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Putin diz que confiança entre Rússia e EUA piorou com Trump

Qualquer esperança russa de que o governo Trump buscaria menos confrontos foi afastada na semana passada, após o ataque americana à base síria

Putin: "Pode-se dizer que o nível de confiança em nível operacional, especialmente no nível militar, não melhorou, mas ao invés disto deteriorou", disse Putin (Sergei Chirikov/Pool/Reuters)
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Reuters

Publicado em 12 de abril de 2017 às 22h18.

Moscou - O presidente russo, Vladimir Putin , disse nesta quarta-feira que a confiança entre EUA e Rússia piorou sob o governo do presidente Donald Trump , e Moscou demonstrou uma recepção hostil incomum ao secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, em diálogos diretos sobre a Síria.

Qualquer esperança russa de que o governo Trump buscaria menos confrontos foi afastada na semana passada, após o novo líder norte-americano ordenar o disparo de mísseis contra a Síria para punir o aliado de Moscou por um possível uso de gás venenoso.

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Tillerson se encontrou com Putin no Kremlin após conversar com o chanceler russo, Sergei Lavrov, por cerca de três horas. O Kremlin havia previamente se negado a confirmar se Putin iria se encontrar com Tillerson, refletindo tensões sobre o ataque norte-americano na Síria.

Enquanto Tillerson sentava-se para conversas com Lavrov anteriormente nesta quarta-feira, uma autoridade sênior russa criticou a "primitividade e agressividade" da retórica norte-americana, parte de uma série de afirmações que aparenta tentar maximizar a estranheza durante a primeira visita de um membro do gabinete de Trump.

"Pode-se dizer que o nível de confiança em nível operacional, especialmente no nível militar, não melhorou, mas ao invés disto deteriorou", disse Putin durante entrevista transmitida na TV russa.

Ele intensificou o apoio russo ao presidente sírio, Bashar al-Assad, repetindo negações de que o governo de Assad seria culpado pelo ataque a gás na semana passada e acrescentando uma nova teoria de que o ataque pode ter sido fingido por inimigos do líder sírio.

Tillerson reiterou a posição norte-americana de que Assad deve ser retirado do poder na Síria, mas aparentou assumir um tom mais leve com a Rússia.

"Discutimos nosso ponto de vista de que a Rússia, como aliada mais próxima no conflito, talvez tenha os melhores meios de ajudar Assad a reconhecer esta realidade", disse.

Lavrov cumprimentou Tillerson com comentários frios pouco comuns, denunciando o ataque com mísseis na Síria como ilegal e acusando Washington de se comportar de forma imprevisível.

Um dos vices de Lavrov foi ainda menos diplomático.

"No geral, primitividade e agressividade são muito característicos da atual retórica vinda de Washington", disse o vice-chanceler Sergei Ryabkov à agência de notícias estatal russa RIA.

Mas Lavrov disse no encontro que algum progresso tem sido feito na Síria e que um grupo de trabalho foi criado para examinar a situação ruim dos laços entre EUA e Rússia.

Ele também disse que Putin concordou em reativar um acordo de segurança aérea entre EUA e Rússia sobre a Síria, o qual Moscou suspendeu após os ataques norte-americanos.

Tillerson destacou o baixo nível de confiança entre os dois países.

"As duas principais potências nucleares do mundo não podem ter este tipo de relação", disse.

A hostilidade de Moscou a membros do governo Trump é uma mudança drástica em relação ao ano passado, quando Putin saudou Trump como uma figura forte e a TV estatal russa estava consistentemente cheia de elogios a ele.

A Casa Branca tem acusado Moscou de tentar encobrir o uso dearmas químicas por parte de Assad após o ataque contra uma cidade matar 87 pessoas na semana passada.

Trump respondeu ao ataque a gás lançando 59 mísseis de cruzeiro contra uma base aérea síria na sexta-feira. Washington alertou Moscou e tropas russas na base não foram atingidas.

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