Exame Logo

Quem é Alexis Tsipras, o jovem de esquerda que fala o que os gregos querem ouvir

Tsipras defende fim das medidas de austeridade e permanência na Zona do Euro mas não explica como chegar lá

O líder da esquerda radical grega (Syriza), Alexis Tsipras (Louisa Gouliamaki / AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2012 às 09h58.

São Paulo - Alexis Tsipras é líder do Syriza, partido de esquerda radical que foi o segundo mais votado nas eleições legislativas gregas que ocorreram há cerca de um mês. O jovem Tsipras, de 37 anos, é contrário às medidas de austeridade mas, ao mesmo tempo, defende a permanência do país na Zona do Euro – só falta explicar como conciliar as duas ideias

“O plano não é claro”, diz Elena Lazarou, professora de Professora de Relações internacionais da FGV. Para a professora, Tsipras tem uma agenda muito reativa e crítica do que já aconteceu, mas a proposta do que vai ser feito para oferecer uma alternativa aparece muito pouco.

“(Tsipras) saiu falando tudo que as pessoas querem ouvir, criticando muito os lideres europeus, botando muita culpa nos políticos gregos que já estavam no poder. E uma grande parte da população grega busca culpar alguém e ninguém sabe exatamente quem é o culpado”, opina Lazarou.

Nesse cenário, como o partido de Tsipras sempre ficou na periferia dos acontecimentos, ele conseguiu escapar da caça às bruxas, segundo a professora. Nesse momento, muitos gregos pensam em dar apoio a um partido que nunca esteve no poder. “Tem muito o discurso de que não pode ser pior. Mas analistas, economistas e alguns cientistas políticos dizem que é possível ser pior. Esse é o mais assustador da Grécia”, diz a professora.

Outras críticas a Tsipras questionam sua experiência em lidar com outros líderes europeus. “A percepção dele é de que é mais fácil mudar a opinião dos outros líderes do que de fato é”, diz Lazarou.

Em uma coletiva de imprensa, Tsipras referiu-se a Merkel como ‘Madame Merkel’ para refutar a sugestão dada por ela de que a Grécia deveria fazer um referendo para decidir se permanece no euro. “Merkel deve entender que ela é uma parceira em igualdade com outros em uma Zona do Euro, que não tem inquilinos nem donos. Ela não deveria se permitir comportar como se fossemos um protetorado”, disse ele, na coletiva.


Tsipras também trocou farpas com Christine Lagarde, a diretora gerente do FMI. Quando Lagarde afirmou que os gregos deveriam parar de tentar escapar dos impostos o tempo todo, Tsipras saiu em defesa do país. "Para sonegadores, ela deveria voltar-se ao Pasok (de centro-esquerda) e à Nova Democracia (de centro direito) e pedir para eles explicarem porque não tocaram no ‘dinheiro grande’ e estão perseguindo o trabalhador simples por dois anos”, disse Tsipras, na época.

Origem

Tsipras representa um partido que foi, durante muito tempo, tempo ligado a uma forte critica à forças tradicionais, ao neoliberalismo econômico e também muito ligado a gerência de manifestações, protestos e greves, segundo Lazarou. “Mas não é o equivalente a um partido trabalhador. Não é um partido de classe, é um partido de ideologia”, explica Lazarou.

Tsipras começou na política no final dos anos 80, na juventude comunista grega. O político integrou a coalisão Syriza no começo dos anos 2000. Até então, o engenheiro integrava o KKE, o partido comunista grego. Desde 2009 ele é deputado.

Após as eleições, no começo de maio, Tsipras recebeu o mandato para tentar formar um governo de coalisão da Grécia, após Antonis Samaras do Partido, da Nova Democracia, ter desistido da função. Tsipras também não conseguiu formar o governo. Uma nova eleição foi convocada para o dia 17 de junho.

Veja também

São Paulo - Alexis Tsipras é líder do Syriza, partido de esquerda radical que foi o segundo mais votado nas eleições legislativas gregas que ocorreram há cerca de um mês. O jovem Tsipras, de 37 anos, é contrário às medidas de austeridade mas, ao mesmo tempo, defende a permanência do país na Zona do Euro – só falta explicar como conciliar as duas ideias

“O plano não é claro”, diz Elena Lazarou, professora de Professora de Relações internacionais da FGV. Para a professora, Tsipras tem uma agenda muito reativa e crítica do que já aconteceu, mas a proposta do que vai ser feito para oferecer uma alternativa aparece muito pouco.

“(Tsipras) saiu falando tudo que as pessoas querem ouvir, criticando muito os lideres europeus, botando muita culpa nos políticos gregos que já estavam no poder. E uma grande parte da população grega busca culpar alguém e ninguém sabe exatamente quem é o culpado”, opina Lazarou.

Nesse cenário, como o partido de Tsipras sempre ficou na periferia dos acontecimentos, ele conseguiu escapar da caça às bruxas, segundo a professora. Nesse momento, muitos gregos pensam em dar apoio a um partido que nunca esteve no poder. “Tem muito o discurso de que não pode ser pior. Mas analistas, economistas e alguns cientistas políticos dizem que é possível ser pior. Esse é o mais assustador da Grécia”, diz a professora.

Outras críticas a Tsipras questionam sua experiência em lidar com outros líderes europeus. “A percepção dele é de que é mais fácil mudar a opinião dos outros líderes do que de fato é”, diz Lazarou.

Em uma coletiva de imprensa, Tsipras referiu-se a Merkel como ‘Madame Merkel’ para refutar a sugestão dada por ela de que a Grécia deveria fazer um referendo para decidir se permanece no euro. “Merkel deve entender que ela é uma parceira em igualdade com outros em uma Zona do Euro, que não tem inquilinos nem donos. Ela não deveria se permitir comportar como se fossemos um protetorado”, disse ele, na coletiva.


Tsipras também trocou farpas com Christine Lagarde, a diretora gerente do FMI. Quando Lagarde afirmou que os gregos deveriam parar de tentar escapar dos impostos o tempo todo, Tsipras saiu em defesa do país. "Para sonegadores, ela deveria voltar-se ao Pasok (de centro-esquerda) e à Nova Democracia (de centro direito) e pedir para eles explicarem porque não tocaram no ‘dinheiro grande’ e estão perseguindo o trabalhador simples por dois anos”, disse Tsipras, na época.

Origem

Tsipras representa um partido que foi, durante muito tempo, tempo ligado a uma forte critica à forças tradicionais, ao neoliberalismo econômico e também muito ligado a gerência de manifestações, protestos e greves, segundo Lazarou. “Mas não é o equivalente a um partido trabalhador. Não é um partido de classe, é um partido de ideologia”, explica Lazarou.

Tsipras começou na política no final dos anos 80, na juventude comunista grega. O político integrou a coalisão Syriza no começo dos anos 2000. Até então, o engenheiro integrava o KKE, o partido comunista grego. Desde 2009 ele é deputado.

Após as eleições, no começo de maio, Tsipras recebeu o mandato para tentar formar um governo de coalisão da Grécia, após Antonis Samaras do Partido, da Nova Democracia, ter desistido da função. Tsipras também não conseguiu formar o governo. Uma nova eleição foi convocada para o dia 17 de junho.

Acompanhe tudo sobre:Alexis TsiprasCâmbioCrise econômicaCrise gregaEuroEuropaGréciaMoedasPiigsSyrizaUnião Europeia

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mundo

Mais na Exame