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Refugiadas narram insegurança e abusos em solo europeu

Segundo dados da Anistia Internacional, as agências de ajuda humanitária estão fracassando em garantir a proteção de direitos básicos às mulheres refugiadas

Refugiadas: várias mulheres contaram ter sido vítimas de abusos físicos, exploração financeira e sexual (Alexandros Avramidis / Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de janeiro de 2016 às 20h45.

São Paulo - A Anistia Internacional publicou, nesta segunda-feira (18) dados preocupantes sobre abusos sofridos por mulheres refugiadas no caminho entre seus países de origem e nações europeias.

De acordo com a organização, os governos e as agências de ajuda humanitária estão fracassando em garantir a proteção de direitos básicos às mulheres que, em sua maioria, fogem e conflitos na Síria e no Iraque.

Foram entrevistadas 40 refugiadas no último mês. As mulheres e meninas viajaram da Turquia para a Grécia, e então pelos Balcãs - a maioria tenta chegar à Alemanha.

Todas elas afirmaram ter se sentido ameaçadas e inseguras durante a jornada. Várias também contaram ter sido vítimas de abusos físicos, exploração financeira e sexual.

"No hotel na Turquia, um dos homens que trabalhava com o traficante, um sírio, disse que se eu dormisse com ele, eu não pagaria, ou pagaria menos. Claro que eu disse não, foi nojento", conta uma jovem de 23 anos, que fugiu de Alepo, na Síria, que diz ainda que esse tipo de "oferta" é algo rotineiro.

"Depois de passarem pelos horrores da guerra no Iraque e na Síria, essas mulheres arriscaram tudo para encontrar segurança para elas e para seus filhos. No entanto, no momento em que elas começam essa jornada, elas são expostas novamente à violência e à exploração, com pouquíssimo suporte ou proteção", afirmou Tirana Hassan, da Anistia Internacional.

Segundo a Anistia, os perigos são maiores principalmente para as mulheres que viajam sozinhas.

Em campos na Hungria, na Croácia e na Grécia, elas são obrigadas a dormirem em tendas com centenas de homens. Em alguns casos, as refugiadas preferem dormir na praia, porque se sentem mais seguras ali.

Há também relatos de homens e mulheres dividindo o mesmo banheiro e homens querendo observar as mulheres enquanto elas vão ao toalete. Por isso, muitas delas passam longos períodos sem comer nem beber nada.

"Se essa crise humanitária estivesse se desenrolando em qualquer outro lugar do mundo, nós imediatamente esperaríamos que medidas práticas fossem tomadas para proteger os grupos mais vulneráveis. Essas mulheres e seus filhos fugiram de algumas das áreas mais perigosas do mundo e é vergonhoso que elas ainda corram riscos mesmo em solo europeu", criticou Tirana.

A Anistia ainda teve acesso a sete mulheres grávidas, que relataram falta de acesso à comida e a cuidados básicos de saúde.

Uma das entrevistadas veio da Síria, e viajou junto com o marido, mas tinha medo de dormir cercada por homens. Ela estava grávida e amamentando a filha mais nova.

Outra, uma iraquiana de 22 anos, contou que um policial alemão ofereceu roupas para ela, caso a jovem "passasse um tempo sozinha" com ele.

"O melhor jeito de evitar esses abusos e explorações seria se os governos europeus permitissem a chegada de refugiados por rotas legais e seguras", sugeriu Tirana.

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São Paulo - A Anistia Internacional publicou, nesta segunda-feira (18) dados preocupantes sobre abusos sofridos por mulheres refugiadas no caminho entre seus países de origem e nações europeias.

De acordo com a organização, os governos e as agências de ajuda humanitária estão fracassando em garantir a proteção de direitos básicos às mulheres que, em sua maioria, fogem e conflitos na Síria e no Iraque.

Foram entrevistadas 40 refugiadas no último mês. As mulheres e meninas viajaram da Turquia para a Grécia, e então pelos Balcãs - a maioria tenta chegar à Alemanha.

Todas elas afirmaram ter se sentido ameaçadas e inseguras durante a jornada. Várias também contaram ter sido vítimas de abusos físicos, exploração financeira e sexual.

"No hotel na Turquia, um dos homens que trabalhava com o traficante, um sírio, disse que se eu dormisse com ele, eu não pagaria, ou pagaria menos. Claro que eu disse não, foi nojento", conta uma jovem de 23 anos, que fugiu de Alepo, na Síria, que diz ainda que esse tipo de "oferta" é algo rotineiro.

"Depois de passarem pelos horrores da guerra no Iraque e na Síria, essas mulheres arriscaram tudo para encontrar segurança para elas e para seus filhos. No entanto, no momento em que elas começam essa jornada, elas são expostas novamente à violência e à exploração, com pouquíssimo suporte ou proteção", afirmou Tirana Hassan, da Anistia Internacional.

Segundo a Anistia, os perigos são maiores principalmente para as mulheres que viajam sozinhas.

Em campos na Hungria, na Croácia e na Grécia, elas são obrigadas a dormirem em tendas com centenas de homens. Em alguns casos, as refugiadas preferem dormir na praia, porque se sentem mais seguras ali.

Há também relatos de homens e mulheres dividindo o mesmo banheiro e homens querendo observar as mulheres enquanto elas vão ao toalete. Por isso, muitas delas passam longos períodos sem comer nem beber nada.

"Se essa crise humanitária estivesse se desenrolando em qualquer outro lugar do mundo, nós imediatamente esperaríamos que medidas práticas fossem tomadas para proteger os grupos mais vulneráveis. Essas mulheres e seus filhos fugiram de algumas das áreas mais perigosas do mundo e é vergonhoso que elas ainda corram riscos mesmo em solo europeu", criticou Tirana.

A Anistia ainda teve acesso a sete mulheres grávidas, que relataram falta de acesso à comida e a cuidados básicos de saúde.

Uma das entrevistadas veio da Síria, e viajou junto com o marido, mas tinha medo de dormir cercada por homens. Ela estava grávida e amamentando a filha mais nova.

Outra, uma iraquiana de 22 anos, contou que um policial alemão ofereceu roupas para ela, caso a jovem "passasse um tempo sozinha" com ele.

"O melhor jeito de evitar esses abusos e explorações seria se os governos europeus permitissem a chegada de refugiados por rotas legais e seguras", sugeriu Tirana.

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