alguns latino-americanos.

Um dos nomes mais citados é o de Marc Ouellet, presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina, de 69 anos, junto com dois italianos, Angelo Scola e Gianfranco Ravasi; os brasileiros João Braz de Aviz e Odilio Pedro Scherer; e o argentino Leonardo Sandri, entre outros.

As palavras de Bento XVI em sua carta de renúncia, na qual afirmou que abandonava o cargo devido a sua "avançada idade" e porque "já não tem forças" para exercer seu Ministério Petrino, geraram um debate sobre a idade do novo papa.

No caso de um pontífice, uma pessoa jovem pode ser considerada o cardeal Baselios Cleemis Thottunkal, de 52 anos, arcebispo de Trivandrum da igreja Siro Malankarese, cargo para o qual foi nomeado em novembro do ano passado. Já um papa velho pode ser considerado alguém a partir dos 70 anos.

Alguns observadores do Vaticano apostam em um papa jovem e justificam sua preferência afirmando que o sucessor de Ratzinger deve ter a força necessária para enfrentar o desafio de um mundo cada vez mais secularizado e para reformar a igreja, considerada conservadora demais.


Neste contexto, dizem que o próximo papa terá que dar resposta a temas que não podem ser adiados, como o celibato, o sacerdócio da mulher e a comunhão dos divorciados, entre outros.

Outros especialistas defendem um Pontificado mais curto, de uma década, como o atual, mas com um papa que aposte em uma igreja centralista e forte, seguindo a linha de Ratzinger.

Outra questão analisada é se o futuro papa deve ser Latino-Americano, do terceiro mundo ou novamente um italiano após os papados de um polonês (João Paulo II) e um alemão (Bento XVI)

Os defensores de um italiano estão convencidos que os religiosos desta nacionalidade possuem diplomacia, tato e o diálogo necessários para guiar à igreja após as crises geradas pelos escândalos de abusos sexuais contra menores cometidos por clérigos e o caso do roubo e vazamento de documentos do pontífice.

Com estas premissas, um dos candidatos que mais se destaca é Ouellet, que também é prefeito da Congregação para o Clero e que fala perfeitamente espanhol, inglês, francês e italiano. Ouellet é apontado como o melhor conhecedor da igreja nas Américas, onde vive mais da metade dos 1,2 bilhão de católicos do mundo.


Outros nomes que surgem com força são o italiano Angelo Scola, cardeal arcebispo de Milão, de 71 anos, próximo ao movimento Comunhão e Libertação, e o também italiano Gianfranco Ravasi, de 70 anos, "ministro da Cultura" do Vaticano.

Também aparecem nas apostas o austríaco Cristoph Schoenborne, de 67, que foi aluno de Bento XVI e o que mais o defendeu quando aumentaram s críticas ao Pontífice pelos casos de padres pedófilos, e o cardeal de Manila, Luis Tagle, de 55 anos.

O cardeal africano de Gana, Peter Turkson, encarregado do "Ministério" vaticano para a Justiça e Paz, de 64 anos, e o de Nova York (EUA), Timothy Dolan, de 62 anos, também são nomes ventilados.

Sobre um papa latino-americano, os observadores do Vaticano consideram candidatos os brasileiros João Braz de Aviz, de 65 anos, Prefeito regional da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, e Odilio Pedro Scherer, de 63, arcebispo de São Paulo.

Também aparece como candidato o argentino Leonardo Sandri, de 69, prefeito regional para as Igrejas Orientais.


Agora, todos os olhares estão sobre o Colégio Cardinalício, o chamado "clube mais seleto do mundo", que conta atualmente com 209 nomes, dos quais 118 tem menos de 80 anos, idade máxima para poder escolher o papa, segundo as regras da igreja.

Os cardeais com mais de 80 não poderão entrar na Capela Sistina para votar no futuro pontífice, mas podem ser escolhidos. Desse "seleto clube", a Europa segue tendo o maior número de representantes: 116, dos quais 62 são eleitores e 54 acima de 80 anos.

A América Latina tem 30 cardeais (19 eleitores e 11 com mais de 80); a América do Norte, 22 cardeais (14 eleitores e oito com mais de 80); e a Ásia 20, onze menores de 80 anos e nove que superam essa idade.

A África tem 18 cardeais (11 eleitores e sete com mais de 80) e a Oceania quatro, um eleitor e três acima de 80. Por países, a Itália segue na frente, com 49 cardeais (28 eleitores e 21 acima de 80), seguida dos Estados Unidos, com 19 (11 eleitores e oito com mais de 80), e da Espanha, com dez cardeais (cinco eleitores e cinco acima de 80).

Os cardeais, como sempre, rejeitam humildemente serem definidos como adequadas para ocupar a Poltrona de São Pedro e nenhum faz "campanha eleitoral", já que uma norma não escrita os aconselha a não expressarem suas aspirações.

A verdade é que nenhum deles quer que se cumpra o ditado: "Quem entre em um Conclave com fama de papa sai cardeal".

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