Militar no Sudão do Sul: Bor foi a primeira área em que a revolta se alastrou desde seu início no domingo passado (AFP/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2013 às 10h18.
Cartum - Os militares insurgentes do Sudão do Sul conseguiram dominar a cidade de Bor, capital do estado de Jonglei, palco desde ontem de combates entre o exército e dissidentes, disseram nesta quinta-feira as autoridades do país na televisão local.
O ministro da Informação, Micheal Makuei, declarou em entrevista coletiva que as forças governamentais perderam o controle da cidade e que os enfrentamentos entre os grupos continuam.
Localizada a cerca de 150 km ao norte de Juba, Bor foi a primeira área em que a revolta se alastrou desde seu início no domingo passado na capital sul-sudanesa.
Os rebeldes são liderados em Jonglei pelo poderoso geral Peter Gadet, que já enfrentou no passado o regime de Salva Kiir.
Makuei explicou que as operações militares continuam ao redor de duas zonas militares de Bor, mas não pôde oferecer um número de vítimas.
Há temores de que uma escalada de violência étnica aconteça na cidade, que em 1991 foi palco de intensos confrontos entre as tribos Lou Nuer e Dinka e que causaram mais de mil de mortos, majoritariamente Dinka.
O ex-vice-presidente Riak Mashar, acusado pelas autoridades de ser o líder da atual tentativa do golpe de Estado, pertence à tribo Lou Nuer, enquanto Kir é dos Dinka.
O chefe de Estado propôs ontem iniciar negociações com Mashar, que se encontra foragido e negou que a situação no Sudão do Sul seja uma tentativa de golpe.
Sobre as negociações, o ministro da Informação afirmou que há mediações entre o governo e Mashar, sem dar mais detalhes sobre o assunto ou sobre os atores envolvidos nas negociações.
Makuei também disse que os importantes depósitos de petróleo, localizados principalmente no estado de Unity, não foram afetados pois os enfrentamentos acontecem longe deles.
Enquanto a situação em Bor é violenta, em Juba continua tranquila. De acordo com o ministro, os funcionários retornaram ao seus trabalhos e o comércio abriu normalmente.
No entanto, 16 mil pessoas ainda permanecem em acampamentos nos arredores da sede da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS), onde buscaram proteção.