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Reabertura em Xangai avança um passo, mas retrocede dois

A capital econômica da China enfrenta o pior surto de covid desde o início da pandemia, no final de 2019

Xangai: seus 25 milhões de habitantes foram confinados desde o início de abril e podem sair pontualmente por algumas horas (Aly Song/Reuters)

Xangai: seus 25 milhões de habitantes foram confinados desde o início de abril e podem sair pontualmente por algumas horas (Aly Song/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de abril de 2022 às 09h17.

Quando Rui se aventurou, esta semana, a sair de seu apartamento em Xangai pela primeira vez em 20 dias, encontrou uma cidade bastante mudada pelo confinamento imposto pela covid-19 com liberdades muito restringidas. 

A capital econômica da China enfrenta o pior surto de covid desde o início da pandemia, no final de 2019, e, na sexta-feira, mais de 17.000 casos foram registrados, um número que indica uma tendência de queda.

Seus 25 milhões de habitantes foram confinados desde o início de abril e podem sair pontualmente por algumas horas.

Porém, no breve passeio de Rui, a mulher se deparou com um panorama surrealista: ruas desertas, vitrines entre barricadas e um salão de beleza instalado em uma piscina vazia.

Perto de sua casa, há algumas lojas abertas, mas a entrada aos locais estão bloqueadas, o que obriga os clientes a gritarem da calçada os seus pedidos, explica a mulher, que é encarregada da comunicação em uma empresa de vendas pela internet.

"Ultimamente tem sido realmente muito difícil para todo mundo", contou, em referência às últimas três semanas.

Além do confinamento, os habitantes de Xangai que testam positivo são enviados a centros de quarentena, que abrigam milhares de pessoas vacinadas.

Avenidas vazias

Diante da queda dos novos casos diários, a prefeitura começou a autorizar a saída de alguns residentes e o funcionamento das indústrias.

As autoridades publicaram uma lista das regiões onde os confinamentos foram relaxados.

Nas últimas duas semanas, 12 milhões de pessoas foram informadas que poderiam descer as escadas de seus apartamentos e voltar às ruas, em função do nível de risco do bairro onde vivem.

Contudo, o entusiasmo foi limitado, já que na prática um conjunto de restrições segue limitando os deslocamentos e várias áreas podem voltar a sofrer um confinamento restrito.

Os vídeos publicados nos últimos dias pelos habitantes da cidade mostram as avenidas quase desertas, exceto por alguns entregadores ou por agentes vestidos com trajes de proteção.

"Não pude sair do meu bairro, mas é suficiente", escreveu um usuário da rede social Xiaohongshu, similar ao Instagram.

Distópico

Outros se filmaram dançando nas ruas comerciais que habitualmente estão lotadas.

Um americano que vive no distrito de Jing'an, no centro de Xangai, qualificou como "distópica" sua solitária caminhada pelas ruas da cidade na semana passada.

No início da primavera, "tudo parece muito limpo e imaculado", contou à AFP o expatriado, que pediu para ser identificado como Dan.

Nas esquinas, os policiais verificam se as pessoas vêm de um bairro de baixo risco.

Essa medida fez com que Dan se sentisse "como um delinquente", apesar de ter autorização para sair.

Sua liberdade, entretanto, durou pouco, visto que seu distrito proibiu todas as saídas desde quinta-feira (19) e a situação nos outros bairros é variável.

Em algumas áreas, apesar da prefeitura afirmar que os habitantes podem sair, apenas podem fazê-lo uma vez por dia.

Outros seguem confinados, mesmo vivendo em zonas de baixo risco.

Para Dan, essa falta de clareza nas informações é "muito frustrante".

As autoridades "publicam listas (de áreas onde os confinamentos foram relaxados) para poder dizer que as coisas estão melhorando. Mas restringindo e contradizendo a política que eles mesmo colocam em prática", se queixou.

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