Mundo

Protesto na Venezuela contra Constituinte tem confrontos

Jovens que comandavam o protesto atearam fogo e lançaram pedras contra as forças de segurança, que dispararam gás lacrimogêneo

Protesto em Caracas: pelo menos 33 pessoas morreram e centenas foram feridas e detidas desde que os distúrbios anti-Maduro começaram, no início de abril (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Protesto em Caracas: pelo menos 33 pessoas morreram e centenas foram feridas e detidas desde que os distúrbios anti-Maduro começaram, no início de abril (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 3 de maio de 2017 às 17h10.

Caracas - Apoiadores da oposição da Venezuela ocuparam a principal via pública de Caracas nesta quarta-feira para protestar depois que o presidente de esquerda Nicolás Maduro convocou uma assembleia extraordinária, o que veem como uma manobra para evitar eleições livres e permanecer no poder.

Jovens que comandavam o protesto atearam fogo e lançaram pedras contra as forças de segurança, que dispararam gás lacrimogêneo para interromper a mais recente manifestação contra Maduro.

Milhares de partidários da oposição se reuniram pacificamente por várias horas antes de serem bloqueados, provocando confrontos entre jovens mascarados e tropas da Guarda Nacional.

Pelo menos 33 pessoas morreram e centenas foram feridas e detidas desde que os distúrbios anti-Maduro começaram, no início de abril.

Capitalizando um mês de manifestações amplas e contínuas, líderes opositores prometeram mais ações nas ruas desde o anúncio de Maduro, feito na segunda-feira, de que estava criando uma Assembleia Constituinte com poderes para reescrever a constituição.

O governo diz que a violência relacionada aos protestos e a indisposição da oposição para conversar deixou Maduro sem opção além de reformular o aparato governamental do país.

"Com esta Assembleia Constituinte, a situação fica pior do que nunca", disse Miren Bilbao, de 66 anos, no meio da rodovia Francisco Fajardo com um grupo de amigos e parentes.

"É uma ferramenta para evitar eleições livres. Estamos protestando há 18 anos, mas esta é nossa cartada final. É tudo ou nada."

Milhares percorreram a rodovia, que atravessa o principal vale de Caracas. Mulheres vestidas de branco acenavam com bandeiras venezuelanas e dezenas de jovens mascarados se reuniram na dianteira da marcha.

A oposição quer adiantar a eleição presidencial de 2018 em meio a uma crise econômica devastadora, e diz que o pronunciamento de Maduro é um estratagema cínico para levar os cidadãos a pensarem que ele fez concessões, quando na verdade tenta manipular o sistema para evitar eleições que o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) provavelmente perderia.

A medida do presidente foi condenada pelos Estados Unidos e por alguns países latino-americanos, inclusive o Brasil, que a classificou como um "golpe".

Durante um encontro com autoridades eleitorais nesta quarta-feira, Maduro disse que a votação que irá compor a nova assembleia acontecerá nas próximas semanas.

Ele já disse que 500 de seus membros serão eleitos por grupos sociais, incluindo trabalhadores, indígenas e agricultores, e também nos municípios.

"O novo processo constituinte começando hoje irá consolidar a República e trazer à nação a paz que ela merece", disse Maduro.

Acompanhe tudo sobre:Nicolás MaduroProtestos no mundoVenezuela

Mais de Mundo

Legisladores democratas aumentam pressão para que Biden desista da reeleição

Entenda como seria o processo para substituir Joe Biden como candidato democrata

Chefe de campanha admite que Biden perdeu apoio, mas que continuará na disputa eleitoral

Biden anuncia que retomará seus eventos de campanha na próxima semana

Mais na Exame