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Rebeldes sírios deixam pela primeira vez bairro de Damasco

O regime de Al Assad deixou claro que não permitirá que a ONU supervisione a implementação do acordo das "áreas de desescalada"

Damasco: "Homens armados e membros das suas famílias começaram a deixar Barze a bordo de 40 ônibus em direção ao norte da Síria" (Louai Beshara/AFP)

Damasco: "Homens armados e membros das suas famílias começaram a deixar Barze a bordo de 40 ônibus em direção ao norte da Síria" (Louai Beshara/AFP)

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AFP

Publicado em 8 de maio de 2017 às 11h02.

Os rebeldes aceitaram, pela primeira vez desde 2011, deixar um bairro de Damasco após serem alvos de intensos bombardeios, permitindo o regime fortalecer seu controle sobre a capital.

Além disso, o regime de Bashar al-Assad deixou claro que não permitirá que a ONU ou forças internacionais supervisionem a implementação do acordo russo-turco-iraniano assinado em 4 de maio sobre "áreas de desescalada".

"Homens armados e membros das suas famílias começaram a deixar Barze a bordo de 40 ônibus em direção ao norte da Síria, e esta operação vai continuar por cinco dias", informou a televisão estatal síria.

"Ao mesmo tempo, a situação das pessoas que optaram por permanecer no bairro será resolvida", esclareceu.

A televisão não especificou o número de pessoas que deveriam partir, mas, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), entre 1.400 e 1.500 combatentes e suas famílias devem deixar a capital para Idlib, província do noroeste do país sob controle dos rebeldes e jihadistas.

O acordo de evacuação de Barze, um bairro que antes do início da crise tinha 48.000 habitantes, foi concluído domingo à noite, e dezenas de pessoas se reuniram ao amanhecer para se preparar para partir.

Um fotógrafo em Barze viu rebeldes carregando suas armas de pequeno porte, bem como crianças e mulheres usando lenços brilhantes empurrando malas e carregando sacolas.

Uma fonte da milícia pró-governo Forças de Defesa Nacionais (FDN) disse à AFP que os rebeldes serão autorizados a partir com "suas armas pessoais".

Negociações estão em andamento para a evacuação dos rebeldes de Qaboun, um bairro do noroeste da capital, transformado nos últimos meses em um verdadeiro campo de batalha.

A maior parte de Damasco está sob controle do regime, com a exceção de seis bairros periféricos: Barze, Qaboun, Jobar, Tadamun, Yarmuk e Techrin

Em fevereiro, o geógrafo francês especialista na Síria, Fabrice Balanche, indicou que "a rebelião havia perdido definitivamente Damasco".

"Os mais racionais (dos rebeldes) tentam agora negociar com o governo sírio sua anistia. Quanto aos outros, não têm nenhuma outra esperança do que a ser transferido para Idleb", disse ele.

ONU descartada

Várias operações de evacuação de insurgentes e suas famílias foram realizadas em várias localidades da província de Damasco, mas esta é a primeira vez que tal operação é realizada na capital.

Os insurgentes, que perderam vastas regiões para o regime, apoiado militarmente pela Rússia e Irã, foram forçados a assinar muitos acordos de evacuação de seus redutos.

Desencadeada em março de 2011 pela repressão aos protestos pró-democracia, o conflito na Síria já custou mais de 320.000 vidas e fez milhões de deslocados e refugiados, tornando-se cada vez mais complexo com o envolvimento de atores internacionais e grupos extremistas.

A partida dos rebeldes acontece dias após a entrada em vigor do acordo de Astana (Cazaquistão) entre a Rússia e o Irã, aliados de Bashar al-Assad, e Turquia, que apoia a rebelião, que prevê a criação de quatro "zonas de desescalada" na Síria.

A este respeito, o ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Mouallem, declarou que seu país "não aceita que as Nações Unidas ou forças internacionais tenham um papel de vigilância da implementação do memorando".

As "zonas de desescalada" serão acompanhadas de "áreas de segurança", com postos de controle e centros de supervisão mantidos conjuntamente pelas "forças dos países patrocinadores" e possivelmente "outras partes".

Além do estabelecimento de uma trégua duradoura, o memorando visa melhorar a situação humanitária e criar as "condições para fazer avançar o processo político."

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