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Promotores concluem que líder bósnio comandou genocídio

Karadzic enfrenta acusações de genocídio de mais de 8 mil muçulmanos, homens e crianças, o pior massacre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial

Radovan Karadzic: promotores estão buscando a pena máxima, de prisão perpétua, contra o político (Michael Kooren/AFP)
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Da Redação

Publicado em 29 de setembro de 2014 às 10h12.

Haia - Promotores de Haia para crimes de guerra que concluíram o caso contra o líder bósnio sérvio Radovan Karadzic nesta segunda-feira, disseram que ele foi uma “força motriz” que comandou firmemente uma campanha genocida para livrar a Bósnia da população não-sérvia.

Promotores estão buscando a pena máxima, de prisão perpétua contra Karadzic, um político de destaque durante a guerra bósnia, de 1992 a 1995, que deixou mais de 100 mil mortos.

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Concluindo quatro anos de audiências, o promotor Alan Tieger disse aos juízes do Tribunal Penal Internacional para a Ex-Iugoslávia que Karadzic havia demonstrado abertamente, à época, suas intenções de eliminar a população não-sérvia.

“Após centenas de testemunhas, 80 mil páginas de transcrições e 10 mil provas materiais, a política de limpeza étnica está finalmente exposta. E Karadzic foi sua força motriz”, disse Tieger.

Karadzic enfrenta acusações de genocídio de mais de 8 mil muçulmanos, homens e crianças, de Srebrenica, o pior massacre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, quando forças sérvias abateram prisioneiros após levá-los de caminhão para os locais da matança.

Ele também é responsável pelo cerco de 43 meses à capital da Bósnia, Sarajevo, no qual mais de 5 mil civis morreram. “(Houve) milhares de mortos, centenas de cidades destruídas, populações deslocadas à força”, disse Tieger ao tribunal.

Ele disse que Karadzic, agora com 69 anos, recorreu à violência e ao terror para causar uma cisão étnica na Bósnia, país de população multiétnica, poucos dias após o país declarar independência da Iugoslávia.

Tiger usa como exemplo três pessoas por cujas mortes Karadzic é considerado responsável - um pai morto no massacre de Srebrenica, uma mãe morta no bombardeio de Sarajevo em um mercado quando ela ia buscar leite, e um médico morto no notório campo de concentração de Omarska.

“Apesar de saberem que esperavam suas mortes, muitos dos homens tinham tanta sede que estavam gritando ‘dê-nos água e então nos mate’, e receberam ordens para saírem dos caminhões cinco de cada vez, deitar no chão e então foram executados”, disse Tieger, descrevendo um massacre. Karadzic, vestindo um terno cinza, olhava com atenção ao lado oposto do tribunal, à medida que os promotores apresentavam seus argumentos finais, com parentes de vítimas de crimes de guerra na galeria da corte.

“O promotor disse muitas coisas importantes, mas eu acredito que coisas piores aconteceram além do que ele disse à corte”, disse Munira Subasic, presidente do grupo de vítimas Mães de Srebrenica.

O tribunal já processou 112 civis desde que foi estabelecido pelo Conselho de Segurança da ONU em 1993 para punir os responsáveis por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

Karadzic é um dos suspeitos, que incluem o comandante militar bósnio sérvio Ratko Mladic, que ainda está sendo julgado. Apenas sete suspeitos receberam pena de prisão perpétua.

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