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Reduto de rebeldes, Ras Lanuf é bombardeada

Ao menos quatro pessoas morreram e 35 ficaram feridas como resultado dos ataques, indicou uma fonte médica

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de março de 2011 às 20h23.

Ras Lanuf - À força de bombardeios terrestres e aéreos, as forças fiéis ao regime do coronel Muamar Kadhafi chegaram nesta quinta-feira a Ras Lanuf, reduto estratégico dos rebeldes, provocando a retirada dos insurgentes líbios.

A cidade petroleira de Ras Lanuf estava sob o controle dos rebeldes havia apenas uma semana, mas os insurgentes perderam terreno ante a ofensiva do exército de Kadhafi, que enviou uma chuva de obuses e foguetes contra o oeste, o centro e o leste da cidade.

A emissora estatal líbia anunciou que a cidade está "livre" de insurgentes e que as forças de Kadhafi dirigem-se para Benghazi, reduto da insurreição.

Ao menos quatro pessoas morreram e 35 ficaram feridas como resultado dos ataques, indicou uma fonte médica.

Em torno de quatro foguetes Katiusha caíram no centro de Ras Lanuf, perto de uma mesquita e de um hospital, cujos doentes foram retirados em ambulâncias.

Médicos aterrorizados escaparam do hospital a pé ou a bordo de ambulâncias, levando com eles alguns pacientes.

Mahmoud Zubi foi o único médico que permaneceu no hospital.

Parado ao lado de uma cama na qual jazia o corpo ensanguentado de um homem que perdeu o nariz e uma parte da cabeça, Zubi disse à AFP que "esse homem (...) foi assassinado no exterior do hospital. Era um dos guardas e perdeu a vida em uma das explosões".

Os impactos dos obuses deixaram uma cratera no solo da cidade e fragmentos espalhados por todos os lados.

Apesar dos ataques, alguns grupos de rebeldes pareciam decididos a permanecer em Ras Lanuf, mas outros combatentes cansados escapavam na cidade a bordo de veículos, dizendo terem sido vencidos.

"Fomos vencidos. Estão bombardeando com obuses e estamos fugindo. Isso significa que estão retomando Ras Lanuf", disse um insurgente que se apresentou com o nome de Osama.

Um jornalista da AFP perguntou a um rebelde que levava uma metralhadora nas mãos, se pensava em abandonar a cidade.

"Você crê que eu possa deter mísseis Grad com isso?", respondeu o insurgente, deixando supor que sua única opção era a retirada.

Mahmoud Ibrahim, um jovem combatente, chorava em um dos veículos que escapavam da cidade, pedindo ajuda ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e ao primeiro-ministro britânico, David Cameron.

"Onde está Obama? Onde está Cameron? Diga a Obama que venha nos ajudar", disse Ibrahim antes de cair aos prantos.

"Onde diabos vocês vão? Vão morrer inutilmente", disse outro insurgente a um grupo de rebeldes que desafiava o bombardeio, tendo como únicas armas suas kalashnikov.

Nesse momento, era impossível retornar para resgatar os feridos, segundo Jaber, o motorista de uma ambulância que se deteve no acostamento da estrada. "As forças de Kadhafi impediram que as ambulâncias fossem a Ras Lanuf. Há feridos, mas não podemos ajudá-los", disse.

"Você quer saber de quem é a culpa? Da imprensa, que está revelando todas as nossas posições", gritou um rebelde, enquanto outro dizia a seus camaradas que não conversassem com jornalistas.

"Por favor, por favor, parem de dizer aos jornalistas nossos segredos militares. Estão colocando nossa vida em perigo. Aquele que tiver um foguete RPG, que vá à frente", gritava o insurgente.

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