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Psiquiatras dos EUA estão preocupados com crise de remédios

Psiquiatras nos EUA veem com preocupação a queda dos investimentos dos laboratórios para o desenvolvimento de novos medicamentos para tratar doenças mentais

Comprimidos: redução dos investimentos ocorreu depois de uma série de fracassos de testes clínicos (Philippe Huguen/AFP/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2013 às 18h30.

Washington - Psiquiatras nos Estados Unidos veem com preocupação a queda dos investimentos na maioria dos laboratórios para o desenvolvimento de novos medicamentos para tratar doenças mentais , que afetam 25% da população.

"Parece que as companhias farmacêuticas concluíram que o desenvolvimento de novos tratamentos psiquiátricos é arriscado e caro demais", disse à AFP Richard Friedman, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina Weill Cornell em Nova York.

Esta redução dos investimentos ocorreu depois de uma série de fracassos de testes clínicos com antidepressivos e antipsicóticos, destacou.

Esta situação ficou conhecida na conferência da Sociedade Americana de Farmacologia Clínica e Terapêutica (ASCPT, na sigla em inglês) em 2011: só 13 das 300 apresentações se concentraram em psicofármacos e nenhuma informou uma nova medicação, disse Friedman.

"O resultado é que há muito poucos remédios novos em desenvolvimento" e que todos os antidepressivos e antipsicóticos atualmente no mercado se dirigem às mesmas estruturas moleculares que seus protótipos nos anos 1950.

Os laboratórios preferem investir em câncer, doenças cardiovasculares e diabetes, cujos objetivos biológicos para os tratamentos estão bem definidos e são mais fáceis de estudar do que os transtornos mentais, disse Friedman, destacando que "é necessário um bilhão de dólares para desenvolver um novo fármaco".

"O cérebro é extremamente complexo e as doenças mentais ocorrem tanto por transtornos neuroquímicos e de circuitos nervosos, quanto por interações complexas de genes e sistemas ambientais", explicou Paul Summergrad, diretor do departamento de Psiquiatria da Universidade Tufts em Boston e presidente da Associação Americana de Psiquiatria (APA, na sigla em inglês).

"Por isso é mais difícil estudar estas doenças, cientificamente falando", contou à AFP.

Summergrad destacou o desenvolvimento nos últimos 20 anos de novas ferramentas de pesquisa como a optogenética - técnica que torna os neurônios sensíveis à luz -, a genômica e as células-tronco, que aportam uma nova visão sobre as funções fisiológicas destas patologias.

Apesar disto, "penso que as doenças mentais continuam sendo um desafio para a indústria farmacêutica e esta é uma das razões pelas quais se deixou de lado a pesquisa" na área, acrescentou.


Summergrad destacou os custos elevados dos cuidados médicos que, segundo ele, são calculados em centenas de bilhões de dólares, e considerou "muito preocupante que muitos grandes laboratórios se retirem deste campo de pesquisas porque outras patologias são potencialmente mais rentáveis e menos arriscadas".

O psiquiatra também destacou a redução dos recursos outorgados aos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, essenciais para a pesquisa básica.

Só Merck, um dos cinco grandes laboratórios, respondeu no último fim de semana a uma consulta da AFP sobre seus investimentos em pesquisa psiquiátrica.

"Como fazemos muito pouca (pesquisa) nesta área, nos absteremos de fazer comentários", escreveu em um e-mail um porta-voz do grupo americano, ao mesmo tempo em que afirmou que "Merck se concentrou no mal de Alzheimer".

Além de Merck, a AFP consultou os laboratórios Pfizer e Bristol-Myers Squibb, o francês Sanofi e o britânico GlaxoSmithKline.

Para Liza Gold, professora de psiquiatria clínica da Universidade de Georgetown, em Washington, "a inexistência de novos medicamentos é um problema médico real quando os tratamentos mais antigos não são mais eficazes" ou seus efeitos colaterais são importantes em alguns pacientes.

"É difícil explicar para um paciente que não temos nada mais para oferecer a ele", disse à AFP.

