Rajoy pede "bom senso" para evitar medidas contra Catalunha
O chefe do governo da Espanha pediu que o presidente da região, Carles Puigdemont, pense no interesse geral
EFE
Publicado em 18 de outubro de 2017 às 10h04.
Madri - O chefe de governo da Espanha , Mariano Rajoy, pediu "bom senso" nesta quarta-feira ao presidente do Executivo da Catalunha , Carles Puigdemont, e que pense no interesse geral, já que termina amanhã o prazo para evitar a aplicação de medidas contra a administração regional para impedir a secessão.
Rajoy enviou esta mensagem a Puigdemont na sessão de controle do Executivo no Congresso, ao responder uma pergunta de um deputado independentista catalão.
A sessão do Congresso acontece na véspera do vencimento do prazo para que o presidente catalão esclareça sua posição acerca da declaração de independência da Catalunha. Caso isto não aconteça, o governo central em Madri recorrerá à Constituição para impedi-lo e restabelecer a legalidade na Catalunha.
No último dia 10, o presidente catalão assumiu no parlamento regional o resultado do referendo, considerado ilegal por Madri, em favor da independência, mas propôs suspender a declaração de secessão para iniciar um período de diálogo e enquadrou o governo espanhol a aceitar uma mediação.
Rajoy pediu hoje no Congresso ao deputado Jordi Xuclá, do PDeCAT (o partido de Puigdemont) que seus correligionários façam um esforço para convencer o presidente catalão para que não crie mais problemas do que já criou porque, "se não, vai obrigar o governo (central) a tomar decisões indesejadas".
Rajoy afirmou que a resposta que Puigdemont tem que dar é fácil, basta confirmar se declarou ou não a independência, e ressaltou que, se ele o fez, o governo central será obrigado, de acordo com a Constituição, a agir e, caso contrário, insistiu que ele poderá falar no Congresso.
"A única coisa que peço é que aja com bom senso, com equilíbrio, que priorize os interesses gerais de todos os cidadãos, do conjunto dos espanhóis e dos catalães", ressaltou o chefe de governo espanhol.
Rajoy criticou o fato de que esteja "fechado" na Catalunha o parlamento autônomo e que se passaram um mês e 12 dias sem que a oposição, "acontecendo o que está acontecendo ali", pudesse perguntar a Puigdemont porque não explica se declarou ou não a independência.
Jordi Xuclá, por sua vez, lamentou o fato de Rajoy não ter aceitado a proposta de diálogo oferecida por Puigdemont e que hoje existam "presos políticos" na Espanha, em referência aos presidentes das associações independentistas ANC e Ómnium Cultural, Jordi Sánchez e Jordi Cuixart, respectivamente, que estão detidos desde o dia 16 por ordem da juíza que os investiga por um suposto delito de "insurreição".
Na mesma sessão do Congresso, a vice-presidente do governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, anunciou que o Executivo consultará os socialistas do PSOE - o principal partido de oposição - e os liberais do Ciudadanos - a quarta maior bancada da Câmara - antes de aplicar medidas na Catalunha para contar com "ampla maioria".