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Ratko Mladic, o responsável pelo ataque a Sarajevo

Detido nesta quinta-feira após mais de 15 anos foragido, ele também é acusado de genocídio por causa do massacre de muçulmanos de Srebrenica

Mladic: "presenteamos a Srebrenica sérvia ao povo sérvio. Chegou o momento de vingar os 'turcos'" (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2011 às 13h40.

Belgrado - O ex-general Ratko Mladic, ex-chefe militar dos sérvios da Bósnia, detido nesta quinta-feira após mais de 15 anos foragido, é acusado de genocídio por causa do massacre de muçulmanos de Srebrenica, o ataque a Sarajevo e outros crimes cometidos durante a guerra da Bósnia (1992-1995).

A captura de Mladic era, após a extradição de outro líder sérvio da Bósnia, Radovan Karadzic, a principal reivindicação da União Europeia (UE) para acelerar a aproximação com a Sérvia.

O Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII) acusa Mladic de crimes de guerra contra civis em Sarajevo, cometidos durante o ataque entre 1992 e 1995, no qual morreram mais de 10 mil pessoas, entre elas 1,5 mil crianças.

É acusado ainda de genocídio pelo massacre de 8 mil jovens muçulmanos em Srebrenica, em julho de 1995, depois que as tropas sérvio-bósnias tomassem essa região, então sob a exígua proteção dos soldados holandeses das forças de paz da ONU.

"Presenteamos a Srebrenica sérvia ao povo sérvio. Chegou o momento de vingar os 'turcos' (nome depreciativo para os muçulmanos bósnios)", disse Mladic em Srebrenica, em palavras registradas então pelos repórteres de rádio e televisão.

Militar de carreira, Mladic nasceu em 12 de março de 1943 no povoado de Bozinovici, perto de Kalinovik, no sudeste da Bósnia, e cresceu sem a presença do pai, um guerrilheiro e membro do Exército do comunista Josip Broz Tito, assassinado durante a Segunda Guerra Mundial nas mãos de nacionalistas croatas, aliados dos nazistas.

Em 1965, formou-se na Academia Militar de Zemun (perto de Belgrado) em primeiro lugar e foi designado, antes da desintegração da antiga federação iugoslava, à Macedônia, Kosovo e Croácia.

Os oficiais muçulmanos e croatas que serviram no Exército ex-iugoslavo com Mladic afirmaram que ele se transformou de comunista convicto e iugoslavo em um nacionalista sérvio.

Em 1991, quando a Iugoslávia acabou e começou a guerra da Eslovênia e depois na Croácia, o então coronel Mladic se tornou o comandante do Corpo de Knin (Croácia).

Mas sua verdadeira carreira militar, que o coloca sob os holofotes mundiais, começou em maio de 1992, quando foi nomeado comandante do Exército da República Sérvia (da Bósnia), proclamada no início de janeiro do mesmo ano.


Em Sarajevo suas palavras ordenando o ataque ficaram gravadas e servirão de provas diante do TPII: "Atirem em Velusice (subúrbio da cidade). Ali não há muitos sérvios".

Quando os representantes dos Estados Unidos e da Otan ameaçaram em 1994 bombardear as posições sérvias, Mladic respondeu: "Então eu bombardearei Londres!".

Karadzic, detido em julho de 2008, tentou destituir Mladic do cargo de chefe militar pouco antes do fim da guerra, mas tropeçou na resistência dos altos comandantes sérvio-bósnios.

O general foi destituído após a assinatura dos Acordos de Paz de Dayton, e desde 1996 estava foragido.

A promotoria do TPII sempre insistiu que Mladic estava na Sérvia, mas as autoridades locais negavam saber de seu paradeiro. Muitos garantiram que enquanto o ex-líder sérvio Slobodan Milosevic esteve no poder, até outubro de 2000, Mladic transitava normalmente pela Sérvia. Foi visto em restaurantes e inclusive em alguns jogos de futebol e outros locais públicos.

Em meados de 2005, os serviços secretos militares sérvios confirmaram que Mladic viveu até 2002 em sua casa no bairro de Banovo Brdo, em Belgrado, e que às vezes era visto em unidades do Exército.

No ano de 2002, no entanto, ele teve negado o pedido de permanência no país e desde então não foi mais visto.

As autoridades judiciais da Sérvia haviam iniciado em 2006 um processo judicial contra cinco civis e cinco militares aposentados que supostamente teriam ajudado Mladic a esconder-se.

Há ainda um processo judicial contra sua esposa por posse ilegal de armas. Na casa dela foram encontrados armamentos.

