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Religiosas católicas dos EUA fazem pedidos ao Vaticano

Grupo pede uma maior tolerância do Vaticano em temas como homossexualidade e aborto


	O papa Bento XVI: as religiosas buscam, segundo Caridad, uma Igreja menos hierárquica e mais participativa.
 (©AFP / Giuseppe Cacace)

O papa Bento XVI: as religiosas buscam, segundo Caridad, uma Igreja menos hierárquica e mais participativa. (©AFP / Giuseppe Cacace)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2012 às 07h34.

Washington - Cerca de mil religiosas dos Estados Unidos, que pedem não só a ordenação sacerdotal feminina, mas também uma maior tolerância do Vaticano em temas como homossexualidade e aborto, se reuniram em St. Louis (Missouri), em um encontro que marca suas diferenças em relação à hierarquia católica.

"Não é uma diferença sobre doutrina, mas sobre o governo da Igreja", disse à Efe Caridad Linda, da Congregação da Humildade de Maria, e que trabalha em Guadalajara (México) e em Davenport (Iowa).

As religiosas buscam, segundo Caridad, uma Igreja menos hierárquica e mais participativa.

A reunião da Conferência de Líderes de Congregações Religiosas (LCWR) - que representa mais de 80% das mais de 57 mil religiosas católicas no país - acontece quatro meses depois de terem sido advertidas pelo Vaticano.

'As integrantes de LCWR farão um processo de discernimento sobre sua resposta ao Vaticano', disse a porta-voz do grupo, Annemarie Sanders.

'O processo permitirá que as irmãs se unam e considerem as respostas possíveis. Sobre a base de tais discussões, o grupo decidirá quais são os próximos passos', acrescentou.

Isso é uma resposta da LCWR ao mandato emitido pelo Vaticano. Em abril, a Congregação para a Doutrina da Fé acusou a LCWR de 'graves problemas doutrinários' e anunciou que três bispos dos EUA foram encarregados de colocar ordem entre as religiosas.

Os desentendimentos entre o Vaticano e a LCWR são antigos: durante a visita do papa João Paulo II a Washington, em 1979, a então presidente do grupo, Theresa Kane, fez uma calorosa saudação e depois aproveitou para fazer uma reinvidicação em público, que acabou sendo estampada em meios de imprensa de todo mundo.

"Enquanto compartilhar esse momento privilegiado com Vossa Santidade, peço-lhe para estar atento a intenso sofrimento e dor que faz parte da vida de muitas mulheres nestes Estados Unidos. Eu vos chamo a ouvir com compaixão o apelo das mulheres. Enquanto mulheres, ouvimos as mensagens poderosas de nossa Igreja abordando a dignidade e a reverência para todas as pessoas. Enquanto mulheres, temos pesado essas palavras. Nossa contemplação nos leva a afirmar que a Igreja, em sua luta para ser fiel ao seu apelo à reverência e dignidade para todas as pessoas, deve responder, fornecendo a possibilidade de as mulheres, enquanto pessoas, serem incluídas em todos os ministérios da Igreja".


Em outras palavras, as religiosas pediam a ordenação sacerdotal das mulheres, fato que a Igreja vetou durante quase toda sua história e que o Vaticano rejeitou nos últimos anos.

Mais de três décadas depois do apelo de Kane, o Vaticano ordenou uma 'visita' - uma espécie de inspeção eclesiástica - às ordens religiosas femininas nos EUA e a intervenção dos bispos na LCWR.

A 'visita' aconteceu no ano passado, feita por Clare Millea, superior dos Apóstolos do Sagrado Coração de Jesus, uma americana que mora em Roma.

O Vaticano descreveu a 'visita' como uma pesquisa sobre as condições de vida e práticas nas ordens religiosas nos EUA. O relatório final da 'visita', ainda é desconhecido.

A advertência emitida pelo Vaticano em abril se refere, também em parte, à independência que vivem e trabalham muitas religiosas americanas, e a tolerância a temas como homossexualidade, aborto e luta pela justiça social.

'O Vaticano nos considera uma espécie de mão de obra eclesiástica', comentou Sandra Schneiders, professora na Escola Jesuíta de Teologia em Berkeley (Califórnia), referindo-se ao papel tradicional das religiosas como enfermeiras ou como professoras nas escolas católicas.

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