Trump: “Na verdade não estou muito preocupado com Trump. O quadro de financiamento do clima é realmente mais diverso” (Brian Snyder / Reuters)
Luísa Granato
Publicado em 16 de novembro de 2016 às 21h06.
Londres - Os países industrializados estão estudando como manter o compromisso de fornecer US$ 100 bilhões por ano em ajuda relacionada ao clima mesmo se o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, cumprir a promessa de deixar de apoiar a luta contra o aquecimento global.
Políticos, investidores e observadores de quase 200 países, reunidos em Marrakech, no Marrocos, nesta quarta-feira, discutirão formas de captar dinheiro para projetos que limitem a poluição e de manter a luta internacional contra as mudanças climáticas em andamento.
Trump disse que cancelará o apoio dos EUA ao acordo de Paris, oficializado no ano passado em meio a um processo da Organização das Nações Unidas.
Os EUA são o mais rico dos grandes emissores de gases causadores do efeito estufa e prometeu mais de US$ 3 bilhões ao Fundo Verde das Nações Unidas para o Clima, pilar do esforço da ONU para ajudar países mais pobres a lidarem com as mudanças climáticas.
Com as promessas de campanha de Trump lançando dúvidas sobre compromissos anteriores dos EUA, os enviados a Marrakech buscarão injetar ânimo novo nas discussões.
“Minha visão pessoal sobre isso é que nós continuaremos cumprindo nossos compromissos”, disse Jonathan Pershing, enviado especial dos EUA para mudança climática, em Marrakech.
O “nós” é uma referência ao compromisso coletivo da comunidade internacional, esclareceu uma porta-voz da equipe de atendimento à imprensa dos EUA, por e-mail.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, discursará para os delegados em Marrakech às 15 horas desta quarta-feira.
Depois dele, Xie Zhenhua, da China, falará juntamente com representantes do Banco Mundial, do Fundo Verde da ONU para o Clima e do Grupo de Investidores Institucionais sobre Mudanças Climáticas, que representa fundos que gerenciam US$ 14 trilhões.
A lacuna no financiamento que pode ser criada pela decisão esperada de Trump pode ser menor do que pensam muitos americanos, disse Nicholas Stern, membro da Câmara dos Lordes do Reino Unido e ex-economista-chefe do Banco Mundial, que falará em Marrakech nesta quarta-feira.
“A contribuição governamental direta dos EUA para os US$ 100 bilhões nunca seria tão grande”, disse Stern, atualmente professor da London School of Economics, em entrevista.
“Não houve uma grande generosidade dos EUA em tudo isso.”
Mais de 50 chefes de Estado ou de governo se reunirão em Marrakech para buscar formas de aumentar o financiamento para o clima.
Estimativas apontam que serão necessários trilhões de dólares além da meta de US$ 100 bilhões para manter o aquecimento global abaixo de 2 graus Celsius, a meta estabelecida pela ONU.
A expectativa é que alguns países anunciem novas promessas e iniciativas, enquanto outros ressaltarão o trabalho que já está em andamento.
Os EUA contribuíram com cerca de 3 por cento, apenas, do programa de financiamento climático Fundo Global para o Meio Ambiente da ONU, disse seu presidente, Naoko Ishii, em entrevista.
“Na verdade não estou muito preocupado com Trump. O quadro de financiamento do clima é realmente mais diverso.”