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Promotora venezuelana é presa após se recusar a processar protestos contrários a Maduro

Rosa Maria Mota, segundo procurador-geral Tarek William Saab, cometeu crime de 'atraso e omissão intencional de funções'

Demonstrators take part in a protest against Venezuelan President Nicolas Maduro's government in Puerto La Cruz, Anzoategui state, Venezuela on July 29, 2024, a day after the Venezuelan presidential election. Venezuela braced for new demonstrations July 30, after four people died and dozens were injured when the authorities broke up protests against President Nicolas Maduro's claim of victory in the country's hotly disputed weekend election. (Photo by Carlos Landaeta / AFP) (Carlos Landaeta/AFP)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 7 de agosto de 2024 às 20h32.

Uma promotora do estado venezuelano de Apure foi presa nesta quarta-feira pelo Ministério Público. Rosa Maria Mota, segundo o procurador-geral Tarek William Saab, teria cometido o crime de "atraso e omissão intencional de funções" ao divulgar informações confidenciais, "permitindo a evasão de sujeitos investigados por atos de violência, vandalismo e desestabilização" — referência aos protestos que varreram ao país, contrários ao resultado das eleições do último dia 28.

Este é o segundo caso de um promotor detido por não processar casos relacionados às manifestações. No último sábado, Saab também informado sobre a captura e acusação de Maglen Marin Rodríguez, que trabalhava como promotora temporária em Anzoátegui. A mulher também foi acusada de "atraso e omissão intencional de funções" ao se omitir em processar quatro homens, que foram posteriormente processador por outra pessoa, informou o procurador-geral.

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No último balanço do Foro Penal divulgado nesta quarta-feira, ocorreram 1.152 prisões desde o dia 29, quando os protestos começaram a se intensificar. Desse total, 101 são adolescentes e cinco, indígenas. Por outro lado, o presidente Nicolás Maduro fala em pelo menos 2.229 detidos no país, a quem chama de "terroristas". Em um evento na terça-feira, Maduro disse que os detidos serão transferidos para as prisões de Tocorón e Tocuyito, que teriam sido equipadas, de acordo com o chavista, para deter a “todas as bandas da nova geração que estão envolvidas nas guarimbas (protestos violentos)."

Ativista presa

O Foro Penal denuncia detenções arbitrárias em massa. A mãe de uma ativista está desesperada atrás de respostas sobre o paradeiro da filha e o motivo de sua prisão. Edni López foi detida no aeroporto internacional de Maiquetía no último domingo enquanto se preparava para embarcar em um voo para fora do país. Segundo a mãe, Ninoska Barrios, ao jornal venezuelano Efecto Cocuyo, López "não estava ligada a nada político".

— Ela foi convidada por seus colegas de universidade. Ela iria viajar muito animada para reencontrar seus amigos. Por volta das 9h30 da manhã de domingo, perdemos contato com ela. A última coisa que ele nos contou foi que seu passaporte havia sido cancelado. A partir desse momento não tivemos mais notícias dela — disse a mulher após sair da sede da Defensoria Pública em Caracas, acompanhada por dois outros filhos.

López, informou o jornal, é professora da Universidade Central da Venezuela (UCV), onde teria se formado há alguns anos. Ela era defensora dos direitos humanos e foi detida horas após de um outro ativista, Yendri Velázquez, ter sido detido, também em Maiquetía. Segundo o Efecto Cocuyo, ele foi liberado cerca de seis horas depois. Barrios disse que recebeu a informação de que a filha estava em um centro de detenção, mas não sabe do que a filha é acusada.

Na terça-feira, uma colaboradora da líder opositora María Corina Machado foi presa horas após criticar uma campanha oficial que pede a denúncia de manifestantes envolvidos em bloqueios de ruas. A ação foi toda registrada em vídeo. María Oropeza criticava a "Operação Tun Tun", que disponibilizou uma linha telefônica para denunciar casos de "ódio" físico ou virtual em meio às medidas adotadas contra as mobilizações.

— Há casos em que as pessoas foram presas não enquanto estavam manifestando ou na rua, mas tarde da noite em suas casas, e aparentemente essas detenções são fruto de delações [...], geralmente em áreas muito humildes — explicoiu à AFP Gonzalo Himiob, vice-presidente do Foro Penal. — [É] a instauração do medo como ferramenta de controle social.

Manifestações na Venezuela após eleição de Maduro

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