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Protestantes anti-Trump acampam em sedes da polícia migratória dos EUA

Há protestos em Los Angeles, Detroit, Portland, Nova York e Tacoma e está prevista para este sábado uma manifestação contra a atual política migratória

Protestos: política de "tolerância zero" impulsionada pelo governo que levou à separação de famílias é criticada por manifestantes (Brendan McDermid/Reuters)
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AFP

Publicado em 29 de junho de 2018 às 18h23.

Barracas de camping enfileiradas na calçada em frente à sede da polícia migratória, ICE, em Los Angeles: este é um dos acampamentos instalados nos Estados Unidos para exigir do presidente Donald Trump uma mudança em sua política contra os imigrantes em situação irregular.

O protesto reúne entre 20 e 50 pessoas e se une a outro em Portland, 1.500 km ao norte, onde nesta quinta-feira foram detidos oito manifestantes em um confronto com a polícia.

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Em Nova York, Detroit e Tacoma (no estado de Washington) também há acampamentos do "Occupy ICE". Está prevista para este sábado uma manifestação contra a atual política migratória.

O acampamento em Los Angeles fica na lateral do edifício do Serviço de Imigração e Controle Alfandegário (ICE em inglês) e de uma prisão federal em pleno centro de Los Angeles.

Passa um pouco desapercebido entre as outras muitas tendas de campanha ocupadas por indigentes nesta cidade com uma epidemia de falta de moradias.

A diferença está nos cartazes coloridos colocados junto às barracas: "#AbolirICE", "Parem de destruir famílias", "Devolvam as crianças a seus familiares".

Os textos se referem à política de "tolerância zero" impulsionada pelo governo, que levou à separação de mais de 2.000 crianças de seus pais para que esses possam ser processados por entrarem de forma irregular nos Estados Unidos .

Imagens de crianças em jaulas e áudios com o choro delas geraram indignação nacional e internacional e forçaram o presidente a reverter parcialmente o decreto migratório.

"Isso vem acontecendo há muito tempo, mas agora está pior. O que precisamos fazer é agir e pará-lo", disse à AFP Meghan Choi, uma das organizadoras.

Muitos dos que se somaram a essas concentrações participaram em movimentos como "Ocupa Wall Street" contra o sistema financeiro e a corrupção política, ou o "Ocupa Sandy", após a passagem do furacão que atingiu Nova York.

"'Occupy ICE' é uma continuação direta desses movimentos (...) por direitos civis mais amplos", indicou Bjorn Larsen (40), um dos manifestantes. "É um terceiro capítulo".

Poucos são os que acreditam que Trump cederá. Ele chegou ao poder com a promessa de deportar milhões a reforçar a fronteira com México com um muro.

"A pressão pública funciona de uma ou de outra maneira", afirmou a ativista Beatriz Gutiérrez, citando como exemplo o decreto que proíbe separar famílias. "Quanto mais as pessoas vierem, falarem do tema e pressionarem nossos políticos, mais rápido veremos uma mudança".

"Renunciem a seus trabalhos!"

O acampamento em Portland chegou a reunir 300 pessoas. Na madrugada de quinta-feira, agentes federais retiraram obstáculos que impediam o acesso à sede de ICE nessa cidade, onde duas pessoas foram presas.

"A liberdade de expressão e a manifestação pacífica são direitos sagrados (...) e estamos comprometidos em protegê-los. No entanto, quando se viola a lei, bloqueando a entrada de funcionários e do público em um (prédio de) ente federal, a força pública precisa responder", afirmou Billy J. Williams, procurador federal do Oregon.

Entre os detidos havia manifestantes presos à sede do ICE, onde o acampamento permanece fora dos limites da propriedade.

"Ficarei até nossas reivindicações serem cumpridas", disse 'J', de 22 anos, de Portland, através de um serviço de mensagem criptografa.

"Trump será obrigado a voltar atrás. Esta é uma batalha entre muitas, e vamos ganhar. Cada vez mais políticos se unem ao chamado para abolir o ICE. Um chefe reacionário não tem poder sobre a ação do coletivo".

Em frente à sede do ICE na capital americana, um pequeno grupo fez bastante barulho na quarta-feira.

"Vocês têm filhos? Não fariam qualquer coisa para protegê-los?", repetia com ummegafone Haydi Torres (20), citada pelo jornal The Washington Post. "Renunciem a seus trabalhos!", pedia.

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