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Regime sírio tenta tomar últimos bairros rebeldes de Aleppo

O governo de Bashar al-Assad rejeitou os apelos a um cessar-fogo e quer tomar o controle total da segunda cidade do país

Síria: Russos e americanos, que apoiam respectivamente Assad e a oposição, não conseguiram entrar em acordo sobre Aleppo (Getty Images)

Síria: Russos e americanos, que apoiam respectivamente Assad e a oposição, não conseguiram entrar em acordo sobre Aleppo (Getty Images)

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AFP

Publicado em 8 de dezembro de 2016 às 12h54.

As forças do regime sírio, apoiadas por combatentes estrangeiros, continuavam avançando nesta quinta-feira rumo aos últimos bairros rebeldes de Aleppo, cuja conquista total representaria "uma grande guinada na guerra", segundo o presidente Bashar al-Assad.

Fortalecido por seus últimos êxitos militares e pelo apoio crucial de russos e iranianos, o regime sírio rejeitou os apelos a um cessar-fogo e quer tomar o controle total da segunda cidade do país, uma conquista que representaria sua maior vitória desde o início do conflito, em 2011.

Russos e americanos, que apoiam respectivamente Assad e a oposição, não conseguiram entrar em acordo sobre Aleppo após outro encontro, enquanto os civis, sitiados há quatro meses, são submetidos a uma chuva de fogo ininterrupta e a uma carência total de alimentos, remédios e produtos básicos.

Os chefes da diplomacia americana, John Kerry, e russa, Serguei Lavrov, devem se encontrar novamente nesta quinta-feira em Hamburgo, Alemanha, um dia após o apelo de seis países ocidentais, entre eles os Estados Unidos, a um "cessar-fogo imediato" diante da "catástrofe humanitária" em Aleppo.

Em meio ao avanço das tropas do regime, envolvidas desde 15 de novembro em uma ofensiva destruidora, os rebeldes foram encurralados nos últimos setores sul da parte oriental de Aleppo, com dezenas de civis presos em meio aos combates.

Depois de retomar os bairros da cidade velha, o exército, apoiado em terra por combatentes iranianos e do Hezbollah libanês, segue avançando, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Na noite de quarta-feira, cerca de 150 civis, em sua maioria doentes, feridos ou com deficiência, foram evacuados de um centro médico nesta região, anunciou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Enquanto isso, em vários bairros, como o de Salaheddin e Bustan al Qasr, prosseguiam os combates, segundo a ONG, e os rebeldes respondiam com dezenas de foguetes contra os bairros governamentais do oeste desta cidade setentrional, outrora capital econômica do país.

Crianças, alvos fáceis

As forças do regime sírio já controlam mais de 80% dos bairros rebeldes na parte oriental de Aleppo, segundo o OSDH.

"É certo que Aleppo será uma vitória para nós (...) Será um grande passo em direção ao fim" do conflito e representará "uma grande guinada na guerra", afirmou Assad em uma entrevista ao jornal sírio Al Watan.

Excluindo um eventual cessar-fogo, ressaltou que "a libertação de Aleppo (...) será um golpe ao projeto dos terroristas".

Aleppo é o principal front neste conflito, que deixou desde 2011 mais de 300.000 mortos e obrigou mais da metade da população a abandonar seus lares.

Cercados, os grupos rebeldes, que ocupam os bairros orientais desde 2012, convocaram um cessar-fogo imediato de cinco dias e a evacuação de civis.

Nos setores nas mãos da oposição ao regime em Aleppo "dezenas de milhares de crianças se converteram em alvos fáceis" e "o número de vítimas sobe de forma exponencial", alertava Sonia Khush, diretora da Save the Children.

"As pessoas caminham pelas ruas com apenas algumas roupas para se proteger do frio", acrescentou, denunciando a inação internacional.

Ajuda crucial da Rússia

A intensidade dos combates acelerou o êxodo da população: 80.000 pessoas fugiram de Aleppo Oriental desde 15 de novembro, de acordo com o OSDH.

Alguns dos deslocados encontraram refúgio nos bairros controlados pelas forças pró-regime, enquanto outros fugiram a bairros ainda nas mãos dos rebeldes.

Desde o início da ofensiva, em 15 de novembro, 384 civis, entre eles 45 crianças, morreram nos bairros de Aleppo Oriental, e outros 105 no setor governamental, segundo o Observatório.

A Rússia intervém militarmente na Síria apoiando o regime desde setembro de 2015 e, graças a Moscou, Assad conseguiu inverter a situação diante dos rebeldes.

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