O presidente russo, Vladimir Putin: ele alertou que se Damasco e Bagdá cairem nas mãos do grupo jihadista Estado Islâmico, seria um trampolim para sua "expansão mundial" (Maxim Zmeyev/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de outubro de 2015 às 13h56.
Moscou - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira que a campanha antiterrorista dos Estados Unidos na Síria não teve efeito algum porque Washington praticou um "jogo duplo".
"Por que não foi eficaz? Sempre é difícil levar um jogo duplo. Declarar guerra aos terroristas e, ao mesmo tempo, utilizá-los para seus próprios interesses", afirmou Putin em discurso no clube de debate "Valdai" em Sochi.
Putin ressaltou que "não haverá sucesso contra o terrorismo se ele for utilizado como marionete para derrubar regimes questionados" e qualificou de "ilusão" pensar que os terroristas podem ser controlados.
Ele alertou que se Damasco e Bagdá cairem nas mãos do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), seria um trampolim para sua "expansão mundial".
"O EI conquistou grandes territórios. Como o alcançaram? Pensem que, caso tomem Damasco ou Bagdá, os grupos terroristas poderiam receber praticamente o status de poder oficial. Alguém pensou nisso?", assinalou.
Putin também se mostrou contrário a dividir aos terroristas "em moderados e não moderados", já que todos atuam por dinheiro e não têm ideologia, e ressaltou que a ingerência exterior "foi a faísca que conduziu a atual explosão, a destruição dos Estados e a explosão do terrorismo".
Ele ressaltou que "o único objetivo" da atual campanha de bombardeios aéreos russos na Síria "é permitir a instauração da paz".
"Evidentemente, a vitória militar sobre os guerrilheiros não solucionará todos os problemas por si só, mas deve criar as condições para o essencial: o início de um processo político com participação das forças patrióticas da sociedade síria", afirmou.
Por sua vez, acusou abertamente os EUA de enganar todo o mundo ao argumentar que o objetivo de seu escudo antimísseis na Europa era a ameaça que o programa nuclear iraniano representava.
"Falando em em resumo, nos enganaram. Não se trata de uma hipotética ameaça do programa nuclear iraniano, que nunca existiu. Trata-se de tentar destruir o equilíbrio estratégico", disse.