Boris Johnson: na disputa com Jeremy Hunt, o ex-prefeito de Londres tem vitória quase garantida para assumir como líder dos conservadores (Rebecca Naden/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2019 às 06h31.
Última atualização em 22 de julho de 2019 às 06h55.
Essa semana, o Reino Unido saberá qual político será responsável por conduzir o país durante o processo de saída da União Europeia e no futuro incerto que virá depois do Brexit. Na disputa interna do Partido Conservador, restam dois nomes: Boris Johnson, antigo prefeito de Londres, e Jeremy Hunt, atual ministro das Relações Exteriores.
O resultado da eleição será divulgado na próxima terça-feira, 23, e o escolhido irá ser empossado como líder partidário. Na quarta-feira, Theresa May, que renunciou ao cargo, deixará formalmente a posição e terá reunião com a rainha Elizabeth para informar sobre a sucessão. Só depois é que o eleito assumirá como primeiro-ministro.
É quase certo que o vencedor será Johnson, que obteve apoio de mais de 50% dos ministros na primeira fase da eleição. Ele era ministro das Relações Exteriores, mas deixou o cargo por não concordar com as decisões de May nas negociações com Bruxelas para a saída da União Europeia.
Independentemente de quem se consagrar vencedor, caberá a responsabilidade de aprovar um acordo de saída do bloco econômico até 31 de outubro, a data limite estabelecida para o Brexit.
O novo líder não terá tempo a perder. Desde o referendo que aprovou a saída da União Europeia, em meados de 2016, Theresa May trabalhou para aprovar um acordo de saída.
O prazo original era março deste ano, mas a política falhou em conseguir consenso do parlamento britânico ao longo dos últimos três. O novo primeiro-ministro terá cerca de três meses para tentar melhor sorte com os parlamentares.
Mesmo estando na dianteira, Johnson se tornou uma figura controversa por defender que a saída se mantenha na data fixada mesmo sem um acordo assinado entre o país e o bloco, o que muitos consideram que geraria um desastre econômico no país.
Seu opositor, Hunt, também considera que o Reino Unido deve cumprir o prazo de outubro, mas pensa que seria um “suicídio político” para os conservadores buscar uma saída sem acordo da União Europeia.
O novo primeiro-ministro também terá que lidar com uma nova tensão internacional imediata: o Irã. Na última sexta-feira, um petroleiro britânico foi capturado pelo Irã. A diplomacia do Reino Unido teme que o assunto não seja resolvido logo o conflito escale.
Os Estados Unidos, antigos aliados de Londres, encerraram um acordo nuclear com o Irã defendido por países europeus como o próprio Reino Unido, assim como França e Alemanha. Há uma preocupação sobre como o novo primeiro-ministro reagiria se Donald Trump pedisse ajuda para realizar algum tipo de intervenção militar no Oriente Médio.
Na sexta-feira, 25, o parlamento entra em recesso de verão e volta somente no começo de setembro, o que diminui ainda mais o tempo hábil de trabalho e articulação do novo primeiro-ministro.
Com uma agenda complexa, a partir da próxima quarta-feira, o novo líder terá muito que resolver em pouco tempo.