Rebeldes acusam governo do Sudão do Sul de atacar posições
Enviado da Igad pediu às duas partes que respeitem a cessação das hostilidades assinada em junho e mostrem compromisso com o processo negociador
Da Redação
Publicado em 15 de agosto de 2014 às 16h03.
Adis-Abeba - Os rebeldes acusaram às forças do governo do Sudão do Sul nesta sexta-feira de atacar suas posições em duas cidades do país, após várias semanas de calmaria e em plenas conversas de paz.
O porta-voz dos insurgentes, Lul Ruai Kong, garantiu em comunicado emitido na capital etíope, Adis-Abeba - onde acontecem as negociações - atacar forças "defensivas" do Exército de Libertação Popular do Sudão (SPLM) na cidade petrolífera de Bentiu e na cidade de Ayod. Situada no estado de Unidade, Bentiu mudou de mãos em várias ocasiões durante a guerra civil que começou o dezembro do ano passado, provocando dezenas de mortes e milhares de deslocados, além de destruir a precária infraestrutura do país.
Hoje, o enviado da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (Igad) - o bloco de países da África Oriental que exerce papel de mediador na crise - condenou os novos combates e pediu às duas partes que respeitem a cessação das hostilidades assinada em junho e mostrem compromisso com o processo negociador. Perante a crise de fome provocada pela guerra e a falta de progressos das conversas de paz, organismos como a União Europeia (UE) e a própria Igad ameaçaram impor sanções tanto ao governo do presidente Salva Kiir quanto aos rebeldes.
O processo de negociações voltou a desacelerar na semana passada, ao Riek Machar, o líder dos rebeldes, exigir a renúncia de Kiir como condição para qualquer acordo de paz durável. Depois de repetidas interrupções, o diálogo foi retomado em 4 de agosto, com o objetivo, por parte da Igad, de conseguir um acordo que ponha um fim no conflito armado e leve à formação de um governo de transição.
O Sudão do Sul obteve sua independência do Sudão em julho de 2011. O conflito político iniciado em dezembro do ano passado no país entre Kiir, de etnia dinka, e o ex-vice-presidente Machar, dos nueres e deposto um ano antes, logo derivou em um conflito étnico entre comunidades que se atacaram nos últimos meses. Kiir acusa Machar de ter liderado uma tentativa golpista para derrubá-lo e tomar o poder.