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Apocalipse assombra os homens desde antiguidade

O temor de que o mundo vai acabar adquire características diferentes, segundo as civilizações e o nível de conhecimentos


	Turistas visitam a Pirâmide do Sol: os astecas consideravam que a cada 52 anos o Sol corria o risco de desaparecer e faziam sacrifícios humanos para garantir seu renascimento
 (Emmanuel Lattes/AFP)

Turistas visitam a Pirâmide do Sol: os astecas consideravam que a cada 52 anos o Sol corria o risco de desaparecer e faziam sacrifícios humanos para garantir seu renascimento (Emmanuel Lattes/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2012 às 15h34.

Paris - Dilúvios, tempestades de areia, abóboras famintas, fogos universais: o temor de que o mundo vai acabar está presente desde o começo da Humanidade, adquirindo características diferentes, segundo as civilizações e o nível de conhecimentos.

Confrontados a grandes ciclos naturais, os povos expressaram desde o começo dos tempos a angústia por uma catástrofe que acarretaria inverno ou noite eternos.

Mais recentemente, o temor do fim do mundo ressurgiu em forma de catástrofe ecológica, de "inverno nuclear" ou de asteroide gigante.

"Cada mundo parece provisório. Antes do monoteísmo, as civilizações temiam que estes ciclos naturais acabariam um dia. Muitos ritos estavam associados a este medo", explica à AFP o historiador Bernard Sergent, autor do livro "La fin du Monde" (O Fim do Mundo, em tradução literal).

Assim, "os astecas consideravam que a cada 52 anos o Sol corria o risco de desaparecer e faziam sacrifícios humanos para garantir seu renascimento", destaca este especialista em mitos, que evoca também narrativas sobre o fim do mundo na Mesopotâmia e na antiguidade greco-romana, entre outras civilizações.

O mito do dilúvio universal é um dos mais antigos, anterior ao da Arca de Noé do Antigo Testamento, destacou.

Já aparece, por exemplo, na epopeia da origem suméria "Gilgamesh", considerada a narrativa escrita mais antiga da História. Foi escrita em tábuas de argila, aproximadamente 13 séculos antes da nossa era.


Na África ocidental, o mito mais generalizado é o da abóbora gigante que devora aldeias e inclusive a humanidade inteira.

O mito do fogo universal existe na Grécia, na Escandinávia, na Índia e nas culturas pré-hispânicas. Os astecas evocavam quatro catástrofes sucessivas, causadas pela água e pelo fogo.

Com as religiões monoteístas, prosperaram os profetas do Apocalipse, uma palavra que vem do grego "revelação".

Na Bíblia, o Apocalipse segundo o apóstolo São João, também conhecido como o Livro das Revelações, descreve uma série de cataclismos e dramas cósmicos que destroem uma parte da Terra e os astros.

O Islã também tem narrativas de tempestades, invasões ou incêndios que põem fim ao mundo. Também existe o Dia do Juízo Final e da Ressurreição.

Na Idade Média, a chegada do ano mil provocou pânico de que o mundo fosse acabar em uma Europa arrasada pela peste e pela fome.

Em 1013, um eclipse solar provocou também temores apocalípticos, que ressurgiram com força no ano 2000.

"O que está em jogo nestes eventuais finais do mundo é a nossa responsabilidade frente aos deuses ou à natureza e os castigos desencadeados por ter desafiado uma ordem que nos supera", destaca Jean-Noel Lafargue, autor do livro "Les fins du monde de l'antiquité à nos jours" (Os fins do mundo, da antiguidade aos nossos dias, tradução literal).

"Antes, Deus punia os homens ou os recompensava. Hoje, não precisamos de deuses, as catástrofes causadas pelo homem bastam", disse.

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