Mladic é casado com Bosa e tem um filho, Darko, quem em Belgrado foi registrado em várias ocasiões na busca de pistas que levassem a seu pai. Sua filha, Ana, suicidou-se durante a guerra civil bósnia.

Sua família iniciou em 2010 um processo judicial para declará-lo morto porque não era visto há anos.

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A captura de Mladic era, após a extradição de outro líder sérvio da Bósnia, Radovan Karadzic, a principal reivindicação da União Europeia (UE) para acelerar a aproximação com a Sérvia.

O Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII) acusa Mladic de crimes de guerra contra civis em Sarajevo, cometidos durante o ataque entre 1992 e 1995, no qual morreram mais de 10 mil pessoas, entre elas 1,5 mil crianças.

É acusado ainda de genocídio pelo massacre de 8 mil jovens muçulmanos em Srebrenica, em julho de 1995, depois que as tropas sérvio-bósnias tomassem essa região, então sob a exígua proteção dos soldados holandeses das forças de paz da ONU.

"Presenteamos a Srebrenica sérvia ao povo sérvio. Chegou o momento de vingar os 'turcos' (nome depreciativo para os muçulmanos bósnios)", disse Mladic em Srebrenica, em palavras registradas então pelos repórteres de rádio e televisão.

Militar de carreira, Mladic nasceu em 12 de março de 1943 no povoado de Bozinovici, perto de Kalinovik, no sudeste da Bósnia, e cresceu sem a presença do pai, um guerrilheiro e membro do Exército do comunista Josip Broz Tito, assassinado durante a Segunda Guerra Mundial nas mãos de nacionalistas croatas, aliados dos nazistas.

Em 1965, formou-se na Academia Militar de Zemun (perto de Belgrado) em primeiro lugar e foi designado, antes da desintegração da antiga federação iugoslava, à Macedônia, Kosovo e Croácia.

Os oficiais muçulmanos e croatas que serviram no Exército ex-iugoslavo com Mladic afirmaram que ele se transformou de comunista convicto e iugoslavo em um nacionalista sérvio.

Em 1991, quando a Iugoslávia acabou e começou a guerra da Eslovênia e depois na Croácia, o então coronel Mladic se tornou o comandante do Corpo de Knin (Croácia).

Mas sua verdadeira carreira militar, que o coloca sob os holofotes mundiais, começou em maio de 1992, quando foi nomeado comandante do Exército da República Sérvia (da Bósnia), proclamada no início de janeiro do mesmo ano.


Em Sarajevo suas palavras ordenando o ataque ficaram gravadas e servirão de provas diante do TPII: "Atirem em Velusice (subúrbio da cidade). Ali não há muitos sérvios".

Quando os representantes dos Estados Unidos e da Otan ameaçaram em 1994 bombardear as posições sérvias, Mladic respondeu: "Então eu bombardearei Londres!".

Karadzic, detido em julho de 2008, tentou destituir Mladic do cargo de chefe militar pouco antes do fim da guerra, mas tropeçou na resistência dos altos comandantes sérvio-bósnios.

O general foi destituído após a assinatura dos Acordos de Paz de Dayton, e desde 1996 estava foragido.

A promotoria do TPII sempre insistiu que Mladic estava na Sérvia, mas as autoridades locais negavam saber de seu paradeiro. Muitos garantiram que enquanto o ex-líder sérvio Slobodan Milosevic esteve no poder, até outubro de 2000, Mladic transitava normalmente pela Sérvia. Foi visto em restaurantes e inclusive em alguns jogos de futebol e outros locais públicos.

Em meados de 2005, os serviços secretos militares sérvios confirmaram que Mladic viveu até 2002 em sua casa no bairro de Banovo Brdo, em Belgrado, e que às vezes era visto em unidades do Exército.

No ano de 2002, no entanto, ele teve negado o pedido de permanência no país e desde então não foi mais visto.

As autoridades judiciais da Sérvia haviam iniciado em 2006 um processo judicial contra cinco civis e cinco militares aposentados que supostamente teriam ajudado Mladic a esconder-se.

Há ainda um processo judicial contra sua esposa por posse ilegal de armas. Na casa dela foram encontrados armamentos.

Mladic é casado com Bosa e tem um filho, Darko, quem em Belgrado foi registrado em várias ocasiões na busca de pistas que levassem a seu pai. Sua filha, Ana, suicidou-se durante a guerra civil bósnia.

Sua família iniciou em 2010 um processo judicial para declará-lo morto porque não era visto há anos.

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