Mundo

Putin promete visita à Coreia do Norte 'o mais breve possível'

Isolados por parte da comunidade internacional, Moscou e Pyongyang reforçam laços à margem das sanções

Putin: presidente russo deve visitar sua aliada Coreia do Norte 'em breve' (AFP/AFP)

Putin: presidente russo deve visitar sua aliada Coreia do Norte 'em breve' (AFP/AFP)

Publicado em 21 de janeiro de 2024 às 09h01.

Coreia do Norte anunciou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, deve visitar Pyongyang "em breve", à medida que os dois países aprofundam laços e procuram estabelecer uma "nova ordem internacional multipolar".

A agência de notícias estatal KCNA afirmou que Putin agradeceu ao ministro das Relações Exteriores norte-coreano, Choe Son-hui, pelo convite de Kim Jong-un para visitar o país, e que faria a viagem "o mais breve possível". Choe esteve na Rússia entre 15 e 17 de janeiro para reforçar a “cooperação estratégica e tática” entre as duas nações, segundo a mídia local.

A visita diplomática de Choe é uma continuidade da visita de Kim a bases militares russas em setembro, onde inspecionou armas, incluindo mísseis hipersônicos e bombardeiros supersônicos.

Moscou está empenhada em fortalecer relações com aliados hostis aos EUA enquanto prossegue a sua guerra na Ucrânia. Tanto Pyongyang como o Kremlin negaram as alegações dos EUA e da Coreia do Sul de que a Coreia do Norte estava fornecendo mísseis para a Rússia.

Moscou agradeceu à Coreia do Norte “por estender total apoio e solidariedade à posição do governo e do povo russo na operação militar especial na Ucrânia”, disse a KCNA, sem dar mais detalhes.

Coreia do Norte realiza novos testes

Ontem, a Coreia do Norte afirmou nesta sexta-feira, 19, que testou um drone de ataque submarino com capacidade nuclear, em resposta a um exercício naval combinado da Coreia do Sul, dos Estados Unidos e do Japão nesta semana, enquanto continua a culpar seus rivais por aumentar as tensões na região.

Os exercícios "ameaçavam seriamente a segurança" do Norte, por isso, em resposta, Pyongyang "fez um importante teste de seu sistema de armamento nuclear submarino Haeil-5-23", de acordo com um comunicado do Ministério da Defesa feito pela agência de notícias estatal KCNA.

No ano passado, o isolado país comunista já havia anunciado a realização de vários testes de um suposto drone submarino de ataque nuclear (uma versão diferente do Haeil) que poderia desencadear "um tsunami radioativo". À época, analistas duvidaram de que Pyongyang tivesse esse tipo de armamento.

Um porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Norte disse nesta sexta-feira que esses exercícios "constituem uma causa de maior desestabilização da situação regional e são um ato que ameaça seriamente a segurança", segundo a KCNA.

O porta-voz não revelou a data exata do teste, mas disse ter garantido que sua "postura de contra-ataque submarino baseada em armas nucleares está se aperfeiçoando ainda mais".

"Suas diferentes ações de resposta marítima e submarina continuarão dissuadindo as manobras militares hostis dos navios dos Estados Unidos e de seus aliados", acrescentou.

A situação na Península Coreana piorou nos últimos meses, com ambos os lados renunciando a um acordo fundamental para conter as tensões, o que aumenta sua segurança fronteiriça.

Na semana passada, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, declarou o vizinho do Sul como seu "principal inimigo" e dissolveu as agências governamentais dedicadas a promover a cooperação e a reunificação da península. Também ameaçou iniciar uma guerra, se Seul violar "nem que seja 0,001 milímetro" de seu território.

Guerra?

O novo anúncio do teste submarino "é um claro sinal da mobilização dos drones Haeil para usá-los em sua frota marítima", disse Hong Min, analista do Instituto Coreano para a Unificação Nacional, em Seul.

"O comunicado do Norte ilustra a posição de Pyongyang de que responderá proporcionalmente aos exercícios militares do Sul, do Japão e dos Estados Unidos", acrescentou.

Ainda assim, o Norte parece que tenta não "cruzar a linha para provocar um conflito armado".

Ahn Chan-il, um desertor norte-coreano que se tornou analista do Instituto Mundial de Estudos Norte-Coreanos, disse à AFP que era "difícil determinar as capacidades exatas" do suposto sistema de armas nucleares submarinas de Pyongyang.

"Considerando o nível científico em matéria de defesa da Coreia do Norte e o fato de a arma ainda esteja em fase de desenvolvimento, ainda não se encontra em uma etapa que represente uma ameaça significativa", afirmou.

Em sua habitual reunião política no final do ano, Kim ameaçou um ataque nuclear contra o Sul e pediu o reforço do arsenal militar de seu país ante uma guerra que pode "estourar a qualquer momento".

No domingo, a Coreia do Norte disparou um míssil hipersônico de combustível sólido e dias antes de realizar exercícios de fogo real perto da tensa fronteira marítima com o Sul.

Em resposta, Seul ordenou manobras de seu Exército e evacuou algumas ilhas perto da fronteira. No final do ano anterior, Kim conseguiu pôr em órbita o primeiro satélite espião do país, para o qual, segundo Seul, recebeu ajuda da Rússia em troca do fornecimento de armas para Moscou para a guerra na Ucrânia.

Acompanhe tudo sobre:Coreia do NorteRússiaVladimir Putin

Mais de Mundo

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo

Com queda de Assad na Síria, Turquia e Israel redefinem jogo de poder no Oriente Médio

MH370: o que se sabe sobre avião desaparecido há 10 anos; Malásia decidiu retomar buscas

Papa celebrará Angelus online e não da janela do Palácio Apostólico por resfriado