Regulamentar conteúdo nocivo na internet 'não é censura', diz ONU
Declaração do alto comissariado é resposta ao anúncio da Meta a suspensão de seu programa de verificação de fatos nos Estados Unidos
Agência de notícias
Publicado em 10 de janeiro de 2025 às 09h37.
Última atualização em 10 de janeiro de 2025 às 09h39.
Regulamentar discurso de ódio na internet "não é censura" disse o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Türk, nesta sexta-feira, 10, depois que a Meta suspendeu seu programa de verificação de fatos esta semana.
"Autorizar discursos de ódio e conteúdos prejudiciais na internet tem consequências no mundo real. Regular esse conteúdo não é censura", disse Türk, na rede social X, cujo proprietário, Elon Musk, acusou os programas de verificação de informações de censurar vozes conservadoras.
O alto comissário fez um apelo à "responsabilidade e governança no espaço digital, em conformidade com os direitos humanos", acrescentou.
A gigante da tecnologia Meta, empresa matriz do Facebook, anunciou na terça-feira a suspensão de seu programa de verificação de fatos nos Estados Unidos e que será substituído por um sistema de notas da comunidade semelhante ao usado pela rede X.
Como argumento para sua decisão drástica, o fundador do Meta, Mark Zuckerberg, afirmou que os verificadores de fatos "estão muito politizados e contribuíram para reduzir a confiança em vez de melhorá-la, especialmente nos Estados Unidos".
Segundo ele, a Meta busca "restaurar a liberdade de expressão em suas plataformas".
O anúncio da Meta ocorre no momento em que os republicanos dos EUA, assim como o empresário Musk, que é próximo do presidente eleito Donald Trump, reclamaram nos últimos anos sobre os programas de verificação de fatos, considerando-os uma forma de "censura".
A Agence France-Presse (AFP) trabalha com o programa de verificação de conteúdo do Facebook em 26 idiomas. O Facebook paga para usar verificações de cerca de 80 organizações ao redor do mundo em sua plataforma, assim como no WhatsApp e no Instagram.
Questionada sobre a presença da ONU nas redes X e Meta, Michele Zaccheo, oficial de comunicações da ONU em Genebra, disse que as Nações Unidas "monitoram e avaliam constantemente" esses espaços online.
"É importante que estejamos presentes com informações baseadas em fatos, e é isso que defendemos", acrescentou.
"Ainda não sabemos como isso vai evoluir", mas "neste momento continuamos pensando que é importante estar presente nessas plataformas, apresentar as informações baseadas em evidências", disse.
A porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Harris, presente na coletiva de imprensa, acrescentou que o papel dessas redes para a organização "é fornecer boa informação científica sobre saúde e devemos fazê-lo onde as pessoas procuram, portanto estaremos presentes em todas as plataformas, na medida do possível"