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Rebeldes ameaçam com ofensiva na Síria

Exército sírio deveria se retirar hoje das cidades do país, como primeiro passo antes de na quinta-feira haver uma trégua que teria que ser respeitada por todas as partes

Ativistas opositores denunciaram que as forças do regime de Bashar Al Assad continuam a fazer disparos (AFP)

Ativistas opositores denunciaram que as forças do regime de Bashar Al Assad continuam a fazer disparos (AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2012 às 21h38.

Cairo - As poucas esperanças de que o plano de paz do mediador internacional Kofi Annan conseguiria um cessar-fogo na Síria diminuiram, e os rebeldes ameaçam passar à ofensiva em 48 horas se o regime não der um fim à violência.

O exército sírio deveria se retirar hoje das cidades do país, como primeiro passo antes de na quinta-feira haver uma trégua que teria que ser respeitada por todas as partes.

No entanto, os ativistas opositores denunciaram que as forças do regime de Bashar Al Assad continuam a fazer disparos e que mais de 70 pessoas morreram, entre elas três crianças e cinco mulheres, principalmente nas províncias rebeldes de Homs e Hama, no centro do país.

Enquanto o ministro sírio de Relações Exteriores, Walid Muallem, anunciou em Moscou a retirada de uma parte das tropas, os ativistas divulgaram vídeos que mostravam disparos e lançamentos de projéteis pelas forças leais ao governo de Assad.

Um ativista da província de Idlib que se identificou como Abu Ahmed disse à Agência Efe que o exército sírio deixou hoje a periferia dessa cidade, onde até ontem casas eram incendiadas e civis assassinados, e focou hoje a repressão nas cidades de Yisr Shugur e Jabal Zawiyah.

Apesar disso, Annan preferiu não jogar a toalha e afirmou que vai esperar até o final do prazo concedido a Damasco para verificar se sua proposta fracassou.

''É evidente que o plano de paz não foi aplicado segundo o programa previsto, mas isso não significa que não possa ser implementado'', disse o mediador em entrevista coletiva no aeroporto de Hatay, no sul da Turquia.


A possibilidade de que a iniciativa de paz fracasse - o que segundo muitos analistas poderia levar o país a uma guerra civil declarada - fez o rebelde exército Livre Sírio (ELS) elevar o tom e ameaçar passar à ofensiva em 48 horas se a violência não cessar.

Em entrevista à Efe, o porta-voz do ELS no interior da Síria, o coronel Qasem Saadedin, advertiu que suas forças ''atacarão o regime como nunca o fizeram'', se não acabarem as hostilidades.

Da mesma forma, Saadedin afirmou que até o momento seu grupo - formado por desertores do exército e civis, pobremente equipado e com pouca coordenação entre suas unidades - teve uma função especificamente defensiva para proteger os civis, mas que passará a atacar diretamente interesses do regime.

Além disso, os rebeldes negaram que Assad esteja retirando suas tropas, mas simplesmente as mudou de lugar. Segundo Saadedin, que afirmou que seu grupo ''segue comprometido com o cessar-fogo apesar da violação escandalosa por parte do regime'', hoje foram bombardeadas com artilharia e tanques as cidades de Deraa e Homs, além das províncias de Rif Damasco, Idlib e Hama.

A esse aumento da tensão uniu-se o Conselho Nacional Sírio (CNS), principal força dos movimentos opositores, que disse não descartar alternativas para deter o derramamento de sangue, incluindo a intervenção armada.

Em entrevista coletiva em Genebra, Basma Kodmani, chefe de relações exteriores do CNS, declarou que os opositores ''continuam confiando na missão de Annan'', mas que se esta fracassar, ''nenhuma opção deveria ser descartada nem considerada inválida''.

Enquanto se esgota a via diplomática, o regime sírio anunciou por sua vez a morte de 33 militares e agentes da segurança nos combates com os rebeldes em cinco províncias do país, segundo a agência oficial ''Sana'', que não especificou o número de baixas. 

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