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Reino Unido enfrenta onda de greves contra a inflação que corrói os salários

Na sexta-feira, toda a rede de transportes de Londres ficará praticamente paralisada e continuará debilitada por todo o fim de semana

O movimento, que envolve dezenas de milhares de trabalhadores, começou em junho (AFP/Getty Images)

O movimento, que envolve dezenas de milhares de trabalhadores, começou em junho (AFP/Getty Images)

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AFP

Publicado em 18 de agosto de 2022 às 10h12.

As greves por reajustes salariais se multiplicaram neste verão (hemisfério norte) no Reino Unido e há novas paralisações previstas para o final de agosto, diante de uma inflação em alta e um poder aquisitivo que em colapso.

Os sindicatos britânicos RMT, TSSA e Unite convocaram uma nova paralisação de funcionários ferroviários para esta quinta-feira e sábado. O movimento, que envolve dezenas de milhares de trabalhadores, começou em junho e representa a maior greve no setor nos últimos trinta anos.

Neste período de férias escolares, a Network Rail - administrador público da rede ferroviária - alertou que circularia com apenas um trem de cada cinco e pediu aos britânicos que "usem os trens somente se for absolutamente necessário".

Na sexta-feira, toda a rede de transportes de Londres ficará praticamente paralisada e continuará debilitada por todo o fim de semana.

No domingo, os estivadores do porto de Felixstowe (leste da Inglaterra), o maior porto de carga do país, iniciarão uma greve de oito dias, ameaçando interromper grande parte do tráfego de cargas.

Em todos os lugares, o lema é o mesmo: os trabalhadores exigem reajustes salariais correspondentes à inflação, que atingiu 10,1% em 12 meses em julho e pode superar 13% em outubro, segundo projeções do Banco da Inglaterra.

O poder de compra está sendo consumido em velocidade recorde pelo aumento dos preços, o que "demonstra a necessidade vital... de defender o valor dos salários", disse Sharon Graham, secretária-geral do Unite, um dos principais sindicatos do país.

Primeira greve em 35 anos

Convocados pelo sindicato do setor CWU, mais de 115.000 funcionários dos correios planejam quatro dias de greve entre o final de agosto e o início de setembro, enquanto 40.000 trabalhadores da operadora de telecomunicações BT farão sua primeira greve em 35 anos.

Ações semelhantes estão planejadas ou já ocorreram em depósitos da Amazon, entre advogados criminais ou entre coletores de lixo.

"As empresas fazem todo o possível para ajudar seus funcionários a passar por esse período", disse o sindicato dos empregadores da CBI na terça-feira. "Mas uma grande maioria não pode se dar ao luxo de aumentar os salários o suficiente para compensar a inflação", acrescentou.

Algumas greves foram evitadas de última hora graças a ofertas de remuneração consideradas satisfatórias.

Funcionários de uma empresa de abastecimento de combustível no Aeroporto Internacional de Heathrow, em Londres, que ameaçaram interromper o tráfego, acabaram cancelando a greve.

A equipe de terra da British Airways, que pedia como mínimo o restabelecimento dos salários cortados em 10% durante a pandemia, aceitou um aumento de 13% e desistiu da paralisação.

Mas os ferroviários mantêm a greve, já que as negociações com uma multidão de operadores privados estão congeladas.

Propostas "miseráveis"

Os sindicatos também denunciam a decisão do governo de modificar a lei para permitir que trabalhadores temporários substituam os grevistas.

A famosa loja de departamentos de luxo de Londres Harrods foi a "primeira empresa a ameaçar seus funcionários" de recorrer a essa lei, em meio a uma votação de funcionários sobre uma proposta de greve, segundo a Unite.

Os movimentos sociais podem prosseguir além do verão e se estender aos trabalhadores da educação e saúde, dos quais os sindicatos chamam as ofertas de aumentos salariais de 4% de "miseráveis".

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