Estes psiquiatras baseiam suas expectativas no projeto de pesquisas iniciado em 2013 pelo presidente Barack Obama para desvendar os mistérios do cérebro que, como afirmou Friedman, "é uma grande promessa para a compreensão dos mecanismos básicos das doenças, mas também do que é normal".

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"Parece que as companhias farmacêuticas concluíram que o desenvolvimento de novos tratamentos psiquiátricos é arriscado e caro demais", disse à AFP Richard Friedman, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina Weill Cornell em Nova York.

Esta redução dos investimentos ocorreu depois de uma série de fracassos de testes clínicos com antidepressivos e antipsicóticos, destacou.

Esta situação ficou conhecida na conferência da Sociedade Americana de Farmacologia Clínica e Terapêutica (ASCPT, na sigla em inglês) em 2011: só 13 das 300 apresentações se concentraram em psicofármacos e nenhuma informou uma nova medicação, disse Friedman.

"O resultado é que há muito poucos remédios novos em desenvolvimento" e que todos os antidepressivos e antipsicóticos atualmente no mercado se dirigem às mesmas estruturas moleculares que seus protótipos nos anos 1950.

Os laboratórios preferem investir em câncer, doenças cardiovasculares e diabetes, cujos objetivos biológicos para os tratamentos estão bem definidos e são mais fáceis de estudar do que os transtornos mentais, disse Friedman, destacando que "é necessário um bilhão de dólares para desenvolver um novo fármaco".

"O cérebro é extremamente complexo e as doenças mentais ocorrem tanto por transtornos neuroquímicos e de circuitos nervosos, quanto por interações complexas de genes e sistemas ambientais", explicou Paul Summergrad, diretor do departamento de Psiquiatria da Universidade Tufts em Boston e presidente da Associação Americana de Psiquiatria (APA, na sigla em inglês).

"Por isso é mais difícil estudar estas doenças, cientificamente falando", contou à AFP.

Summergrad destacou o desenvolvimento nos últimos 20 anos de novas ferramentas de pesquisa como a optogenética - técnica que torna os neurônios sensíveis à luz -, a genômica e as células-tronco, que aportam uma nova visão sobre as funções fisiológicas destas patologias.

Apesar disto, "penso que as doenças mentais continuam sendo um desafio para a indústria farmacêutica e esta é uma das razões pelas quais se deixou de lado a pesquisa" na área, acrescentou.


Summergrad destacou os custos elevados dos cuidados médicos que, segundo ele, são calculados em centenas de bilhões de dólares, e considerou "muito preocupante que muitos grandes laboratórios se retirem deste campo de pesquisas porque outras patologias são potencialmente mais rentáveis e menos arriscadas".

O psiquiatra também destacou a redução dos recursos outorgados aos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, essenciais para a pesquisa básica.

Só Merck, um dos cinco grandes laboratórios, respondeu no último fim de semana a uma consulta da AFP sobre seus investimentos em pesquisa psiquiátrica.

"Como fazemos muito pouca (pesquisa) nesta área, nos absteremos de fazer comentários", escreveu em um e-mail um porta-voz do grupo americano, ao mesmo tempo em que afirmou que "Merck se concentrou no mal de Alzheimer".

Além de Merck, a AFP consultou os laboratórios Pfizer e Bristol-Myers Squibb, o francês Sanofi e o britânico GlaxoSmithKline.

Para Liza Gold, professora de psiquiatria clínica da Universidade de Georgetown, em Washington, "a inexistência de novos medicamentos é um problema médico real quando os tratamentos mais antigos não são mais eficazes" ou seus efeitos colaterais são importantes em alguns pacientes.

"É difícil explicar para um paciente que não temos nada mais para oferecer a ele", disse à AFP.

Estes psiquiatras baseiam suas expectativas no projeto de pesquisas iniciado em 2013 pelo presidente Barack Obama para desvendar os mistérios do cérebro que, como afirmou Friedman, "é uma grande promessa para a compreensão dos mecanismos básicos das doenças, mas também do que é normal".

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