Rebeldes sírios apoiam intervenção da Turquia após bombas
As tropas turcas bombardearam áreas fronteiriças da província síria de Al Raqa, no norte do país
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2012 às 18h29.
Cairo - Depois que o exército turco bombardeou posições militares em território sírio nas últimas horas, os opositores ao regime de Bashar al Assad expressaram nesta quinta-feira sua disposição de colaborar com a Turquia caso o país decida por uma intervenção militar na Síria .
Em represália pelo ataque que partiu ontem da Síria e que deixou cinco mortos e 13 feridos na cidade turca de Akçakale, as tropas turcas bombardearam áreas fronteiriças da província síria de Al Raqa, no norte do país.
Após os bombardeiros, o "número dois" do Exército Livre da Síria (ELS), Malek Kurdi, disse à Agência Efe por telefone que seus homens ajudariam o exército turco caso ocorra uma operação com o aval da comunidade internacional.
"Esperamos que qualquer intervenção seja coordenada conosco e acho que assim será", destacou Kurdi, que se encontra no sul da Turquia.
Quanto à decisão do Parlamento turco de autorizar o governo a enviar tropas à Síria durante o prazo de um ano, o líder rebelde afirmou que isto não representa um anúncio de guerra.
Kurdi disse que a Turquia tem que adotar qualquer resolução em colaboração com a comunidade internacional, por meio do Conselho de Segurança da ONU ou da Otan.
A Otan demonstrou ontem seu apoio à Turquia e exigiu de Damasco o fim das "flagrantes" violações do direito internacional.
Por outro lado, Ancara esclareceu que a decisão do Parlamento não se trata de "uma moção em favor da guerra", mas uma medida que "tem uma função dissuasiva".
O próprio governo turco reconheceu ter recebido desculpas de Damasco: "eles reconheceram e prometeram que isso não voltará a acontecer", declarou o vice-primeiro-ministro turco, Besir Atalay.
Com o aumento da presença militar na fronteira, o governo sírio enviou mensagens, de forma indireta, para tentar diminuir a tensão diante de um eventual conflito bélico com a Turquia.
Pouco depois das ações da Turquia, o ministro de Informação sírio, Omran Zubi, afirmou em entrevista ao canal estatal que seu governo está investigando as circunstâncias do ataque a Akçakale, e ofereceu suas condolências aos familiares das vítimas e ao povo turco.
Os bombardeios iniciados ontem à noite pelo exército turco, que duraram até o amanhecer, afetaram um posto de controle fronteiriço.
Kurdi explicou que vários projéteis atingiram o posto do Regimento 93 do Exército sírio, próximo à cidade de Tel Abiad, na província de Al Raqa, presumidamente o local de onde partiu o ataque contra o território turco.
O subcomandante do ELS afirmou que vários soldados sírios ficaram feridos nestes bombardeios, que também causaram a destruição de dois dos oito tanques que estavam estacionados no posto de controle.
Já o grupo de oposição Observatório Sírio de Direitos Humanos informou que vários militares sírios morreram, embora as autoridades sírias ainda não tenham confirmado o fato.
Segundo um ativista citado pelo Observatório, após os bombardeios ocorreram enfrentamentos entre as forças governamentais e os rebeldes sírios.
O observatório também afirmou que foi visto um reforço da atividade militar turca perto da fronteira.
Enquanto a situação é cada vez mais incerta, a violência persiste na Síria. Segundo os grupos opositores, morreram hoje no país mais de oitenta pessoas, a maioria nos bombardeios contra a região metropolitana de Damasco e em Aleppo.
Nos arredores da capital, na cidade de Qudsaya, pelo menos 20 soldados das forças governamentais sírias morreram em choques com os rebeldes.
O ativista opositor Omar Hamza disse à Efe pela internet que existiam "shabiha" (milicianos pró-governo) entre os falecidos, enquanto o Observatório informou que se tratavam de membros da Guarda Republicana.
Além disso, o Observatório informou que em Aleppo 12 combatentes rebeldes morreram em confrontos com as tropas governamentais.
A agência de notícias oficial "Sana" anunciou que nessa mesma cidade o exército lançou uma ampla operação militar para restaurar a segurança e "evitar que a população sofra na mão dos terroristas".